“Gabinete nas Escolas”: ação da Promotoria de Defesa da Educação é realizada na Escola Estadual José do Patrocínio

Na última quarta-feira (18), foi realizada na Escola Estadual José do Patrocínio, localizada no distrito de Fazendinha, mais uma atividade do “Gabinete na Escola”, uma ação da Promotoria de Defesa da Educação do Ministério Público do Amapá (MP-AP), que visa conhecer de perto todas as dificuldades enfrentadas pela comunidade escolar e cobrar as devidas providências.

Durante a roda de conversa, conduzida pelo promotor de Justiça Roberto Alvares, em conjunto com as Instituições presentes, antes de iniciar a inspeção nas instalações da escola, ouviram os profissionais que atuam na unidade, direção, corpo técnico, professores, pais de alunos e os representantes da comunidade puderam expor as principais demandas, com destaque aos graves problemas de infraestrutura e falta de acessibilidade.

Na oportunidade, um documento confeccionado pela comunidade apontando os diversos problemas existentes na escola foi entregue ao controlador-geral do Estado, Otini Alencar.

A unidade, embora localizada em uma bela Área de Proteção Ambiental (APA), às margens do Rio Amazonas, tem aparência de abandono. Não há porta em nenhuma sala de aula, as paredes estão sujas, riscadas e faltam 112 carteiras escolares. “No turno da manhã, quando temos mais alunos, é uma correria pra pegar carteira. Quem chega depois da educação física, por exemplo, não tem onde sentar”, desabafou um professor.

É comum ver alunos nos corredores carregando as carteiras de uma sala para outra conforme a necessidade. Pais de alunos com deficiência denunciaram a falta de acessibilidade. Não tem rampa, nem banheiros adaptados para cadeirantes. Alunos de educação especial também sofrem com a falta de atendimento adequado.

Velhos problemas

Parte da quadra esportiva está descoberta e os vestiários servem de depósito para materiais em desuso. Há muita sujeira, cupim e um enorme matagal ao redor da escola. Mais um grave problema apontado pela comunidade escolar é a falta de climatização.

“A sala dos professores é tão quente que acredito ser impossível planejar algo em um ambiente como este. Vejam a importância de estarmos aqui, pois só assim conseguiremos sentir a dor do outro”, observou o promotor de Justiça Roberto Alvares. O Laboratório de Informática Educativa (LIED) está há um ano sem desenvolver suas atividades porque não há estrutura adequada.

A mãe de uma aluna com altas habilidades relatou que o ambiente insalubre levou ao adoecimento da filha, que ficou 21 dias internada devido a uma grave crise alérgica. Maria das Graças, mãe de um aluno surdo, desabafou: “meu filho não gosta de vir pra escola. Tá tudo uma bagunça, o banheiro um nojo, as paredes riscadas e ele ainda não aprendeu LIBRAS”.

A TV Escola não funciona por falta de equipamentos e central de ar; as fossas estão sem manutenção; os bebedouros foram instalados em espaços impróprios, onde sofrem depreciação devido às fortes chuvas e a merenda escolar é de baixa qualidade.

“O propósito da nossa ação é vivenciarmos essas dificuldades enfrentadas pela comunidade escolar todos os dias. Convidamos os órgãos e entidades responsáveis pela defesa da educação pública para termos uma resposta mais rápida aos problemas. O verdadeiro protagonismo é este, quando todos juntos, responsáveis pelo sistema educacional, mergulhamos na realidade desses alunos, não apenas para apontar as falhas, mas indicarmos e cobrarmos as devidas soluções”, reforçou Roberto Alvares.

Projetos inovadores

Apesar das dificuldades na parte de infraestrutura, os professores e alunos implantaram o projeto Rádio Escola JP (também na web), como espaço de propagação da área de proteção ambiental da Fazendinha e sua importância para o meio ambiente. A programação também é transmitida pelo facebook em: https://www.facebook.com/radioescolajpweb/

“Com esta proposta temos a finalidade de despertar o público radiouvinte interno e externo para uma construção ou reconstrução de valores e respeito ao nosso meio ambiente local, dentre eles a APA e sua grande importância para toda a humanidade”, explicou o professor Antônio Júnior.

Reforço e pesquisa: aos sábados, cerca de 100 alunos participam de preparatório do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e dois alunos estão cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, inclusive selecionados para uma feira internacional. Porém, para assegurar a participação dos estudantes, os professores organizam rifas a fim de arrecadar os recursos necessários. Neste particular, a coordenadora da CEBEP/SEED, Luceni, informou que existe rubrica própria para este propósito, sendo necessário que a gestão escolar apresente documento solicitando a ADINS.

Para compartilhar a experiência e responsabilidade pela defesa da educação pública, a Promotoria convidou diversos órgãos. Na ação dessa quarta, estiveram presentes os representantes das seguintes instituições: Sindicato dos Servidores Públicos em Educação (SINSEPEAP), Controladoria-Geral do Estado (CGE), Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (CAOP/IJE), Secretaria de Estado da Educação (SEED), União dos Estudantes dos Cursos Secundários do Amapá (UECSA) e Conselho Tutelar da Zona Sul.

SERVIÇO:

Ana Girlene
Assessoria de Comunicação do Ministério Público do Estado do Amapá
Contato: (96) 3198-1616
E-mail: [email protected]

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