Osmar Júnior pertence a uma rara classe de pessoas (crônica do poeta Obdias Araújo ao “poetinha”)

O sacana do Osmar Júnior pertence a uma rara classe de pessoas que só existem porque elas mesmas determinaram que assim seria. O cara é aquilo que você está pensando, com PH de pharmácia! Uma vez ele montou uma banda carnavalesca e me convidou para fazer parte. Eu no trombone, o Nambu no saxofone em Alto Mib e acho que outro Osmar – o Marinho – no trompete. Mas o Osmar Júnior, este mesmo que sabe tudo de guarás e revoadas, pouco ou nada entende de ensaios, pontualidade ou responsa.

Eu já tava meio pau meio tijolo quando ele entra no banheiro onde eu jogava a cerveja quente fora e vem com essa:

-Poeta! Eu vim chutado de Santana pela JK! Adivinha quem vinha correndo na minha frente? O Mickey Mouse! Chegava a sair fumaça dos pés dele! Quanto mais eu acelerava a moto, mais ele disparava a moto na carreira! Até me olha por cima do ombro com aquela risadinha de rato sacana!

Depois dessa, adeus, ensaio! Fechamos a Sede do Trem e atravessamos pro Belmiro pra engolir o resto. Gosto deste cara! O repertório dele é um paneirão tei-tei de amor, paixão, melancolia, ufanismo e tudo mais daquilo que é preciso para amarrar a boa poesia ao poste do ouvido.

Gosto de todas as composições do Osmar Júnior! De todas! Porém existe uma que mexe com minha sensibilidade ainda mais que as outras: Violino. Que ele cometeu em parceria com o Dr. Fernando Pimentel Canto – aquele que preside aquela agremiação do lado de lá da Planície dos Tucujus e cujo talento poético sozinho lotaria um Zerão inteiro!

Violino! Bastava que eu, lá do banco do outro lado da rua, imitasse com os braços alguém tocando este instrumento e o Osmar Júnior no pequeno palco do Lennon Bar contava e cantava as peripécias do Delegado Farofino e da moça que ria tanto que acabou todo o cigarro!

Amo você, Osmar Júnior! Como amo a todos os poetas de talento e sensibilidade! Porque sem o talento e sem a sensibilidade não resiste a poesia! Da Vacaria do Barbosa ao Calçadão do Waldir, todo poeta sabe disso!

Inclusive o Dr. Fernando Pimentel Canto – aquele não menos sacana que preside aquela agremiação do outro lado da Planície dos Tucujus e que todo santo dia passeia, libertário e feliz, dentro da minha amizade!

Obdias Alves de Araújo – Poeta e catador de ostras.

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