Cia de Teatro Indígena Maiuhi apresenta cinco espetáculos nesta sexta (23)

O Amapá agora tem uma Cia de Teatro Indígena, o Teatro Maiuhi, formada por 30 jovens atores de quatro povos: Karipuna, Galibi Maruworno, Palikur e Waiãpi. Ela se apresentará no Festival Teatro Maiuhi, dia 23 de junho, às 18h, no Auditório Central da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), em Macapá (AP).

Iniciativa do Projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV), em parceria com o Pet-Indígena da Universidade Federal do Amapá (Unifap), a formação de jovens atores indígenas é uma das estratégias de comunicação e educação do PRCV e tem por objetivo criar canais de produção e troca de conteúdo sobre promoção da saúde.

Os jovens atores serão multiplicadores da Estética do Oprimido, um dos métodos teatrais de criação artística coletiva mais difundidos no mundo, criado na década de 1970 pelo teatrólogo Augusto Boal, e atualmente praticado em mais de setenta países por pessoas em total diversidade de gênero, faixa etária, etnia, cultura e profissão, mas que possuem em comum os objetivos de transformação social e desenvolvimento humano por meio da arte.

A primeira oficina aconteceu de 6 a 15 de março no Centro de Formação Domingos Santa Rosa, com o apoio do Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO). Esta semana o Teatro Maiuhi está em Macapá, no campus da Universidade do Estado do Amapá (Ueap), até o dia 23 de junho para a segunda etapa do Projeto. As oficinas são ministradas pelo Prof. Luiz Vaz, um dos fundadores do Centro do Teatro do Oprimido de Augusto Boal (CTO RJ).

A metodologia tem como principais objetivos a democratização dos meios de produção teatral em que as opressões sociais vividas pelos diferentes grupos oprimidos em uma sociedade são a base da sua própria dramaturgia, propondo reflexões na busca de saídas que indiquem caminhos para livrarem-se das opressões.

O Teatro Fórum consiste na apresentação de um espetáculo curto com temática (opressão) de interesse de toda a comunidade para quem está sendo apresentado e o público é estimulado a entrar em cena, substituir o protagonista e propor soluções para o então problema apresentado, participando de forma direta na ação teatral.

O que se buscou foi a democratização dos meios de produção teatral, estimulando a criação de grupos e espetáculos de teatro nas aldeias do Amapá; a difusão da importância da promoção do bem-estar social, especialmente da saúde junto as aldeias indígenas, através da identificação das opressões sociais vividas pelos povos indígenas, utilizando-as como base da dramaturgia, propondo reflexões na busca de saídas que indiquem caminhos para livrarem-se das opressões; a sensibilização da comunidade local sobre a importância das imunizações, promovendo a circulação de espetáculos de teatro nas aldeias que provoquem a reflexão e o debate por meio de informações confiáveis e que contribuam para diminuir a hesitação vacinal, atingir altas coberturas em todas as vacinais e promover a saúde.

O Teatro Maiuhi já tem cinco espetáculos montados com temas e textos criados por seus atores: O SUS e o Susto do Jacaré (sobre hesitação vacinal), A Terra chora: interesses vindos de fora (sobre o garimpo), Silenciamento racial: a luta de ontem e de hoje (sobre preconceito contra indígenas em instituições de ensino), já apresentados no Oiapoque e Por onde anda o papagaio? (sobre alcoolismo) e Desaldeiada? (sobre a rejeição na aldeia de quem sai para estudar na universidade), dois temas inéditos que estreiam no Festival Maiuhi em Macapá.

Sobre o PRCV

Iniciado em 2021, o Projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais (PRCV) tem como desafio mobilizar, conectar e fortalecer redes de solidariedade, envolvendo a sociedade como um todo, em torno da reversão das baixas coberturas vacinais, e do enfrentamento das doenças imunopreveníveis que estão sendo reintroduzidas em nosso país, como o sarampo e a poliomielite. A iniciativa é liderada por Bio-Manguinhos/Fiocruz, pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim) e pelo Departamento de Imunização e Doenças Imunopreveníveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), e foi iniciada em todo estado do Amapá e 25 municípios das 1ª e 14ª Regiões de Saúde da Paraíba.

O grande diferencial do PRCV é a construção de um Pacto Social pela Vacinação, tendo como protagonistas os estados e municípios, e contando com a mobilização de Redes locais de apoio compostas pelo poder público, universidades, grupos culturais e artistas, entidades religiosas, conselhos municipais de saúde, movimentos sociais, entre outras organizações representantes da sociedade civil.

Festival Teatro Maiuhi

Dia 23 de junho (sexta-feira) às 18h

Auditório Central da UEAP – Universidade do Estado do Amapá

Av. Presidente Vargas, 650 – Centro – Macapá

O SUS e o Susto do Jacaré

Diogo Karipuna

Everton dos Santos Costa

Lu Karipuna

Pauri Waiãpi

Rayan Batista

Rozi Charles

Tifani Santos

Tairene Karipuna

Eliane Ioio Felicio

A Terra chora: interesses vindos de fora

Edí Iaparrá

Juilson Marworno

Naty Forte

Rayan Batista

Edenilson Pereira

Silenciamento racial: a luta de ontem e de hoje

Arleio Clarindo Alexandre

Carlene Batista Henrique (Lene)

Eziane dos Santos Batista

John Karipuna

Ane Iaparrá

Ori Narciso

Noel Henrique dos Santos (Noel Haga)

Coreografia: Dieimisom Sfair dos Santos (D Sfair)

Noel Henrique dos Santos (Noel Haga)

Por onde anda o papagaio?

Pauri Waiãpi

Koni Waiãpi

Kataye Waiãpi

Kurinã Waiãpi

Tupi Waiãpi

Waraperu Waiãpi

Desaldeiada?

Tairene Karipuna

Eliane Ioio Felício

Aguinaldo Martins Batista

Jovielson Batista Ioiô

John Karipuna

Texto: Isabel (Fiocruz)
Fotos: Gustavo Furtado (ICICT/Fiocruz)
Assessoria Especial da Reitoria – Assesp/Unifap
[email protected]

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