Nem te conto… – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Tenho um segredo pra contar. Segue aí. Ou não.

Sempre passei a ideia de que sou analfabeto em termos digitais, aquele cara totalmente bronco, desprovido de recursos para manejar qualquer objeto eletrônico. E tenho convencido bem as pessoas do meu entorno. Sou considerado o avô do homem de Neanderthal ou alguém da Idade Média. O simples fato de apertar o play já é uma tarefa complicada pra mim. Games? O máximo que consigo jogar é paciência spider. E só com um naipe!

Pois bem, o segredo que quero contar é que, na verdade, sou um hacker foda pra caralho! Um daqueles caras que podem fazer um avião explodir só manejando um dispositivo tão avançado e tão pequeno que escondo embaixo da unha do meu dedo mindinho.

Ninguém pode saber disso. Vão achar que sou um infiltrado de alguma organização cyberterrorista, de uma milícia virtual, que passo o dia disparando fake News. Nada disso. Não sou esse tipo de hacker. Jamais usei ou usarei meus conhecimentos para o mal. Meu lance é só ser capaz de tal domínio sobre a tecnologia, pelo simples prazer de saber, movimentando um arsenal de gadgets apenas para o meu deleite, coisa que não interfere na vida de ninguém. Mesmo porque, como disse lá no início, isso é um segredo guardado a sete chaves, digo, sete senhas.

Promete não contar o meu segredo? O quê? Você tem uma proposta de trabalho irrecusável? Se eu posso, com o poder que tenho sobre informática, internet profunda, essas coisas, manipular resultados dos sorteios da loteria ou da corrida eleitoral? Claro que sim. Sou capaz de causar um terremoto em qualquer lugar do planeta ou entrar no sistema das bolsas de valores mundiais e fazer o maior estrago só colocando alguns algoritmos pra trabalhar. Mas prefiro mexer meus pauzinhos cibernéticos pra combater as queimadas na Amazônia, pra incentivar as pessoas a tomarem vacina e tal.

Mas pelo jeito, você aí que está trocando mensagens comigo, não entendeu nada. Eu sabia que não era uma boa ideia revelar esse segredo, portanto não o farei. Não insista, por favor. Não está mais aqui quem falou. Fui!

(Esta crônica não tem qualquer vínculo com a realidade e será deletada em 3… 2… 1!)

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