Poema: Tudos e Nadas – Ori Fonseca

Ilustração: De Quantas Máscaras Você É Feito?, de Paulo Laender.

Tudos e Nadas

Eu quero dizer o poema das vertentes,
Entes
Transbordando dos canais,
Empilhados nas calçadas,
Comendo tudos e nadas
Nos ramais
Correntes.
Eu quero cantar o lamento dos humanos,
Manos
Pululando nas esquinas,
Sufocando as alvoradas,
Temendo tudos e nadas
Nas ruínas
Dos anos.
Eu quero entender os anímicos de andores,
Dores
Dos anêmicos nas ruas,
De crenças desesperadas,
Louvando tudos e nadas
Há zil luas
De horrores.
Eu quero sonhar todo sonho que me aterra,
Terra,
Ventre escuro de onde vim,
Solo de minhas moradas,
Meu chão de tudos e nadas,
Do meu fim
Da guerra.

Ori Fonseca

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *