CARTA ABERTA DE CIDADÃ
Carta aberta ao vento
ao vento e ao relento
pregada na porta
com cola de roca
na porta da igreja
para que a veja
quem quer que seja.
Carta aberta, escrita a mão
mas não papel de pão
Tão pouco papel timbrado
Sim, folhas de caderno espirado
rasgadas sem nenhum cuidado
Carta polêmica,
tomou a cena
Questionada, denunciada
Repudiada e amada
Carta maldita, carta bem quista
virou manchete e noticia
Carta aberta de cidadã autora
Mais chamada de doutora
que só lhe restou o quanto é pública
do mais alto grau da magistratura
lhe rendendo ouvidos á altura
Se errada ou certa, verdades ou mentiras
para julgá-la já tem demais especialistas
Não me meto nessa briga
que mais parece politica
Amante de cartas desde de gitinha
ainda guardo tantas numa caixinha
Mas quanto á carta não esquecida
tenho cá minhas cismas
Enquanto discutem o conteúdo da tal
me pergunto porque folhas de caderno espiral
por quanto se preze a cidadã, carta escrita a mão
tem que ter o seu valor, nem precisa ser de cor
Mas que seja papel de carta
pode até ser sem pauta.
Três partes de dobradura
Dispensa-se até cercadura
nem convêm tinta cheirosa
com aromas de botões de rosa
já que nada de amor foi dito
nem sorrisos nem suspiro
Já que estamos na onda da liberdade
ainda que sem responsabilidade
deixo aqui meu pensamento
quanto a carta do momento
Se o conteúdo
é pra muitos, petulante
Quanto a forma, eu mesmo digo
um tanto quanto DESELEGANTE.
Patrícia Cattani