Poema de agora: Recompensa – Pat Andrade

RECOMPENSA

o dia seguinte
se pendura no ponteiro
como se fosse
se atirar do precipício

de dentro do quarto
ouço o outono
chegando
silenciosamente

o sol desaba no poente
no mesmo instante
em que a cigana
lê a minha mão

para ver estrelas
subo as escadas
como se fossem
montanhas

antes da alvorada
alguém me tira
pra dançar pelas galáxias
desleixada
perco as sandálias
no espaço

minha recompensa
é perceber que toda a poesia
foi feita pra bordar
de alegria e amor
os meus dias tristes

Pat Andrade

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