OCULTO
Eu continuo vivo, meus amigos,
A poesia oculta está na veia,
A letra que se leia ou não se leia
É a telha-vidro dos meus desabrigos.
Ainda estou vivo aqui, meus inimigos,
Vós que lançais a imprescindível teia
E que me amais além da praga feia,
Vós sois os companheiros mais antigos.
Estou por cá qual vento nos trigais,
Movendo a vida sem ser visto ao fim,
Sentido na plumagem do capim.
E cá estou eu quase invisível, mas
Se minha letra não for lida mais,
Sabei, no entanto, que inda pulsa em mim.
Ori Fonseca