AS REFERENCIAS PERDIDAS
As referencias perdidas.
Quantas historias deixarão de serem contadas aos netos.
E os segredos entre avos e netos? quantos não serão mais compartilhados?
As experiencias de vida, das vidas que agora se vão, milhares delas, todos os dias, por todo o mundo.
Quantas historias não serão mais ouvidas?
Historias alegres e tristes
De guerras, de amores,
historias de vida, contadas por seus protagonistas
Historias de um cotidiano tão diverso do nosso, mas ao mesmo tempo tão nosso, quanto deles foram.
Historias de honras, de dignidades, de felicidades e dificuldades de outrora.
Dos bailes antigos, das charretes, dos bondinhos, dos croches, das profissões que já não mais existem, das telefonistas, das praças…
Os sábios conselhos e experiencias que tanto nos ajudam em nossas escolhas.
Estamos perdendo as caminhadas lentas com eles, nas praças e calçadões, que tanto nos ensinam a ter paciência.
Estamos perdendo os laços com o passado, que nos mostram de onde viemos e o quanto tem deles no nosso presente
Estamos perdendo eles…
Perdemos pais e avôs para as guerras, agora estamos perdendo mães e avós…
Sinto que estamos perdendo a linha do tempo… enquanto a linha do novelo de lã é esquecida na cadeira de balanço que permanece solitária.
teremos um mundo mais jovem e mais perdido, sem referências.
Não estamos perdendo idosos para o covid-19.
Estamos perdendo a sabedoria do mundo, estamos perdendo nossas mais preciosas referências, Estamos perdendo uma parte valiosa de nos.
Patricia Cattani
4 Comentários para "Poema de agora: AS REFERENCIAS PERDIDAS – Patricia Cattani"
Belo texto, mas não estou surpreso,
De Patricia se pode esperar textos de puro sarcasmo, ironia e ate humor negro, ou de uma sensibilidade que nos toca a alma.
Impossível não pensar no meu povo italiano que estão indo embora aos montes…
Impossível não lembrar das historias de minha mãe Ana e toda a sua doçura, ou de meu pai Italo, fugitivo de um campo de concentração na Alemanhã.
E o que dizer de minha avo Caterina, que havia passado por duas guerras mundiais, com quem aprendi a fazer sopa de urtiga e a coletar funghi nos bosques, e a ouvir as historias do tempo das guerras e como ela enterrava a comida da família para que soldados não levasse via.
Ela é talentosa mesmo, chef. E esses seus relatos renderiam uma bela crônica. Abraços!
Poema sobre a memória muito bem construído. Se perdemos, também esquecemos e nos silenciamos. Parabéns, poeta pela verdade fita com arte.
Uma prece…enaltecendo o valor de saber de Ontem.
Vivendo o hoje.
Aguardando o amanhã.
Gostei demais.