Ciclo do Marabaixo 2023: abertura será neste final de semana com programação na Central do Ciclo do Marabaixo

A abertura do Ciclo do Marabaixo 2023 será neste final de semana, e a programação tradicional inicia na Semana Santa, com algumas adaptações. Os organizadores preparam um novo modelo para apresentação dos rituais, do porte da importância do festejo, para atender as leis ambientais e chamar atenção para a necessidade do respeito pela tradição cultural do Amapá. O Governo do Estado do Amapá (GEA), principal apoiador, criou a Central do Ciclo do Marabaixo, no Centro de Cultura Negra do Amapá (CCNA) Raimunda Ramos, onde será feita a abertura dia 31, sexta-feira, e segue até dia 2 de abril. A partir de Sábado e Domingo da Aleluia iniciam os rituais em homenagem à Santíssima Trindade e Divino Espírito Santo.

Uma das mudanças é a inserção da comunidade rural de afrodescendente Casa Grande na programação do Ciclo 2023. Anteriormente os festejos oficiais eram realizados por quatro famílias, duas do bairro Santa Rita, antiga Favela, e duas do Laguinho, e nos últimos anos a comunidade de Campina Grande, também rural, entrou para o calendário. Neste ano a ideia é expandir a programação para mais esta comunidade afrodescendente, que pertence à Macapá, e já realizavam o ciclo de festejos da Santíssima Trindade de forma extraoficial. O marabaixo da Casa Grande iniciou há um século, na família de Josefa Menezes, que dá continuidade à tradição.

A alteração mais impactante é quanto ao ritual de levantar os mastros na aurora. Neste ano, excepcionalmente, os mastros da Santíssima e Divino serão levantados às 18h e os festejos encerram à meia-noite, uma forma de manifestação para chamar atenção sobre as interferências na tradição devido fatores como intolerância e discriminação, a exemplo do ocorrido em 2022, quando um magistrado tentou impedir a continuação da festa no barracão da Tia Gertrudes. Os festeiros lamentam estes fatos porque todas as medidas para estar de acordo com as leis ambientais e manter o respeito com os animais e pessoas sensíveis aos foguetes já são adotadas há alguns anos.

Calendário do Ciclo do Marabaixo

O Ciclo faz parte do calendário de cultura oficial do estado, um gesto que valoriza esta tradição que os registros históricos consideram ter mais de 120 anos. Inicia na Semana Santa e encerra no dia 11 de junho. Os primeiros festejos são em louvor à Santíssima Trindade, no Sábado da Aleluia, e os quatro barracões, da Favela, Tia Gertrudes e Tia Irene, e Zona Rural, Casa Grande e Campina Grande, recebem o público para o Marabaixo da Aceitação. Rodas de marabaixo, ladainhas, distribuição de caldo e gengibirra, derrubada e levantamento dos mastros, cortejos da murta, bailes, e o Almoço dos Inocentes, fazem parte dos rituais.

No bairro Laguinho a homenagem é para a Santíssima Trindade e Divino Espírito Santo, nos barracões do Mestre Pavão e Tia Biló. É a programação mais longa do calendário, entre rituais em conjunto ou nos próprios barracões. A primeira roda de marabaixo acontecerá no Domingo de Páscoa, o Marabaixo da Ressurreição, e segue até dia de Corpus Christi, quando os mastros são derrubados após dois meses de festejos lúdicos e religiosos.

Abertura

O GEA e a coordenação organizam a abertura, planejada para maior integração entre os festeiros, marabaixeiros e devotos de todos os barracões e comunidades, e será em formato de vitrine cultural, para que os visitantes ampliem os conhecimentos sobre a tradição e para incentivar o afroempreendedorismo e o turismo cultural. No CCNA Raimunda Ramos, a partir de 18h, haverá exposição dos elementos dos barracões em que são realizados os festejos, degustação de caldo e gengibirra, feira afroempreendedora, Encontros das Bandeiras, desfiles de moda afro e apresentações de grupos de marabaixo e de artistas locais.

Os organizadores incluíram na abertura as apresentações de comunidades que no período do Ciclo do Marabaixo, louvam seus santos padroeiros, e elas dançarão nos três dias de abertura. A capoeira também ganha espaço, um resgate do antigo costume, que é o jogo da capoeira no decorrer da roda de marabaixo, duas tradições originárias dos povos afrodescendentes.

Abertura do Ciclo do Marabaixo 2023

Local: CCNA Raimunda Ramos

31 de março
17h – Abertura
– Exposição dos elementos tradicionais dos barracões que realizam o Ciclo do Marabaixo
– Degustação da culinária e bebidas tradicionais do marabaixo
– Feira Afroempreendedora e Quilombola
– Exposição do Museu do Negro
18h – Roda de Capoeira Carioca – Grupo de Capoeira A Arte que Encantou
19h – Abertura oficial com personalidades da cultura do marabaixo e autoridades
20:30 – Encontro de coroas e bandeiras da Santíssima Trindade e Divino Espírito Santo
21h – Desfile de moda afro – Os Marabaixeiros
21:30 – Show com a banda Afro Brasil
23h – Apresentação de comunidades que realizam festividades no período do Ciclo:
– Grupos Raízes do Bolão
– Marabaixo Glorioso São José
– Marabaixo do Ambé
– Grupo Maria da Paz
– Marabaixo Raízes da Favela
– Marabaixo de Campina Grande

1º de Abril
A partir de 18h – Exposições, degustação e feiras
18:30 – Roda de Capoeira – Associação Mestre Bimbinha
19h – Encontro das coroas e bandeiras
19:30 – Desfile de moda afro – Coletivo Moda Amazon
20h – Banda Negro de Nós
21:30 – Apresentação de comunidades que realizam festividades no período do Ciclo:
– Batuque de São Pedro dos Bois
– Irmandade São José
– Marabaixo de Santo Antônio do Matapi
– São João do Maruanum
– Ressaca da Pedreira
– Raimundo Ladislau
– Berço da Favela

2 de abril
A partir de 18h – Exposições, degustação e feiras
18:30 – Roda de Capoeira – Sementes da Capoeira Regional
19h – Encontro das coroas e bandeiras
19:30 – Show com Verônica dos Tambores
20:30 – Apresentação de comunidades que realizam festividades no período do Ciclo:
– Marabaixo São José do Mata-Fome
– Grupo MOJAP
– Marabaixo Manoel Felipe
– Marabaixo São João do Matapi
– Herdeiros da Tradição
– Grupo Azebic – Zeca e Bibi Costa
– Marabaixo do Pavão

Assessoria de Comunicação

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