Estande Café Literário promove noite de autógrafos com escritor Fernando Canto

Por Rita Torrinha/Secult

Fernando Canto, escritor impregnado da cultura amazônica, como ele próprio se define, fez uma sessão de autógrafos de seu livro “Adoradores do Sol” no estande Café Literário, no Amazontech, na noite desta quinta-feira, 15. O espaço é coordenado pela gerente de Livro, Leitura e Literatura, da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Ângela Nunes, tendo como proposta divulgar e fomentar os trabalhos de artistas e escritores da terra.

Prestigiaram o evento o superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AP), João Carlos Alvarenga; a gestora do Amazontech, Isana Figueiredo; a analista do Sebrae e parceira na coordenação do estande Café Literário, Rosimar Monteiro; o poeta e amigo do autor, Oswaldo Simões; e visitantes.

Para dar uma mostra do trabalho de Fernando Canto, Oswaldo Simões fez a leitura do texto “O Equinócio e a cidade”, contido na coletânea.

“Eu ia passando e vi o ‘amigo’ declamando e me senti confortável de vir mostrar também os meus pensamentos”, disse.

Em seu pronunciamento, Carlos Alvarenga enfatizou a importância da literatura no registro histórico de um povo.

“Nada é feito sem cultura, o que fica, o que materializa o passado é a cultura, você, Fernando Canto, é um grande incentivador da cultura e da história do Amapá. Continue sendo esse alavancador das coisas do Amapá e da Amazônia”.

O livro “Adoradores do Sol” é uma coletânea de textos publicados em jornais macapaenses de 2007 a 2009 – um panorama da vida amapaense. Tanto a cultura como outros aspectos sociais locais são evidenciados num quadro no qual o autor retrata com personalidade e autenticidade suas memórias e opiniões, numa linguagem acessível a todos. Fernando revela em suas crônicas e artigos situações até então desconhecidas da grande maioria dos amapaenses: são resultados de suas pesquisas individuais, lembranças e mergulhos poéticos que a vida e a paisagem instigam para a feitura da sua literatura.

Sobre o autor, Fernando Canto nasceu em Óbidos-PA, em 1954. Publicou seus primeiros livros na década de 80, em Macapá, onde atualmente mora e trabalha como sociólogo da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Como escritor ganhou diversos prêmios literários, entre os quais o primeiro lugar no 1º Concurso de Contos das Universidades do Norte, com o conto “O Bálsamo”, e participou de antologias de conto e de poesia tanto no Amapá como no Pará, em Belém, onde também residiu por muitos anos.

Publicou os livros de poesias “Os Periquitos Comem Mangas na Avenida”, 1984; “São José de Macapá”, 1985; “Piratuba, a Cantoria do Lago”, 2011 e, recentemente, “Canção do Amor-Enchente”, 2012. Tem os livros de crônicas: “Telas & Quintais”, 1985; “Equinócio”, 2004; e Adoradores do Sol, 2010, e de contos “O Bálsamo”, 1995, que receberá nova edição em 2013 e o ensaio antropológico “A Água Benta e o Diabo”.

Foi professor universitário, possui várias especializações acadêmicas e é mestre em Desenvolvimento Regional (Unifap). Também é compositor e integra o Grupo Musical Pilão, que há mais de três décadas vem divulgando o folclore e a música regional. É membro titular da Cadeira nº 40 da Academia Artística e Literária de Óbidos.

Meu comentário: Fernando Canto é uma figura ímpar, um gênio apaixonado pelo Amapá. Seus escritos são fantásticos. Ele poetiza, satiriza e relata nossas peculiaridades com sacadas históricas incríveis.Não é á toa que sou fã dele.Parabéns ao amigo “Barba”. 

LER:VER:LER – exposição de arte no Museu Fortaleza de São José de Macapá


A exposição LER:VER:LER, com a performance ‘Palavras ao mundo’, que conta com a participação de alunos da Escola Pública Estadual Izanete Victor dos Santos, do município de Santana, está aberta no Museu Fortaleza de São José de Macapá.  A iniciativa é do Grupo de Pesquisa de Arte Contemporânea da Universidade Federal do Amapá (Nufoc/Unifap). 

Convidamos todos e todas a participarem conosco desta investigação e pesquisa em arte que pretende promover o contato contínuo e cotidiano com o artista e seu processo de criação.
Serviço:

LER:VER:LER 
Período: de 07 de novembro a 07 de dezembro de 2012
das 08 às 18 horas
Museu Fortaleza de São José de Macapá
Rua Cândido Mendes, s/nº

Governo do Estado apresenta o Corredor Literário, um convite à I Feira do Livro do Amapá


O Governo do Estado do Amapá (GEA) apresentou ao público amapaense nesta terça-feira, 30, o Corredor Literário, o ponto alto da I Feira do Livro do Amapá (Flap), que ocorrerá no período de 3 a 6 de novembro.

O objetivo do evento é mostrar ao público amapaense como funcionará a I Feira de Livro e assim promover a divulgação dos escritores por meio da literatura. O público se deparou com estátuas vivas em frente à biblioteca, banners de escritores e livros de artistas literários amapaenses.

Corredor Literário: público se deparou com estátuas vivas em frente à biblioteca, banners de escritores e livros de artistas literários amapaenses

Com um público formado por estudantes, escritores, atores e amantes em geral da literatura amapaense, a programação iniciou na Biblioteca Pública e no embalo de poesias e ao som de batuque e marabaixo, o Corredor Literário seguiu em cortejo por diversos lugares, como Teatro das Bacabeiras, Museu Joaquim Caetano Silva e Escola de Administração Pública (EAP). O circuito foi conduzido por atores declamando poesias, batuque e marabaixo, cultura e literatura num só espaço.

De acordo com a diretora da EAP, Izabel Cambraia, o Corredor Literário é um grande convite para a Flap, momento histórico de incentivo à educação e literatura. “Faz parte das ações do governo fazer essa intermediação entre o público leitor e os escritores”, destaca.

Na trajetória do cortejo, foi possível apreciar figuras da simbologia literária e banners dos 53 escritores. Para o escritor Fernando Canto, a Feira do Livro é uma grande oportunidade para divulgar a literatura amapaense e incentivar novos autores. “A expectativa de nós, artistas, é fazer com que as pessoas se voltem à literatura, descubram a arte de viver por meio da leitura”, enfatiza o escritor.

Nesse percurso, durante todo o período do evento, serão dispostos banners dos escritores com seus referidos textos, performances de estátuas vivas com o grupo Imagem e Cia; contação de estórias, ao lado do Teatro das Bacabeiras, envolvendo diversos grupos e uma bela exposição confeccionada pela Associação Macapaense de Artesãos e Artistas (Amaarte), com reprodução de elementos da literatura em grandes molduras, espalhadas pelo Corredor, como a carruagem da Cinderela, Rapunzel, Boto, Arco-íris com o pote de ouro, as canoas da Amazônia e tantas outras referências saídas dos livros para a realidade. Tudo para encantar os visitantes.

Flap e Plano Nacional de Livro, Leitura e Literatura

A Flap é uma das ações inseridas no Plano Estadual do Livro e da Leitura, que está sendo implementado pelo governo do Estado em consonância com o Plano Nacional. O investimento do GEA nesse festival literário será de aproximadamente R$ 263 mil e visa o incentivo à leitura e o fortalecimento da literatura no Estado.

Crisler Samara/EAP

Professor da Unifap lança livro sobre roteiro para quadrinhos na 1ª Feira de Livros do Amapá


O escritor e professor universitário Ivan Carlo Andrade de Oliveira, mais conhecido nos meios quadrinísticos como Gian Danton, lançará no dia 4 de novembro, às 18h, no auditório da Biblioteca Pública Elcy Lacerda, o livro de sua autoria “O roteiro nas histórias em quadrinhos”. O lançamento é mais um evento inserido na extensa programação da 1ª Feira de Livros do Amapá, promovida pelo governo do Estado, entre os dias 3 e 6 de novembro. Às 16h do mesmo dia, o autor ministrará uma palestra sobre a temática da obra, precedendo o lançamento.

Gian Danton é um dos mais premiados roteiristas de quadrinhos do Brasil. Já ganhou os prêmios Araxá, HQ Mix, Ângelo Agostini e Associação Brasileira de Arte Fantástica. Também foi o vencedor do I Concurso de Contos e Crônicas da editora Geração. Foi um dos 50 autores escolhidos para homenagear Maurício de Sousa no álbum MSP + 50. Mais recentemente tem sido convidado a participar de diversas antologias nacionais de terror e fantasia e seu romance de fantasia histórica, “Galeão”, está sendo negociado para lançamento nacional em março de 2013.

O professor também lançará o livro “Introdução à metodologia científica” (editora Virtual Books), também na Biblioteca Pública, às 18h do dia 5, ainda como parte da programação da Flap. Para conhecer mais sobre Gian Danton, basta acessar o blog http://ivancarlo.blogspot.com/

Rita Torrinha/Secult

Dramaturgo Daniel de Rocha lança nesta terça o livro “Cênicos em Contextos”


Vinte e seis anos de experiência no universo da arte cênica, no teatro, muitas histórias, muitas impressões e mais de 35 montagens, inúmeros trabalhos sociais nas áreas da saúde, meio ambiente e lazer, proprietário de um sonho: um teatro de inclusão social profissional, no bairro Perpétuo Socorro, onde também funciona, ativamente, o Ponto de Cultura “Estaleiro Cultural”, promoção de oficinas gratuitas e movimentação cultural no bairro onde mora.

Esses são apenas alguns pontos da carga de experiência acumulada pelo ator baiano que escolheu o Amapá para viver, Daniel de Rocha, que também escreve, dirige e promove ações, sempre ao lado de seu anjo da guarda, Tina, sua esposa.

E para fechar mais um ciclo de sonhos realizados em sua vida, Daniel de Rocha lança, no mesmo dia de seu aniversário, 16 de outubro, a partir das 18h, no hall da Biblioteca Pública Elcy Lacerda, a primeira obra publicada em livro de sua autoria e o primeiro livro de textos teatrais do Amapá, intitulado “Cênicos em Contextos”.

O livro é o primeiro volume de uma trilogia. As duas próximas edições da coletânea, Daniel de Rocha pretende conseguir a publicação concorrendo no edital de Literatura que será lançado durante a 1ª Feira de Livros do Amapá, em novembro.

São sete textos teatrais, distribuídos em 100 páginas, com ilustrações, com foco em temáticas sobre meio ambiente, linguagem cabocla regional, histórias de ficção, temáticas sociais, cotidiano, direcionadas aos públicos infanto-juvenil e adulto.

Para o lançamento está sendo preparada uma grande festa, com direito a acarajé, gengibirra, performances, sarau, muita alegria, como o mundo do teatro o é. “Meu objetivo, ao escrever o livro, foi contribuir com jovens, pretensos alunos de teatro, gente que está começando e que pode se pautar em obras já prontas, conhecendo um pouco mais sobre a estética da carpintaria teatral oferecida nos textos”, explica Daniel.

Para saber mais, entrar em contato com o autor pelo e-mail: [email protected].

Rita Torrinha/Secult

Hoje será lançado o livro o Pato e o Lago


Hoje (19),  às 10h, no auditório Biblioteca Pública Elcy Lacerda, será lançado o  livro o Pato e o Lago. 

O PATO E O LAGO
                                          
Pato mora no lago / Lago mora no pato. O Pato sem lago / Não é pato. O lago sem pato / Não é lago. Pato gosta da pata / Pata gosta do pato. O pato sem a pata / Não é pato. A pata sem o pato / Não é pata. O pato tem duas patas / A pata tem duas asas. O pato tem duas asas / A pata tem duas patas. O pato gosta da água /A água gosta do pato. A pata gosta da água / A água gosta da pata. O pato gosta da pata e da água / A pata gosta da água e do pato. O pato e a pata gostam de passear / Andam na terra / Nadam na água / E voam no ar. Sempre pensando / Para casa voltar.
    
O texto acima está recheado de ilustrações de Ozélio Muniz no livro “O Pato e o Lago”, do autor Romualdo Palhano  é uma obra dedicada ao público infantil, mas com certeza o público adulto também se deliciará com a mensagem contida no livro.

O lançamento se dará dentro do projeto “Era uma Vez” de contação de história para crianças que acontece todas as quartas feiras no auditório da biblioteca. Na ocasião será apresentados pequenos dramas para as crianças presentes, como: a dramatização da história do “pato e o lago” e ainda a história de “A onça e o bode”. Rosa Rente é a coordenadora do referido projeto.

A professora Ana Paula Costa Arruda que assume a disciplina literatura infantil no curso de letras da UNIFAP escreveu o prefácio do livro e fala um pouco da referida obra:

“É com a simplicidade e a sabedoria prática dos antigos contadores de histórias que Romualdo Palhano se dedica com mestria à literatura infantil. As obras deste autor traduzem uma sensibilidade que aborda assuntos atuais e delicados sem perder o elemento maravilhoso que é tão peculiar na infância. Com o “Pato e o Lago” não é diferente. O livro é um casamento perfeito entre a linguagem verbal e a imagem, possibilitando à criança ver realmente os seres e as coisas com as quais precisam integrar na vida.

O motivo central, da referida obra, mostra-se de imediato no título e na ilustração. Os textos são breves e desenvolvidos por ilustrações dinâmicas que, sutilmente, discutem as consequências de termos o meio ambiente alterado: “O pato sem lago / Não é pato”. Assim, o pato, aflito diante das modificações de seu ambiente natural, personifica o fato de que a natureza precisa ser respeitada para que a vida se cumpra.

Deficiências

Mario Quintana – 30/07/1906 – 05/05/1994.
“Deficiente” é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

“Louco” é quem não procura ser feliz com o que possui.

“Cego” é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

“Surdo” é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

“Mudo” é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

“Paralítico” é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

“Diabético” é quem não consegue ser doce.
“Anão” é quem não sabe deixar o amor crescer. E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
“Miseráveis” são todos que não conseguem falar com Deus.
“A amizade é um amor que nunca morre.. ”
Mario Quintana

Nelson Rodrigues inventou o óbvio (centenário do gênio)


Sou um grande fã de Nelson Rodrigues e seus textos viscerais. Costumo usar a frase “a vida como ela é”, do escritor, para legendar situações do cotidiano. Hoje (23), o gênio faria 100 anos de idade. Como eu não consegui escrever nada a altura do mestre, resolvi publicar o texto abaixo, do Jabor, com vocês. Leiam:

Nelson Rodrigues inventou o óbvio

Os 100 anos de Nelson Rodrigues estão sendo celebrados por muita gente que o criticou em vida e hoje o glorifica. Tanto as depreciações quanto alguns louvores são descabidos – ele não era nem pornográfico nem um escritor aspirando à condição de estátua. Nelson adorava elogios, mas odiava os “medalhões”.

NR é importante como inventor de linguagem. A importância de sua obra está onde ela parece ‘não ter’ importância. Onde ela é menos “profunda” – ali é que se encontra uma qualidade rara. Era fácil (e justo) considerar ‘gênios’ homens como Guimarães Rosa ou Graciliano, mas Nelson nunca coube nos pressupostos canônicos. Sua obra é um armazém, um botequim geral, uma quitanda de Brasil.

Formado nas delegacias sórdidas, vendo cadáveres de negros ‘plásticos e ornamentais’, metido no cotidiano marrom do jornal do pai, Nelson flagrou verdades imortais que estavam ali, no meio da rua, na nossa cara, e que ninguém via.

Uma vez ele me disse: “Se Deus perguntar para mim se eu fiz alguma coisa que preste na vida, eu responderei a Deus: ‘Sim, Senhor, eu inventei o óbvio!'”

Filho do jornalismo policial, Nelson desconstruía o pedantismo tão comum entre nossos escritores.

Uma vez ele me disse ao telefone que o “problema da literatura nacional é que nenhum escritor sabe bater um escanteio”: ensolarada imagem esportiva para definir literatos folgados. Até hoje, muita gente não entendeu que sua grandeza está justamente na observação dos detritos do cotidiano. A faxina que Nelson fez no teatro e depois na prosa é semelhante à que João Cabral fez na poesia. Nelson baniu as metáforas a pontapés “como ratazanas grávidas” e criou antimetáforas feitas de banalidades condensadas. “A poesia está nos fatos”, como escreveu Oswald no Pau Brasil. Pois é, Nelson também odiava metáforas gosmentas. Suas imagens não aspiravam ao “sublime”. 

Exemplos: “O torcedor rubro-negro sangra como um César apunhalado”, “a mulher dava gargalhadas de bruxa de disco infantil”, “seu ódio era tanto que ele dava arrancos de cachorro atropelado”, “a bola seguia Didi com a fidelidade de uma cadelinha ao seu dono”, “o juiz correu como um cavalinho de carrossel”, “o sujeito vive roendo a própria solidão como uma rapadura”, “somos uns Narcisos às avessas que cuspimos na própria imagem”, “vivemos amarrados no pé da mesa bebendo água numa cuia de queijo Palmira”, “hoje o brasileiro é inibido até para chupar um Chica Bon”.

Visto por ele, tudo boiava no mistério: os ovos coloridos de botequim, as falas dos ‘barnabés’, as moscas de velório no nariz do morto. Nelson fazia a vida brasileira ficar universal, não por grandes gestos, mas pelo minimalismo suburbano que ele praticava. E o sublime aparecia na empada, na sardinha frita ou no torcedor desdentado.

Sua obra é um desfile de tipinhos anônimos, insignificantes – nisso aparecia sua grandeza desprezada. São prostitutas bondosas, cafajestes poéticos, canalhas reluzentes, vagabundos épicos, sobrenaturais de almeida, adúlteras heroicas e veados enforcados. Ele me dizia: “O que estraga a arte é a unidade…”

Ele dava lições de arte e literatura: “Enquanto o Fluminense foi perfeito, não fez gol nenhum. A partir do momento em que deixou de ser tão Flaubert, os gols começaram a jorrar aos borbotões, pois a obra-prima no futebol e na arte tem de ser imperfeita.” Existe coisa mais ‘contemporânea’?

Gilberto Freyre sacou sua “superficialidade profunda”, assim como André Maurois entendeu que a genialidade de Proust era “a épica das irrelevâncias…” E isto é muito saudável, num país onde ninguém escreve um bilhete sem buscar a eternidade.

Nunca deixava a literatura prevalecer sobre a magia dos fatos. Sempre um detalhe inesperado caricaturava os dramas. No meio da tragédia, vinha a gíria; no suicídio – o guaraná com formicida; no assassinato – a navalhada no botequim; na viuvez – o egoísmo; nos enterros – a piada.

Uma vez, me contou que viu uma família esperando num hospital a notícia sobre um filho atropelado. Morreu ou não? Afligiam-se todos, vistos pelo Nelson através do vidro do corredor. Viu o médico chegar e dizer que o menino tinha morrido. “Eu vi pelo vidro. Não ouvi um som. A família começou a se contorcer em desespero. Pai, mãe, tios gritavam e, através do vidro, pareciam dançar. Pareciam dançar um mambo. Daí, eu concluí a verdade brutal: a grande dor dança mambo!…”

Nelson recusava teorias. Contou-me um episódio hilário: uma vez o Oduvaldo Viana Filho e Ruy Guerra, grandes artistas, chamaram-no para escrever um roteiro de filme sobre uma mulher adúltera. Nelson foi trabalhar com eles, mas desistiu e me disse: “Parei, porque eles queriam que a adúltera fosse para a cama do amante e traísse o marido movida apenas pelas ‘relações de produção’….”

Ele intuiu na época que a vulgata do marxismo era o ópio dos intelectuais. Foi chamado de fascista porque puxava o saco do Médici, para ver se soltava o filho preso havia anos. Eu mesmo sofri por causa dele; em 1973 ousei filmar Toda Nudez Será Castigada e dei uma entrevista na Veja em que disse que “fascismo é amplo: existe fascista de direita e de esquerda também”. Pra quê? Mandaram um manifesto à revista onde me esculhambavam indiretamente, dizendo que o sucesso imenso que o filme fazia “não era a missão do cinema novo”. 

Foi das grandes dores que senti, pois até amigos assinaram o maldito texto, que só não foi publicado porque, um dia antes, os generais tiraram o filme de cartaz, com soldados de metralhadora, levando as cópias dos cinemas. Aí, meus amigos comunas tiraram o texto, “para não dar razão ao inimigo principal”, que era a ditadura, a censura. (Eu e Nelson éramos inimigos secundários, para usar o termo de Mao Tsé-tung). O filme voltou ao cartaz porque ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim e os generais ficaram com medo da repercussão e liberaram a exibição.

Se fosse vivo, ao ver os escândalos atuais, repetiria a frase eterna: “Consciência social de brasileiro é medo da polícia.”.

Texto de Arnaldo Jabor – O Estado de S.Paulo

ROMANCISTA AMAPAENSE NOS EUA


Petronila Tavares, filha do professor Walmor Tavares, nascida às margens do rio Flexal, escreveu um romance no qual no início de cada secção escolheu “um verso do meu coração”, no dizer dela. Antes disso escreveu sua tese de doutorado sobre a língua indígena dos Wayana, falada no Tumucumaque. Atualmente Petronila mora em Denton, TX, EUA e enviou o romance para uma avaliação de uma editora de lá. A história é inspirada em quatro gerações de sua família. Ficção completa, mas tudo baseado na sua experiência de vida. Segundo a autora o romance levou cerca de cinco anos para ser completado, pois somente escrevia quando estava inspirada: 

Nesses momentos era algo sem controle. Eu sentia uma necessidade imensa de colocar a ideia no papel. Muitos dos capítulos começavam em um guardanapo de um café, na mão. Eu escrevia onde dava. Mas também teve vezes de eu passar meses sem escrever qualquer coisa. Por isso levou tanto tempo. Escrever, para mim, pelo menos é assim. Eu acho que ficaria muito angustiada e a criatividade seria bloqueada se eu tivesse que escrever com cobrança. Acho que por ter tanta saudade da minha terra que eu resolvi escrever esse romance. Nele eu me via onde eu queria estar: na floresta, nos lagos, rios, igarapés.”

Parte da família de Petronila (Nila) Tavares mora em Macapá. Parabéns à romancista. Espero poder ler o livro em breve.

Texto do meu amigo Fernando Canto.

Escritora amapaense Alcinéa Cavalcante lança obra “Paisagem Antiga”, na Bienal Internacional do Livro, em São Paulo


A jornalista e escritora amapaense, Alcinéa Cavalcante, lança hoje (17), das 14h às 16h, na Bienal Internacional do Livro,  o livro “Paisagem Antiga” .

Informações: 

Editado pelo Grupo Editorial Scortecci, com prefácio de Paulo Tarso Barros (presidente da Associação Amapaense de Escritores), o livro tem cem páginas  e é dividido em duas partes: poemas e crônicas. A ilustração da capa, que retrata a minha rua nos anos 70,  foi feita pela desenhista amapaense Ana Maria Vidal Barbosa.O lançamento será no estande da Editora Scortecci e Rede Brasileira de Escritoras (Rebra).

O prefácio de Paisagem Antiga

O que dizer dos textos de Alcinéa – os poéticos e os que, não sendo necessariamente poesias, mas crônicas, ou “cronipoemas”, estão recheados de cores (a primazia do azul infinito), sabores, ternuras, estrelas, flores, pássaros, borboletas, amores e até camaleão – ou seria iguana?

Leio tudo, como se dizia antigamente, de um fôlego, e percebo que os poemas e os “cronipoemas” estão com as palavras exatas, sem aqueles esquadrões de adjetivos.

Parece que sua mão de poeta e mente treinada nos textos claros, objetivos e sintéticos do jornalismo, ao juntar a alquimia verbal que o seu estilo poético inato tão bem o demonstra, surgem imagens plenas de ternura, sensibilidade e aquela saudade e nostalgia dos tempos da infância que ficou cristalizada na memória poética – que tem o dom de captar o sentido do belo como se plantasse em um jardim flores multicoloridas que desabrochariam ao nascer do sol e continuariam a embelezar a noite, o orvalho e as estrelas – principalmente as azuis da sua Via Láctea setentrional.

Alcinéa Cavalcante teve o privilégio de desenvolver seu próprio estilo, de uma leveza admirável, cheio de nuances, de frases sintéticas que atingem a essência da poesia lírica. São versos que fluem no texto como a leve e cálida brisa equatorial que nos afaga nas noites de poesia, a impulsionar suavemente os seres angelicais tão presentes na sua vida e obra.

Não é só um jogo de palavras quando ela confessa: “Vivo do ato de escrever”. E escrevendo registra seus sentimentos de forma a nos seduzir, a nos convidar a percorrer, de mãos dadas, pelos poemas que escolheu para consolidar seu lugar de destaque na poesia brasileira contemporânea.

A bela e comovente crônica que revisita a memória sagrada da professora Delzuite Cavalcante, sua mãe, a traz de volta, a coloca mais uma vez no plano existencial e familiar como se ela estivesse em viagem, ou mesmo dando aulas ou fazendo um café na cozinha para servir à família numa manhã morna e calma da Macapá territorial. É um texto construído com sentimento, da sua história de vida, mas que atinge a dimensão universal do amor filial, do infinito amor que tece os sustentáculos da nossa existência e nos torna mais fraternos.

Paulo Tarso Barros

Lançamento do livro “Caminho da Economia do Brasil com o resto do Mundo”

Serviço:

Evento: Lançamento do livro “Caminho da Economia do Brasil com o resto do Mundo”.
Autor: Altair Martel. 
Data: 10/08/2012
Hora: 19h
Local: Biblioteca Pública Estadual Elcy Lacerda – Rua São José, 1800 – Centro
Altair Martel é Economista e bacharel em Direito, amapaense, nasceu em 1959.
Mais informações no Blog da Associação de Escritores: http://escritoresap.blogspot.com/