Nossos tempos são uma onda louca! – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

Na minha adolescência, poucos anos atrás (acreditem!), se alguém chegasse e me contasse o que vem acontecendo de forma geral no mundo, eu, que mesmo jovem, sempre procurei me informar e fui bastante crítica, iria achar que tudo se tratava de um delírio, que alguém com bastante criatividade estava querendo me pregar uma peça ou que o emissor da informação não estava com seu juízo equilibrado.

Mas cá eu, 44 anos, passei e passo por uma pandemia com tantas perdas, variantes virais, toque de recolher para evitar aglomeração pois o inimigo é invisível, uso de máscaras, álcool em gel, realização de shows em lives transmitidas na internet e tantas outras adequações que tivemos que nos adaptar.

Na minha época de escola, o telefone era fixo ou orelhão que fazia ligação com ficha telefônica e em seguida o cartãozinho. A ida a banca de jornais e revistas era um acontecimento, de onde eu saía com meus almanaques, álbum de figurinhas e gibis e a mamãe com revistas e jornais, que era o que nos mantinha informados, além, claro, da televisão e rádio.

Se me falassem naquela época que existiria internet, redes sociais, a velocidade com que se difundem informações, sejam elas verdadeiras ou não, através de telefones que são câmeras fotográficas, computadores e funcionam também como telefones (pasmem!), imediatamente eu iria achar que a essa altura do campeonato os carros voariam como naves espaciais dos desenhos animados.

O problema é que os carros não voam ainda, a desigualdade social só cresce, onde pequenas fatias possuem muito e a maioria do bolo não tem nada, mas e daí? Importa o engajamento, seguidores, produzir “conteúdo” por muitas vezes tão sem conteúdo que me recuso a denominar assim em alguns casos.

E a China uma grande potência capitalista! Rússia e a ameaça de terceira guerra mundial, ataques a civis: velhos, mulheres e crianças morrendo primeiro. A Telma adolescente iria gritar bem alto: “Que mentira!”. Mas não é. A dinâmica, velocidade e variedade dos acontecimentos por muitas vezes nos deixam atônitos.

Claro que existem muitas conquistas, avanços tecnológicos, descobertas, coisas boas. Mas ainda temos muitos desafios. Mesmo assim pra jovem Telma, é como se o mundo fosse outro, totalmente mudado, mesmo que com velhas misérias, mas quando a Telma de hoje pára pra refletir nessa linha louca de tempo, descobertas, mudanças, transformações dela, do mundo, cultura, hábitos, ela só consegue pensar: “Que onda louca tudo isso!”, mas o que importa é que ela chegou até aqui e continua seguindo, surpreendentemente otimista e orgulhosa de todos os passos dados nessa extensa caminhada.

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

  • Telma é uma mulher inteligente, com um pontencial que as vezes desconhece, mas ao mesmo tempo tenta soltar essa fera que existe dentro dela.

  • Acredito que todos nós temos esses momentos de reflexão, onde percebemos que estamos sempre correndo, reféns da tecnologia, seja ela no trabalho ou da vida pessoal! Sentimos saudades da simplicidade, de quando não éramos “alimentados” 24horas por tanta informação e desinformação, de quando o dia demorava mais para terminar e tudo era mais simples!

  • Consegui sentir saudades de receber /enviar uma carta via correios, de ir até o orelhão na hora marcada para receber uma ligação, e me ” atualizar” nas revistas semanais …
    O tempo passava devagar …
    E o tempo voando , escorrendo pelas mãos, era só na música linda do Lulu Samtos , que ouvíamos no som , na fita K7.
    Maravilha a sua crônica!!!!

  • Creio que a nossa geração, a minha e a sua, se identifica demais com a velocidade assustadora dos fatos. Somos nós, assistindo e presenciando tais fatos históricos com dor e, ao mesmo tempo, felizes pelo simples fato de estarmos sobrevivendo a isso.

  • Parabéns mais uma vez pela Bela Crônica! Amiga a Geração Z , como diz o grande mestre Piovan, ela têm o QI menor que a Geração X e Y.
    Nossa época foi Maravilhosa!

  • Uma bela leitura, ela alcança os remanescentes do final anos 70, pelo texto você é de 77, já se encaminhando para o seu final da década, iniciado os anos 80, eu sou de 63.
    Pelo que observei, não existia adolescentes ou jovem nessa época, que não se imaginava nos anos 2000, e em sua maioria imaginava um mundo totalmente diferente, como você disse, carros voando, doença erradicadas, imaginávamos que os homens alcançaram um bem estar total.
    Ledo engano, apesar dos avanços tecnológicos, estamos indo de mal a pior, as guerras demostram um retrocesso a idade das trevas, juntos suas doenças como a peste negra.
    Mas fico com seu final, ainda estamos aqui, sobrevivermos e desejaremos sempre dias melhores.

  • Que reflexão incrível, muitas coisas boas aconteceram, no entanto confesso que gostava da simplicidade, contudo faz parte da evolução em nossas vidas e temos que acompanhar e caminhar juntos.
    Amei a sua crônica!

  • Eita Telma , que vc é uma escritora maravilhosa , dona de um humor fino e elegante , que é sistemática , cautelosa, gosta de se sentir segura (por isso acaba deixando essa fera que existe em vc, como já mencionaram acima ahhh , meio presa eu diria), isso tudo eu já sabia ! Descobri mesmo que somos coleguinhas do mesmo ano , e sabe o que é mais : eu sinto do mesmo jeito , que onda doida ! Pára o mundo que eu quero descer ! Não tem calma e elegância que aguentem ! Desabafos à parte, por favor Telminha escreva mais escreva sempre ! Elton mandou benzaço nesse incentivo ! Parabéns !

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *