A decisão do presidente Jair Bolsonaro de convidar o ex-presidente Michel Temer para chefiar a missão do Brasil que levará ajuda ao Líbano embute um cálculo político-eleitoral e é sinal da nova figura, inaugurada há cerca de 60 dias pelo presidente da República, menos beligerante.
Distante do Bolsonaro que se elegeu, cujo discurso foi anticorrupção, de mudança e com ataques ao que chamava de “velha política”, a decisão de indicar Temer é um gesto para o mundo político e busca ainda a simpatia da bastante numerosa comunidade libanesa no Brasil. Temer tem origem libanesa.
Que coisa mais comovente, meus caros.
Comovente e reveladora.
Comovente por tirar do ostracismo, digamos assim, um exemplar dos mais expressivos e genuínos da velha política.
Reveladora por demonstrar que essa história de nova política é conversa pra terraplanista dormir satisfeito, acreditando que um Mito aterrissou na Terra plana e veio reinstaurar as mais puras práticas da moralidade.
Que nada! A moralidade que Bolsonaro prega, cultua e escarra à vista de todo mundo é aquele moralidade camaleônica, que muda conforme a orientação dos ventos, igualzinho às birutas que ficam em aeroportos.
Mas, repita-se, tem muita gente que acredita. Acreditando, alimenta suas próprias ilusões. Alimentando-as, passa a disseminá-las a torto e a direito, inclusive através de robôs.
DIÁLOGOS – A escolha também coloca luz sobre uma relação que vem se desenvolvendo nos últimos meses, de conversas frequentes entre Bolsonaro e Temer. Segundo relatos de pessoas próximas aos dois, o atual presidente se aconselhou com Temer diversas vezes sobre os problemas que enfrenta, como embates com o Judiciário.
Até mesmo a aproximação do Congresso, em especial o Centrão, é tema das conversas dos dois. Temer, que presidiu a Câmara dos Deputados, já foi uma das lideranças do Centrão. Temer responde a processos na Lava Jato do Rio de Janeiro e já teve prisão decretada, posteriormente convertida em medidas preventivas. O ex-presidente pediu à Justiça para viajar e aguarda autorização.
Vish!
Fontes: Espaço Aberto. e Tribuna Imprensa Livre.