Em abril de 2013, fui, acompanhado da fotógrafa Márcia do Carmo, cobrir uma campanha solidária em localidades de Macapá, próximas ao município de Cutias do Araguari. A ação distribuiu roupas, material escolar aos ribeirinhos carentes e com dificuldade em receber assistência, que vivem em regiões nas quais ocorria a onda mais longa do mundo, a Pororoca.
Foram oito dias no Rio Encantado, quando conheci a Pororoca. Infelizmente, não sabia que era o último ano do fenômeno no Araguari.
Conforme a triste matéria que assisti na TV Amapá, a causa da “morte da Pororoca” foi a erosão do rio Araguari, originada pelo surgimento de canais causados pela criação desenfreada de búfalos na região. O resultado foi o assoreamento do Araguari. Outro motivo seria a construção da usina hidrelétrica no município de Ferreira Gomes.
Na primeira vez que vi e vivi a Pororoca, foi lindo e emocionante. Melhor do que eu imaginava. Eu, a fotógrafa Márcia do Carmo e três colegas esperamos a onda na “Curva da Onça”, local onde a Pororoca arrebentou sobre nós. O fenômeno nos atingiu e logo alagou a enseada onde estávamos. Aliás, ficamos em um local frontal à onda. Foi sensacional!
No dia seguinte, fomos novamente acompanhar a Pororoca, mas, agora, de cima de uma lancha voadeira. A adrenalina de estar literalmente na crista da onda foi incrível. As fotos falam mais que palavras.
O compositor e cantor Osmar Júnior disse que o Araguari é um rio encantado. Agora ele perdeu um pouco do seu encanto. A erosão que causou seu assoreamento acabou com a Pororoca e abriu um buraco no coração de todos nós, amapaenses ou não, que vimos o fenômeno de perto. Fomos pisoteados pelos búfalos da irresponsabilidade e “barreirados” pela ganância. Triste demais.
Elton Tavares