Incêndio ameaça Reserva Biológica do Lago do Piratuba

Um incêndio tem ameaçado a Reserva Biológica (REBIO) do Lago Piratuba, no Leste do Amapá, sendo necessário o reforço para combater o fogo na região. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tem monitorado e atua para controlar o fogo que ocorre em uma fazenda nos limites sudeste da unidade de conservação.

O incêndio já atingiu cerca de 1.591,5 hectares de uma área que abriga uma mata de açaí nativo, uma importante fonte de subsistência para os habitantes da região, e está atualmente a 2 km do limite oeste da REBIO, colocando em risco a integridade de uma área importante, o Cinturão do Lacustre Meridional, que é um ecossistema vital para conservação do Pirarucu (Arapaima Gigas), Ariranha (Pteronura brasiliensis) e a Onça-pintada (Panthera onca).

Já foram mobilizados 22 brigadistas e 22 pessoas da equipe de apoio a fim de agilizar as estratégias de combate ao fogo que destrói a vegetação superficial composta de campos e florestas de várzea, com presença de matéria orgânica subterrânea, chamada de turfa.

O incêndio de turfa é um dos mais complexos tipos de incêndios florestais, a forma de combate ao fogo, segundo o ICMBio, é a cavação de trincheiras, evitando que o fogo se desloque para áreas não atingidas. Os incêndios em áreas de turfa podem durar semanas ou meses, dependendo da quantidade de material orgânico na área, destruindo grandes áreas. As turfas são um reservatório natural de carbono e, quando ocorrem esses incêndios, todo o carbono acumulado é emitido para a atmosfera.

A região onde ocorre o incêndio na REBIO do Lago Piratuba é de difícil acesso, sendo necessário o apoio de helicópteros na logística do combate, transportando os brigadistas e os materiais para o combate. O acesso a região é todo fluvial durante o verão, com o período de seca a região é de difícil acesso, somente com apoio aéreo o combate é possível acessar esses locais. Além disso, as condições climáticas são propícias ao aumento da intensidade do fogo.

Ameaças – A REBIO do Lago do Piratuba é pressionada há anos pela pecuária bubalina descontrolada, pesca ilegal e invasões. Esse processo causa uma enorme perda, inclusive drenando essa região de lagos pelo pisoteio e abertura de canais ocasionados pelos búfalos. Devido as essas pressões ambientais, a região está se descaracterizando e colocando em risco espécies como o Pirarucu, Onça-pintada e aves migratórias que utilizam a unidade como ponto de parada, além de outras espécies.

A chefe da Rebio Lago do Piratuba, Patrícia Pinha, ressalta a necessidade de políticas eficazes de prevenção de incêndio. “A dificuldade de combate a incêndios, principalmente, o subterrâneo, é um lembrete da importância e da necessidade de políticas eficazes de prevenção de incêndios, licenciamento adequado das atividades no entorno e da urgência de conservar ecossistemas naturais delicados. Ainda que a Rebio se prepare todos os anos para o combate, as ameaças externas têm se tornado constantes”, pontuou.

Histórico – Esse não é o primeiro incêndio nesta unidade de conservação, segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O incêndio considerado de maior proporção aconteceu em 2001, quando uma área de aproximadamente 60 mil hectares foi destruída pelo fogo.

Sobre a Rebio – Criada pelo Decreto federal nº. 84.914, de 16 de julho de 1980, a Reserva Biológica do Lago Piratuba é uma Unidade de Conservação de proteção integral, criada com o objetivo de preservar a diversidade biológica da região dos lagos e dos manguezais do Estado do Amapá, estabelecendo programas de proteção e monitoramento e incentivando a realização de pesquisas, educação ambiental e a visitação pública. Possui aproximadamente 400.000 hectares, situados na porção leste do Estado do Amapá, no setor atlântico da planície costeira, região do baixo curso do rio Araguari, próximo à foz do rio Amazonas. Abrange parte dos municípios do Amapá e Tartarugalzinho.

Texto: Alessandra Lameira
Imagens: ICMBio/AP
Contato: 98119-7655
Ascom ICMBio/AP

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