Só vale se for intenso (e completo!) – Por Telma Miranda – @telmamiranda

Imagem encontrada no site “Olhe os Muros”, no endereço: https://olheosmuros.com.br

Leminski já falava que devemos deixar de lero lero, pois não existe sexo sem amor se todo tesão é sincero e essa é uma discussão que há tempos divide as pessoas.

Até concordo com Leminski sob certos aspectos, mas claro que falo por mim, pois para que eu chegue às vias de fato, o processo normal é gradativo, de conhecimento, diálogo, envolvimento, confiança, mas quando se chega é a perfeição.

Quando se tem química, claro, pois não adianta todo envolvimento e afinidade intelectual se a carne não pegar fogo, se não der choque quando a pele encosta e se as borboletas no estômago não deixarem sem ar, leve e certa do que se quer.

Não vamos negar a existência dos casos do tesão isolado, do instinto puro de simples satisfação que é até bom, mas não completa. Lembrando que me refiro ao meu sentir, leitores que não concordem com a premissa. Em uma simples visão seria mais ou menos reconhecer que satisfazer o corpo e a carne é bom, sim, como negar!? Mas satisfazer a carne, o corpo e a mente?! Isso SIM é a plenitude.

Intercalar sexo com uma boa conversa, ver um filme abraçadinho, discutir o cenário político, transar de novo, falar sobre tudo sem ter que procurar palavras, simplesmente ser, estar e fazer. Por isso o processo é lindo, pois quando tudo isso acontece comigo (e acredito que com qualquer pessoa!), a conexão mental, somada a reação química da junção dos corpos torna qualquer encontro o melhor de todos.

Não existiu ninguém antes e nem existirá depois que te complete tanto, que te satisfaça tanto, que te alimente e hidrate corpo e alma com tanto sucesso.

Sentir tudo isso é ganhar na loteria num mundo tão líquido, de pessoas tão rasas, que na maioria estão mais preocupadas com quantidade ao invés de qualidade, mas se vc conseguiu firmar vínculo com alguém e sentir algo pelo menos parecido com o que descrevi, saiba que você é um privilegiado, pois você, como eu, SENTE! E sentir hoje é raro, não importa o formato ou nomenclatura, desde que nos faça felizes.

Mesmo que o preço do sentir muito seja depois sentir falta, viva a sua experiência da forma mais plena que puder, pois mesmo quando você estiver com saudade, ou quando chorar no seu travesseiro pelo pé na bunda, lembremos e fiquemos com o que sentimos, com o que essa experiência nos fez melhor e crescer e com a consciência de que tudo realmente passa, seja bom ou ruim, mas já que é para passar, que seja vivido da melhor forma. Sem arrependimentos. Viver é isso.

Telma Miranda

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

  • Tu tá profissional. Gostei dessa parte: “lembremos e fiquemos com o que sentimos, com o que essa experiência nos fez melhor e crescer e com a consciência de que tudo realmente passa, seja bom ou ruim…”

  • “sorte no jogo / azar no amor / de que me serve / sorte no amor / se o amor é um jogo / e o jogo não é meu forte, / meu amor?”.

    Rsrs. O jeito peculiar de Paulo Liminski ao produzir suas poesias, fazendo trocadilhos com os ditados populares era simplesmente hilário. Percebo que ele nos deixou um grande ensino, um legado, que as coisas do amor ser vista de forma leve, engraçado, fazendo até zombarias com nossas próprias frustrações.
    Eu, em particular, vejo no Vinícios de Moraes, usando os pensamentos poéticos, um descrever de como relacionamentos os deveriam ser entendido; “Não seja imortal posto que é chama, mas infinito enquanto dure”.
    Ela fala no soneto da felicidade em viver um cada momento espalhando cantos, rir o riso, derramar o pranto, no pesar e no contentamento. Considerando sempre a possibilidade da separação, sendo ela uma realidade; Mesmo que não sejam motivados por circunstâncias do cotidiano da vida, certamente será um dia pela morte.
    A felicidade são momentos, e maioria das vezes são percebidos quando já passou.
    Você descreve, em seus pensamentos, o relacionamento, a tempestade perfeita, e é o que todos buscam, a associação do fogo do sexo, com a sintonia de alma, dos pensamentos, da afinidades, do companheirismo, da compreensão.
    Eu penso que essa associação ideia é utópico, como você disse, um ganhar de loteria, um personagem de um romance, o tal, “então foram felizes para sempre”.
    Quem sabe ele exista nesse universo. Se ainda não conhecemos, que seja sempre um desejar um suspirar, um anseio.

  • Muito bom !
    Suspeitissima para elogiar , mas consciente da qualidade do texto …meio clichê dizer que “ninguém faz omeletes sem quebrar os ovos ” cabe para exemplificar que não vivemos um grande amor sem mergulhar de cabeça…nesta ordem, primeiro a cabeça…A química, a física e a biologia vem depois , e compõe a sinfonia…aí entram borboletas , passarinhos , estrelas, lua , sol…e as vezes, a queda livre …
    Continua minha filha, escrever é uma forma inteligente de soltar todos os anjos e demônios…
    Parabéns!

  • Texto incrível, acessível e muito bem desenvolvido. Parabéns Telminha… 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 leitura leve que dá um gostinho de quero mais.

  • Adorei o texto, de fácil compreensão, em uma linguagem acessível para que possamos refletir nessa questão de se estar presente do sentir citado pela autora. Parabéns Telma.

  • Mesmo que o preço do sentir muito seja depois sentir falta, viva a sua experiência da forma mais plena que puder, pois mesmo quando você estiver com saudade, …..
    Amei essa reflexão, em especial esse parágrafo, precisamos viver os momentos com toda intensidade sem medo de ser feliz , mesmo amanhã seja só saudade…

  • Uma escrita etílica, por assim dizer rsrsrs. Tipo aquele momento filosófico que se dito ao bafômetro levaria ao CIOSP o condutor. Por isso mesmo, livre das amarras sociais, das arestas de pensamento, daquelas jaulas de modelos que recebemos ao nascer. Gostei muito!

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