CARTA, VOZES E ECOS (*) – Por Ângela Carvalho (**)

Por Ângela Carvalho 

Querido Henrique,
Tenho novidades e quero contar a você que me conhece tão bem. Desde o meu nascimento.
Sabes, tenho ouvido vozes. Vozes de vários tempos. De outros tempos e de hoje. Vozes que contam histórias e que fazem eco em meu corpo. Vozes que me fazem lembrar o quanto é bom ouvir vozes. Vozes que agora vou querer, assim… sempre perto de mim.
As vozes são de uma gente alegre e diferente, que conta histórias para gente ouvir. Gente grande e gente pequena. Abrigam-se, em meu chão: fazem de mim o seu lugar. Nem sonham o quanto fico feliz com isso, pois diferente do que falam de mim, sou frágil – ainda que linda e forte. Nem sabem o quanto preciso de quem se aproxima de mim, para me fortalecer.


Ainda não sei o que fazer, mas ando pensando em um jeito de dizer-lhes:
– “Venham, venham! Venham muito, venham sempre. Eu também quero a alegria, o riso, os tons das tintas e das notas musicais embalados nos ventos das infâncias. Também quero ouvir histórias desse Movimento de Contadores de Histórias no Amapá”.


Será que me ouvirão, Henrique?
Com carinho, tua Fortaleza.

(*) Carta enviada pelo Museu Fortaleza de São José de Macapá para o seu construtor Henrique Gallucio, em 20 de março de 2014, Dia Internacional do Contador de História.
(**) Ângela Oliveira é contadora de história, escritora e socióloga.
(***) Contribuição de Fernando Canto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *