Escola do Legislativo reúne servidoras para discutir a violência de gênero

A Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Amapá (ALAP) realizou, na sexta-feira, 18, uma roda de conversa com o tema “Brasil sem violência contra a mulher. Brasil com respeito” em alusão ao Agosto Lilás, mês de enfrentamento à violência de gênero.

Ao mesmo tempo em que a sociedade vive um contexto preocupante quando se fala em violência contra a mulher existe, em paralelo, um intenso movimento para combatê-lo por meio de ações e políticas públicas de enfrentamento. Com esse objetivo a Escola do Legislativo reuniu diversas autoridades para debater junto às servidoras desta Casa de Leis e sociedade, mudanças capazes de assegurar às vítimas as informações necessárias para que se sintam seguras através de uma grande rede de apoio.

Para a Procuradora da Alap, Renata Lima de Castro, eventos dessa natureza fortalecem as mulheres para que saiam do ciclo da violência. “Esse evento incrível que reuniu não só servidoras, mas pessoas de fora, serve para discutirmos um assunto tão importante no momento presente que é a violência contra a mulher porque eu sempre digo que a gente não pode resolver aquilo que não conhecemos, por isso esses encontros são fundamentais tanto no Agosto Lilás quanto em todos os momentos para que possamos fortalecer as mulheres vítimas de violência para que não tenham medo de denunciar seus agressores”.

Juliana Galvão, psicóloga, também pertencente ao quadro da Alap, reforçou a importância de levar informação a todas as mulheres. “Quero parabenizar a Escola do Legislativo por esse debate tão necessário para que possamos enfrentar essa realidade da violência contra a mulher no Brasil. Precisamos olhar para essas mulheres não só de maneira clínica comportamental e psicológica, precisamos educar, prevenir para que, dessa forma, conversando, apresentemos a elas essa possibilidade de salvação através do esclarecimento e da conscientização. Salvar uma mulher é para todos, vai além do ambiente familiar e profissional, já que não raro essa mulher pode estar mais próxima de nós do que imaginamos”, lembrou.

A coordenadora geral da Frente de Apoio às Mulheres FREA/Ap, Alícia Miranda, destacou o quanto é fundamental levar atendimento a mulheres vítimas de violência ,em especial a mulheres mais vulneráveis economicamente. “Já chegamos a atender cerca de cem mulheres em nossa instituição, hoje fazemos um trabalho de acompanhamento e orientação para que ela saiba, por exemplo, como solicitar uma medida protetiva,sempre respeitando o momento dela, já que nem todas sentem-se preparadas para sair de um relacionamento abusivo; é um processo. Contamos com um quadro de servidoras que atuam nesse trabalho de redirecionamento das vítimas para os instrumentos de apoio adequados. Porém, é de extrema relevância que essas mulheres saibam a quem recorrer para que então sintam-se protegidas e seguras para realizarem a denúncia e ficarem livres do agressor. As medidas protetivas são muito importantes para que os órgãos saibam que aquela mulher está em risco, que aquela mulher muitas vezes já fez inúmeras denúncias; a medida protetiva é um dos meios que podem contar a história de agressão dessa mulher que vai além do seu testemunho, mas o legaliza porque é um documento”.

Após viver um casamento de 12 anos onde era constantemente agredida física e psicologicamente, Aldaléa Rodrigues, 50 anos, conseguiu se ver livre de seu abusador. Em um depoimento emocionante ela relatou os momentos dramáticos que viveu enquanto ainda era casada. “Só eu sei o que eu vivi porque na minha época não havia essa imensa rede de apoio com a qual atualmente as mulheres podem contar. Eu faço questão de dizer a essas mulheres que vivem situações semelhantes a minha que sempre há esperança, que não tenham vergonha porque essa vergonha não nos pertence, pertence sim a quem pratica a violência contra nós. Eu sou uma sobrevivente, lutei por minha independência ,deixei de me preocupar em manter as aparências em um casamento que me fazia sofrer, dentro do que eu chamo de uma prisão sem muros. Fiquei com cicatrizes, faço acompanhamento psiquiátrico, psicológico, mas sobrevivi. Hoje sou dona da minha vida e posso assim lutar pela minha felicidade. É preciso coragem e nós mulheres somos fortes o suficiente para vencermos essa luta” afirmou.

A roda de conversa contou ainda com a presença da delegada Marina Guimarães, titular da Delegacia de Crimes contra a Mulher/DECCM. Na próxima segunda-feira, 21, a roda de conversa será voltada para os servidores homens da Alap, a partir das 9h no auditório João Queiroga, no prédio da Assembleia Legislativa.

Texto: Ruth Carrera
FOTOS: Heider Torres
Dircom/Alap

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *