Raí: o genial 10 do Morumbi – Crônica de Marcelo Guido

Crônica de Marcelo Guido

A lógica imponente que dois raios não caem no mesmo lugar não é respeitada pelos deuses da bola, seguindo esse preceito os ditos senhores celestiais do futebol concederam para outro membro da família Vieira de Ribeirão Preto o dom quase místico de jogar futebol.

E foi assim que Raí Souza Vieira de Oliveira, o irmão do Sócrates veio ao mundo, recheado de talento futebolístico e simplesmente predestinado a grandes conquistas.

Escreveu com muito talento uma história incrível com as camisas do Botafogo de Ribeirão, Ponte Preta e PSG da França, mas escalou o olimpo com o manto listrado tricolor do São Paulo Futebol Clube.

Alçado muito cedo aos profissionais do glorioso de Ribeirão, com apenas 15 anos já demonstrava o talento diferenciado no meio campo. Sua visão de jogo e domínio de bola o faziam se destacar perante seus companheiros, passes precisos que faziam com que a torcida não poupassem comparações com seu já famoso irmão, suas atuações chamaram a atenção dos dirigentes da Ponte Preta e já em 86 ele estreou no Brasileirão. Na volta para Botafogo durante o Paulistão de 87 marcou 3 gols contra Corinthians , tal atuação quase o fizeram a vestir a camisa alvinegra, o destino quis que o São Paulo o contratasse para o campeonato nacional de 87.

Sua chegada ao Morumbi foi cercada de expectativas, pois tratava-se de um jogador que já tinha mostrado seu talento, inclusive com uma convocação para a disputa da Copa América pela seleção Brasileira em 86, quando ainda atuava pela “Macaca”.

Em 89, veio o primeiro título com o São Paulo o campeonato paulista e uma campanha contundente no brasileirão, onde Raí era um dos destaques do time que foi vice-campeão do torneio, em 90 já consolidado como craque, Raí comandou o meio campo do tricolor que mais uma vez disputou a final do nacional. O título mais uma vez escapou, mas a chegada de Telê Santana já mostrava a nova colocação do jogador.

Se até a chegada do mestre Raí tinha marcado apenas 26 gols, atuando mais avançado marcou 28 apenas em 91, sendo 20 e no paulista os que lhe rendeu a artilharia da competição e o Titulo com direito a três gols na final contra o Timão, e após 2 anos consecutivos de derrotas em finais do nacional, o São Paulo com Raí como capitão levantou o troféu do Brasileirão.

Em 1992 um ano mágico tanto para o time como para o jogador, o gol que levou o São Paulo para a disputa de pênaltis na final da Libertadores da América foi marcado por ele, que ainda marcou o seu gol nas cobranças finais, resultado, mais de 120 mil tricolores que estiveram presentes ao Cícero Pompeu de Toledo, comemoram até o dia raiar.

Na final do Intercontinental, uma atuação de gala, como se estivesse jogando de terno, Raí garantiu o título mundial para o São Paulo, com dois gols, um de barriga , outro uma verdadeira pintura, de falta deixou boquiabertos os catalães do Barcelona. Melhor jogador da partida, capitão, o mundo era tricolor. Na volta para o Brasil, mais um troféu, o Raí e o São Paulo levantam pela segunda vez o paulistão, neste campeonato Raí marcou 5 só de uma vez contra o Norusca de Bauru (Noroeste).

Em 93, fez um dos gols na final da Libertadores o que lhe fez levantar mais uma vez o maior troféu das américas o São Paulo era bicampeão, vendido ao PSG ganhou o campeonato francês no seu ano de estreia, além de 2 vezes a copa da liga, 2 vezes a copa da França , 1 vez a supercopa e 1 vez a recopa europeia, 7 títulos, no período de 7 anos no solo francês, em 2020 foi coroado como o melhor jogador da história do Clube.

Pela seleção nacional, foi 10 da amarelinha na seleção tetracampeã, mas perdeu espaço e atuou como titular nas 3 primeiras partidas da campanha do tetra de 94, era o capitão até passar a braçadeira para Dunga.

Em 98, na sua volta para o Brasil, o caminho natural era Morumbi, ai um fato que só os maiores conseguem, Raí fez um gol e ganhou o paulista novamente contra o Corinthians , no dia que desembarcou em solo paulista, só os maiores fazem isso.

Seu faro de gol, sua excelente colocação na área o fizeram ser colocado na galeria dos maiores do futebol, é sem dúvida alguma no panteão maior de heróis tricolores ao lado com certeza de Ceni, Careca e Chulapa.

Foram 17 títulos em 16 anos de carreira, mas sem dúvida alguma foi o rosto que cunhou a história vencedora do São Paulo.

Raí é sem contradições um dos maiores jogadores que vi jogar.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia.

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