Essa história de Tom Moore, o veterano militar de 100 anos, que se tornou um herói nacional no Reino Unido, ao arrecadar o equivalente a mais de R$ 232 milhões dando voltas de andador em seu jardim, é uma história que ainda me leva a continuar acreditando no ser humano.
E acho, sinceramente, que acreditar no ser humano como fonte de onde podem emanar gestos tão singelos, tão solidários, tão desapegados de ambição pessoal é algo que precisa ser registrado enfaticamente.
Por quê?
Porque Tom Moore fez o que fez para ajudar o serviço de saúde de seu país para salvar vidas, nesta época em que o mundo inteiro derrama lágrimas pelas milhares de mortes em decorrência da pandemia.
Porque Tom Moore contrasta com um cenário em que vemos tantas pessoas, inclusive líderes políticos, agindo com crueldade, desumanidade, atrocidade e imbecilidade, tudo porque se aferraram a teses fanaticamente negacionistas que podem estar contribuindo para elevar a mortandade.
Quando me deparo com o exemplo de Tom Moore lembro-me do discurso que William Faulkner (1897-1962), o notável escritor norte-americano, fez ao receber o Prêmio Nobel de Literatura.
“Recuso-me a aceitar o fim do homem”, disse Faulkner. “Acredito que o homem não irá simplesmente resistir: irá triunfar. Ele é imortal, não por ser a única das criaturas com uma voz inexaurível, mas porque tem alma, um espírito capaz de compaixão, sacrifício e resistência”.
Está aí.
Esse é Tom Moore.
Viva ele!
Viva o ser humano.
Fonte: Espaço Aberto