Poema de agora: Khalor – Luiz Jorge Ferreira

Khalor

– Estamos sob um calor de derreter palito de picolé.
Olhei para o Curió vibrando as duas asas antogônicas ao raio de sol que se espreguiça deitado na gaiola, como se beija-flor fosse.


Que bom ! Respondi…adoro pisar nas poças d’água.
Chafurdando feito um cão sem dono…
Não amo noites sem lua,deserto sem areia, sereia sem cauda, e pólens sem abelhas.

Amo pisar nas poças d’água.
Chafurdar água para o Pólo Sul, e para o Pólo Norte, e tudo cair no Equador.
Sobre a rua Ernestino Borges…sobre a minha cadelinha Lilás.


Sobre meu Canário Belga.
Nos pés de minha tia Benedita, que agora debruçada sobre o Delta Larousse lê sobre rendados roseos de Macramê, e ungüentos especiais.
Ela imagina-se em paz, regando o deserto das palavras que espalhei sem magoas, com as lagrimas que plantei.
No alpendre o vaso de Dálias ama as poças d’água como eu as amei.

Queria descrever o barulho das minhas bolas de gude.
Atiradas a esmo para o Grêmio Estudantil…visando estourar as lâmpadas não Led …pescando o escuro da poça de luz…

Gosto de pisar nas poças d’água…
Pisar na sombra da lua…
Chapiscar os gatos da rua de água raz.
E os ratos cúmplices do silêncio cego das retinas das Araras empalhadas, e quase azuis.
Sonho os molhar de saliva, e sal de suor.

Gosto de falar em Libras …para que se comportem… as rasteiras gramas dos valados.
Para que entre si dancem as valsas triviais que o vento canta.
Para que não matem sede e desejos, com a água que evapora no asfalto antes da casa do Avulu.

As Bachianas eu recomponho os compassos, mergulhando meus pés um a um dentro da poça d’água que carrego n’alma…
Ela nem vaza, nem seca, nem dói.

Luiz Jorge Ferreira

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