Poema de agora: OCULTO – Ori Fonseca

Ilustração: Campo de Trigo com Feixes, de Vincent van Gogh, 1888.

OCULTO

Eu continuo vivo, meus amigos,
A poesia oculta está na veia,
A letra que se leia ou não se leia
É a telha-vidro dos meus desabrigos.

Ainda estou vivo aqui, meus inimigos,
Vós que lançais a imprescindível teia
E que me amais além da praga feia,
Vós sois os companheiros mais antigos.

Estou por cá qual vento nos trigais,
Movendo a vida sem ser visto ao fim,
Sentido na plumagem do capim.

E cá estou eu quase invisível, mas
Se minha letra não for lida mais,
Sabei, no entanto, que inda pulsa em mim.

Ori Fonseca

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