A viagem poética/literária de Bruno Muniz – Capítulo II

Resolvi sair bem cedo, sem me despedir, às pontas dos pés pra que não me fizesse notar. Arrumei numa sacola o que achei de primeira necessidade: uma barraca, saco de dormir e utensílios de limpeza. Peguei o sapato mais macio, que pela beleza é certo que há muito não se fazia notar, mas que seria de muita valia a um andarilho iniciante. Coloquei no bolso todo o dinheiro que guardara há dias – já no intuito da viagem – e deixei um bilhete pra que não se preocupassem:

“Tão logo a mudez dos fiapos desaparecer, me postarei de pé. Quem quererá um poeta de versos caiados? pousado à folha alaranjada. Porém calo esguio. Quixote. A conspirar meu idear feliz. Mas a bem da verdade, das palavras, prefiro as que descem-me à rua com olhos de sal”.

Entrei no trem logo às primeiras horas da manhã, sem destino algum. Iria pra cidade mais distante que pudessem me levar e começaria dali a minha caminhada; sabe lá pra onde, mas a bem saber por quê.

Bruno Muniz

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