Palmas para Araras Azuis e Sabiás sisudos vestidos de luar – Texto poético de Luiz Jorge Ferreira

Minha mãe manhã dessas foi lavar louças
eram louças à beça
Todas sujas de repolho
Eu que tenho um olho encardido de suco de tomate e outro em que a pimenta arde…
Rasguei a tarde estendida no varal da roupa branca, com um alicate enferrujado, outro sim deixei um recado para a Yara sobre taras e sinas.
Corri até a esquina que era o lugar mais longe que eu podia ir sozinho…
E voltei seguindo os rastros do senhor que recolhia garrafas…

Chovia é minha mãe tinha dado as mãos para o Outono e ambos circulavam em volta de Outubro.
Eu retirei os chinelos e observei que meus pés não tocavam o chão…
E meus cabelos eram raízes aéreas brancas entrelaçadas com o Sol.
Pensei ser o reflexo da Estrela Dalva em um caco de prato caídos da mão de mamãe quando iniciou a dançar.
Sobre o muro a noite sonolenta piscava feliz.
Achei que eram dos Sabiás o canto espalhado pelos Maracujazeiros.
Por isso abri meus braços em direção às 18:00 que caiu do relógio dependurado em meu coração… e em um dia 19 de julho… adormecido em mim, eu nasci.

Luiz Jorge Ferreira

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