Poema de agora: CARTA ABERTA DE CIDADÃ – Patrícia Cattani

CARTA ABERTA DE CIDADÃ

Carta aberta ao vento
ao vento e ao relento
pregada na porta
com cola de roca
na porta da igreja
para que a veja
quem quer que seja.

Carta aberta, escrita a mão
mas não papel de pão
Tão pouco papel timbrado
Sim, folhas de caderno espirado
rasgadas sem nenhum cuidado

Carta polêmica,
tomou a cena
Questionada, denunciada
Repudiada e amada
Carta maldita, carta bem quista
virou manchete e noticia

Carta aberta de cidadã autora
Mais chamada de doutora
que só lhe restou o quanto é pública
do mais alto grau da magistratura
lhe rendendo ouvidos á altura

Se errada ou certa, verdades ou mentiras
para julgá-la já tem demais especialistas
Não me meto nessa briga
que mais parece politica

Amante de cartas desde de gitinha
ainda guardo tantas numa caixinha
Mas quanto á carta não esquecida
tenho cá minhas cismas

Enquanto discutem o conteúdo da tal
me pergunto porque folhas de caderno espiral
por quanto se preze a cidadã, carta escrita a mão
tem que ter o seu valor, nem precisa ser de cor

Mas que seja papel de carta
pode até ser sem pauta.
Três partes de dobradura
Dispensa-se até cercadura

nem convêm tinta cheirosa
com aromas de botões de rosa
já que nada de amor foi dito
nem sorrisos nem suspiro

Já que estamos na onda da liberdade
ainda que sem responsabilidade
deixo aqui meu pensamento
quanto a carta do momento

Se o conteúdo
é pra muitos, petulante
Quanto a forma, eu mesmo digo
um tanto quanto DESELEGANTE.

Patrícia Cattani

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