Categoria: Poema
Poema de agora: Queloide (Lara Utzig)
Queloide
Quando a tristeza anestesia a esperança
De um amor que se findou,
Este mesmo amor gera uma lembrança
De um fio que sempre esteve por um fio…
E enfim se cortou.
O fio, outrora de cobre
Agora não cobre a costura do tear.
Frágil, este mesmo fio se descobre
E amortece, e tece
O não se importar.
De tanta dor, o amor não se esquece,
Mas cria espaço para a chaga fechar.
E o fio, por um triz,
Virou cicatriz
Até a pele sarar.
Depois de anestesiado
Pelo amor do passado
Que ainda está vivo,
Apenas um pouco sonolento…
Em desmedido sofrimento,
Termino de bordar o tecido:
Amor-tecimento.
Lara Utzig
Poema de agora: Felizes para Sempre…(Pat Andrade)
Poema de agora: Sobre o ciúme que senti (Thiago Soeiro)
Poema de agora: Reciprocidádiva (Lara Utzig)
Reciprocidádiva
Criticam a rima pobre
De quem combina amor com dor.
“É inconcebível que em uma língua tão nobre,
Limite-se tal riqueza com aquilo que se vai por”!
Eleva-se o verbo com o substantivo;
Aceita-se também adjetivo,
Mas considera-se crime o binömio amor/dor.
Mal sabem que esta é a única consequência deste sentimento:
Um recheio de lamento
Que, por fim,
Transforma-se em mais um poema ruim,
Acinzentando todas as cores.
Onde amores… Há dores.
Lara Utzig
Poema de agora: “Força Sempre” (Ivan Daniel Amanajás)
“Força Sempre”
e aquele dia que começou escuro
permaneceu
e prosseguiu ríspido
porque ninguém esperava
ninguém acreditava
todos confiavam
e ficaram acostumados
mas esqueceram de verificar
se era intenção continuar
e então aconteceu
e todos souberam da entrega
serena e consciente
do triste poeta que venceu
e desde aquele dia
tudo tem sido sombrio
a perda era inestimável
porque antes era identidade
e depois só alucinação
foram pífias as tentativas
todas em vão
urbana legio omnia vincit
dezoito anos de ratificação
Ivan Daniel Amanajás
urbana legio omnia vincit
dezoito anos de ratificação
Ivan Daniel Amanajás
Poema de agora: TOC-TOC (Lara Utzig)
TOC-TOC
É notório:
Todos elegem um bode expiatório
Para evitar a Felicidade.
O trânsito na cidade,
O trabalho, a ausência de tempo.
Mais um congestionamento!
Os filhos, a reforma na casa.
Sempre há um imprevisto, um contratempo.
Até que a Felicidade se cansa,
Devagar, sem lenço e documento,
De tanto baterem-lhe a porta na cara.
Tranca-se a porta com mil ferrolhos;
À espreita, um milhão de olhos
No olho mágico,
Para observar a partida da visitante
Que, por um instante,
Exita em abandonar o destino trágico.
E a vida é exatamente isto: abandono.
Enquanto a Felicidade vagueia sem dono,
Permanecemos no sofá da sala
Com a TV ligada
Reclamando por nunca termos ganho na loteria.
Os números da Mega-Sena!
Isso sim seria alegria.
E já sai de cena
A chance,
Às vezes percebida apenas de relance
Pelos que possuem uma viseira mais curta
Que permite enxergar melhor a luta
Da Felicidade, que agora pula a janela.
Olha ela!
O alarme de segurança soa.
Agora a Felicidade foge da sirene que ecoa;
Criminosa, gatuna, bandida,
E a gente segue lamentando a vida
Pela falta de sorte.
Eis que chega a morte
E a Felicidade? Ainda foragida.
Mendiga,
Clama por um pedaço de pão.
Quem sabe um dia
Alguém abra as portas do coração
E diga com mansidão:
– Seja bem-vinda, imensidão.
Lara Utzig
Poema de agora: O real poema – Thiago Soeiro
Poema de agora: Eco ( Lara Utzig)
Eco
Respirar o ar da solidão
Nem sempre é um peso intranquilo,
Um penar para o coração,
Prestes a cometer algum vacilo.
Nas quatro paredes do quarto,
O eco é meu amigo.
De minha presença nunca me farto;
Apenas um bom livro comigo.
O barulho lá fora é alto.
Buzinas, ruídos das bocas falando…
O céu adquire tons de azul cobalto
E na janela observo as pessoas passando.
Ouço meus tantos pensamentos,
Tento organizá-los de forma sistematizada.
Somente não possuo muito talento
Quando o quesito é ser amada.
Estar só é um privilégio
Em tempos que todos mascaram.
Num bar, vozes vazias recheadas de tédio
Refletem almas que se decepcionaram.
Viver só é um estado de espírito
Em tempos que todos disfarçam tal condição.
Na rua, o poeta culpa seu eu-lírico,
Enquanto, na parada, aguardo a próxima condução.
Terminei o livro e gostei do enredo.
Busco um novo alvo na vasta estante.
Do som do silêncio não tenho medo:
De mim mesma, sou ótima acompanhante.
Lara Utzig
Poema de agora: Claridade (Thiago Soeiro)
Claridade – Thiago Soeiro
Onde fica a luz do fim do túnel?
É difícil saber em certos dias
Onde nem a rotina aguenta
O poema perdido
A palavra que é enfiada
Afida no peito
Corta laços invisíveis
Que só o tempo faz esquecer
Você leu o jornal pela manhã
A notícia era escura:
Nesta cidade não se escreve
mais poemas de amor.
Hoje rola show poético-musical “A Mira da Rima” no República Bar Vintage
Hoje (21), a partir das 22, rola show poético-musical “A Mira da Rima”, dos poetas Franck Cardoso e Ozy Rodrigues, no República Bar Vintage. Será cobrado Couvert no valor de 5,00.
Serviço:
Show poético-musical “A Mira da Rima”
Local: República Bar Vintage
(Av. Vereador Orlando Pinto – 640 – Santa Rita)
Horário: 22h
Data: 09/10/2014
Couvert: R$ 5,00
Elton Tavares
Poesia Sinestésica é discutida em encontro do Pena & Pergaminho
Por Fabiana Figueiredo, do G1 Amapá
O grupo Pena & Pergaminho realiza encontros literários que acontecem sempre na primeira sexta-feira de cada mês, na Biblioteca Pública de Macapá. Em outubro, a reunião está marcada para o dia 3, às 20h, com o tema poético: Poesia Sinestésica e o tema do encontro: Pintura.
A cada encontro escritores e intelectuais amapaenses discutem e analisam a produção do grupo e de artistas locais. Palestrantes também falam sobre literatura e demais formas de artes.
Pena & Pergaminho também promove workshops, oficinas, exposições, debates, mesas-redondas, concursos de poesias/prosa e recitais. O grupo também faz apresentações em escolas e desenvolve projetos sociais, que são firmados em parceria com entidades que apoiam a arte. Grupo que surgiu em 2012 é aberto a artistas e apreciadores.