O ceticismo cego (@cortezolli)


Depois de ter acumulado algumas decepções das quais me orgulho muito, criei uma carapaça bem grossa, cravejada de desconfiança e suspeita maciça. 

Sei que sou eu quem tem o poder de decidir o que quero ou não para minha vida, mas apesar desse “conhecimento adquirido”, a vida segue seu próprio curso, cheio de curvas surpreendentes. Ainda bem, né?! Caso contrário, que chatice seria!

Acreditar na sinceridade das pessoas é um exercício muito cansativo, confesso que prefiro uma sessão de duzentos abdominais, sem exagero. Contudo, do qual não conseguimos escapar se quisermos viver em sociedade. Quem tem a habilidade de identificar facilmente quem é sincero ou não tem visão privilegiada em terra de cegos. 

Lembro de ter dito que não havia prometido nada para ninguém, num desses deslumbramentos da minha anódina existência, para alguém em específico que respeitava e tinha uma grande admiração profissional, daquele jeito que você imagina a pessoa em um pedestal sabe? – (Salvo os músicos, roqueiros e tals, esses não deveriam nunca descer de lá, rs), deveriam continuar inatingíveis, assim não perderiam o charme que os envolve… Entretanto, esse aspecto rende outro texto.  

No loop constante que estimula ramificações racionais para justificar esta abordagem, quando vejo campanhas ou movimentos em prol de algum pensamento direcionado à coletividade ou até mesmo que beneficiem uma classe particular, não consigo evitar alguns questionamentos que faço na escuridão da minha descrença: 

Quem quer se promover? 

Quem ambiciona se candidatar a algum cargo político ou a síndico do prédio?  

Quem almeja morrer pela causa e ter seu nome em algum lugar de destaque?

Quem quer comer quem?

O resultado é raiva ou emoção de caráter semelhante, quando são identificados interesses escusos saltando aos olhos, apesar da tentativa de vilipendiar ser livre, assim como a aderência aos pensamentos. O que ofende é a presunção de que não há quem esteja apto a enxergar além da obviedade. 

As alianças a partir daí, brotam como ervas daninhas. Já estive submersa nesse lamaçal, conheço o núcleo e os subterfúgios mais comuns para obter êxito. Fingir a amizade é o mais comum para chegar ao objetivo. Sabe aquele lance de usar como degrau? Porém, quem age assim não vem com a maldade estampada no peito, fazem carinhas de bons companheiros engajados na causa. Por favor!!!

Quanto à cegueira que estimulou a construção dessas linhas, e a imunização para tipos de ataques a inteligência alheia, mesmo que a suposição exista, nem sempre é possível afastar o inimigo, ele não se apresenta feio, mau humorado, cheirando mal ou “com a cara da riqueza”.  

É por detrás de um sorriso falso, discurso repetido ou elogio de igual valor que se camuflam àquelas péssimas intenções que beneficiam apenas uma patota. Pior ainda, estes perfis nunca dizem não. 

Por outro lado, é muito fácil crer que a mentira e o intuito de adição unilateral são fruto da minha imaginação.  Me chamem de paranoica, não ligo!

Hellen Cortezolli

(In) Sana (@Cortezolli)

Como não lembrar Machado de Assis e seu “Alienista”? Deveras uma leitura que até hoje faz parte de meu repertório, principalmente a provocação sobre quem inventou a sanidade ou a loucura.

Mas, iniciar deste modo é tão provocante quanto às diversidades contidas nas conversas de amigas numa tarde qualquer, regadas a riso, tour gastronômico, abordagens políticas da atualidade e a velha máxima de não necessariamente ter “opinião formada sobre tudo”, parafraseando Raul Seixas. 

Loucuras! 

Contudo, quem definiu o que é loucura?  Felicidade às 15h de uma tarde de sol é inapropriado? Tão óbvio não é mesmo?! Que tal a mesma façanha num dia cinza, frio, cuja semana traz consigo todas as expectativas da última do mês de junho? Admiro muito a existência dos porquês. 

De volta à premissa da loucura, que deu início a esse raciocínio ilógico, mas de longe até que obtém sucesso na extração de estranhezas sobre sua essência, ou não… 
Campus UFSM/RS por Hellen Cortezolli
Quisera uma tarde de sol, de um dia de semana, depois de todos os afazeres burocráticos da rotina de uma grande / média /pequena cidade, sentar embaixo de uma árvore e saborear o clima e o gosto de um bom livro. 

Boa semana para nós que sexta-feira está logo ali, porque mais relativo que o tempo e a loucura, é o modo com o qual encaramos nossos dias! 

Hellen Cortezolli

Análise sobre os próprios porquês (@Cortezolli)


Sempre tive pressa, porque morri muitas vezes… Literalmente até.

Tenho pressa porque no trajeto até aqui vi pessoas que colecionavam pessoas. Não que eu seja peça única, apesar do sustenta o DNA, não é também que me sinta melhor que qualquer outro, nem tão pouco pior. Contudo, não sou colecionável e sem pestanejar sempre me desfarei do que não me fizer bem.

Sou quem sou, porque já vivi algumas coisas, intensas… Potencializadas para que fosse possível construir um discernimento baseado em teorias, fórmulas e acima de tudo sentimentos. 

Carrego comigo cicatrizes de guerra, as mais profundas, de que me lembro, travei comigo mesma. 

As mentiras tomam forma de verdades se contadas muitas vezes, quem sabe até em voz alta, para que quem as profira, possa acreditar nelas. 

A minha verdade se equipara aos meus erros, porque sou adepta da filosofia do sim ou não e justificar os porquês. Essas explicações raramente são bem recebidas, lidas ou interpretadas. A verdade dói, assim como a vida dói… Se não doer como saberemos que não é um sonho? Que não estamos dormindo em nossas camas quentes? 

Sou quem sou, porque admito e sustento minhas palavras, meus atos, minhas convicções, mesmo que as quedas sejam inevitáveis. O jeito é levantar e prosseguir.

O tempo nos apresenta caminhos e, escolhemos por quais percorrer… Mas, uma coisa é certa, sempre haverá caminhos… No plural! 

A premissa de que há apenas um, além de equivocada, não nos é apresentada com cara feia, ela vem bem maquiada, cheia de enfeites, pronta para seduzir ou apenas encantar. 
Me despi sim  com o tempo, da carapaça grossa que defendia meus valores, sinto muito quando não sou compreendida, mas não surto por isso. Não perco meu sono. 

Me entendo, me aceito e com o tempo, quem sabe um dia… Posso vir a mudar. Porque até as pedras mudam. Ainda assim, descarto e não olho para trás, porque a evolução está sempre à frente. 

Hellen Cortezolli

Estímulos


O que é isso que instiga meus sentidos?

Já não ouço, vejo, sinto, provo, nada do mesmo jeito. Sou outro alguém… Mais humana, mais emocional. Até mesmo minha racionalidade se confunde!

O escrever me comove porque acredito no que meus dedos são capazes de traduzir. As borboletas no estômago anunciam uma nova era. É hora de produzir.

Há motivos extras, ou principais para acordar pela manhã, para sorrir em frente ao espelho com os cabelos desgrenhados. Escovar os dentes não mais como uma prática essencial de higiene, mas porque eles passam a maior parte do dia num complexo exibicionista. 

Os músculos que mais se exercitam são os da face, que contornam o sorriso e o olhar, e mal cabem em um único rosto. Ele contagia os próximos e até os que estão distantes.

– Entre, veja a bagunça instalada. 

– Não vejo nada, vejo que cada coisa está desorganizadamente em seu lugar. A espera da próxima ventania. 

– Deite-se; Repouse seu corpo sobre o leito. Feche os olhos. Sim, de fato o tempo parou! Agora acorde!

– Mas, eu não estava dormindo. 

– Tem razão. Você não está sonhando. É tudo real! As transformações acontecem, o tempo todo! Só que antes, você não as percebia, não as merecia. Mas, agora até isso mudou.

Hellen Cortezolli

A Racionalização de Sentimentos

Tem amigos que você não consegue identificar quais das qualidades deles mais te agradam, apenas gosta da pessoa e a quer por perto. 

Tem também amigos que completam o que falta em você, te apresentam outros pontos de vistas, novas possibilidades.

Quando você se apaixona por alguém, quer que este alguém aprove seus amigos e vice-versa. Já que estes últimos são a família que você escolheu. Então, partindo desse pressuposto, é possível identificar o que falta em si mesmo, o que falta neles que você consegue completar, o que os motivam a alimentar sempre essa amizade e não importa a distância ou qualquer outro artifício… Seu desejo é manter a paz entre as pessoas que ama e ponto.

Aprendi muito com os amigos que tenho… Aprendi também com os inimigos e pessoas que não eram nem uma coisa, nem outra. O que importa é que aprendi… E isso me pertence!
Então, as situações novas ou, não tão novas assim, são expostas e expõem você, te testam e com base no aprendizado… se pode evoluir… Tá o papo parece coisa de gente convertida, só que não é… Rsrs. É outra vibe, é melhor.

Quanto a algumas pessoas, você apenas não quer desistir delas, porque alguém, em algum momento não desistiu de você. A ação se assemelha àquelas voltas que a roda do mundo completa, ou o movimento de translação da terra… Escolha a sua própria teoria e não queira tudo mastigado também.


Enfim… Te ajudou, te reergueu, com uma palavra, um gesto, uma expressão que o sacudiu, não importa como, foi útil. E, você precisa pagar, ajudando quem quer que seja. Sei lá, tudo tem um preço.

Essa viagem meio sem nexo, serviu para dizer que ontem tive vontade de bater em alguém de quem gosto, queria que a pessoa em questão acordasse, parasse de sentir pena de si mesma, ouvisse as barbaridades que disse sobre quem é… Aprendesse a se amar antes de qualquer coisa.

Então, respirei fundo: E não o fiz! 

Não é do meu feitio a agressão física, prefiro a psicológica ou a verbal, duram mais… Tá, atirar coisas até rola, mas bater, não. 

Lembrei do Eltão na hora… por se tratar de um amigo que nunca desistiu de mim, que nunca me abandonou quando estive no limbo. Que é minha versão masculina na “porralouquice”, mas também por equilibrar muitas vezes minha fúria infundada, com um deboche apropriado. 


Amizade não se agradece como o Ewerton França me ensinou… Mas, eu precisava muito compartilhar contigo e com quem tiver capacidade emocional e intelectual para entender, que minha família é importante, que a família que escolhi é tanto, quanto. E que sou grata às conspirações do universo por te ter como meu amigo!

Te amo!

Hellen Cortezolli

Poema de hoje: Fragmentos meus – Motivação (@Cortezolli)

Motivação
Motivo;
Ação;
Aquilo que te movimenta em alguma direção.

Depois de tanto tempo perdida, deixei o vento soprar e me levar para onde ele bem quisesse.
Repousei em um abraço…

Cheiro, gosto, tudo intenso.
Olhares…
Reconhecimento.

Agora o espaço e o tempo, antes inimigos, fizeram sua parte.
Minha vez de ser feliz… 
Seremos. 

Hellen Cortezolli

Crise Psicótica (@Cortezolli)

Tenho uns surtos de felicidade, durante os quais posso ver meu rosto se iluminar. Até meu sorriso muda, dispensa a exposição de meus dentes e, ainda assim, é um sorriso. Há quem diga que se podem ver sorrisos em olhos, ou verterem pelos poros…

Nesses momentos, me sinto com um saquinho de chá, com sabor único. E quando submersa libero aromas.

Isso é tão cinematográfico, teatralizado ou apenas musicalidade… 

Por vezes sou arte, artista ou apreciadora apaixonada. De repente, acordo e vejo o monstro da curiosidade ficar ainda mais faminto e sigo sorrindo.

Hellen Cortezolli

Suruba cultural (@Cortezolli)


Ocasiões como reuniões culturais, espetáculos teatrais, cinematográficos, conversas ou o mínimo de acesso intelectual com pessoas que tiveram seus potenciais reconhecidos por um número excedente a 30 pessoas, são como o sábado à noite… Você sempre espera mais alguma coisa… E, no fim sempre acaba decepcionado.

Atores com interpretações excepcionais não tem um papo interessante como se poderia imaginar. Grandes diretores de peças teatrais ou filmes que mexeram com o seu emocional, nem sempre tem arguições de tirar o fôlego diante de um grupo seleto. 

E o que seriam de todos eles se não fosse pessoas como eu, que os mantivessem em uma redoma ou pedestal, como pessoas inatingíveis? 

Por fim, são apenas sacos de ossos e células cheio de medo do desconhecido como todo mundo. E não importa o quanto você estude ou se dedique, ou que haja um público negativo descrente das possibilidades almejadas, você sempre esperará por mais, por aquele gozo inesquecível. 

Hellen Cortezolli

Hora de jogar a placenta


Essa expressão não é minha, conheci no tempo que estagiava na Maxmídia, mas há séculos a adotei e principalmente seu significado. Para quem não sabe jogar a placenta é fazer manha, reclamar de falta de atenção, com uma essência ciumenta enfática. Sou phD nisso, porém, apenas os mais amados conhecem esse meu lado, mas adianto que todo mundo tem ou um dia “jogou a placenta”.

Tenho pisado em ovos, por se tratar de um território novo ao qual tento reconhecer atualmente. Os grandes cineastas e entusiastas do audiovisual com quem tive contato recentemente interrompem suas locuções com expressões corpóreas dignas de teatros, depois justificam que todo cineasta é louco. Não vejo dessa forma, mas prefiro não manifestar minha opinião. Tenho sido adepta do espiral do silêncio já faz um tempo. 

Mas, como li e compartilhei no Facebook hoje, prefiro escrever porque não sou interrompida. O texto ficará aqui e você poderá deixar de lê-lo a qualquer hora, mesmo assim permanecerá, não vou entrar em detalhes para não apresentar uma teoria de comunicação da qual a linguagem web 2.0 faz parte, para não ficar ainda mais chato o papo. 

Como disse para o Eltão logo cedo: “Meus textos no De Rocha ficam só pegando poeira e teias de aranha”. E entre tantos, volto aos poucos a discorrer meus pensamentos sem ser interrompida. 

Quanto à maneira com que vejo os cineastas, não é loucura como dizem, é só uma espécie de ritual da incorporação da ideia. A força com que isso vem é muito parecida com o orgasmo, dependendo da movimentação pode ser rápida ou aparentemente mais duradoura, contudo, não pode ser cortada. Porque depois para retomar, não será a mesma coisa. Tem que fluir.

Eu dividi o papo durante o jantar com meus, sobre a reunião para ajustes do roteiro do curta de ficção no qual estou envolvida, e meu pai interrompeu com a seguinte observação:

_Tu não precisa dar um teco ou encher a lata de breja, porque tu tá sempre viajando!

E não se trata de elogio, longe disso, foi protesto mesmo. Mas, se eu não viajar como contaria minhas histórias? Ou escreveria sobre elas, putz é preciso imaginar. E imagino muita coisa só não tava curtindo há algum tempo compartilhá-las. ^_^

Hellen Cortezolli

Sessenta segundos

Em um minuto você lembra como foi seu dia antes de dormir.
É muito tempo para quem espera. Mas, muito pouco para se produzir.

Em um minuto alguém é assaltado, espancado, assassinado. 

A cada minuto nasce alguém e morre também.

Um minuto basta para perder a paciência com quem não percebe nada além do próprio umbigo. Em um minuto uma história pode ser contada, duas ou três, com ou sem conflito…

Contudo, em um minuto não se edita um curta, teaser, trailer ou trilha, mas esse espaço pode ser a sua duração.

Em um minuto perde-se uma amizade, um amor, o trem ou até a empolgação.

Um minuto pode ser desperdiçado, aproveitado, multiplicado, se souber administrar.

Dá tempo de ler a orelha de um livro, um status, um outdoor… Quem sabe até interpretar?!

Em um minuto você precisa falar, em outro não quer conversar.

Em um minuto, há sessenta segundos de expectativas, ociosidade ou algumas dúvidas: Quando será o tempo certo? E se não for? Será que virá?

Hellen Cortezolli 

Na magia em que acredito (@Cortezolli)

Cena do curta metragem “O Cerco” Bagé-RS Jan/2013

Rostos, vozes, formas, diálogos, objetos e ritmos inserem essa alma em uma nova ambientação.


E, vejo as coisas fluírem como nunca imaginei…
Me surpreendo como o tempo colabora.

São personagens, figurino, locação, maquiagem, ângulos e a figuração que chega aos montes, tudo ao mesmo tempo agora.

O resultado parece ter sido há dias, porém, se passaram poucos minutos.
Foi apenas o céu que brincou de iluminação.

Silêncio no set…
Câmera, luz, ação!

Há cinco dias era apenas um projeto, e na sala escura agora vertem as lágrimas da emoção.

Hellen Cortezolli