Discos que Formaram meu Caráter (parte 41) – “Dookie” …Green Day (1994) – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Muito bem meus estratosféricos amigos! Galera do bem, o viajante estrelar vem com sua nave medonha, mas não obsoleta, trazendo mais um belo petardo de sons históricos, deem um chega pra lá no tédio envolvente e preparem-se para “Dookie”: o terceiro álbum de estúdio da galera do Green Day.

Palmas, muitas palmas pra ele!

Corria o ano de 1994; um ano deveras próspero. Em pouco tempo, rolaria a Copa das copas e a gente ainda não sabia, mas estávamos extremamente confiantes na dupla Bebeto e Romário. No campo musical, o grunge dominava as paradas e bandas como Nirvana e Pearl Jam já trilhavam um caminho muito próspero e estavam estourados mundialmente. A música vivia um momento muito bacana.

E na ensolarada Califórnia fervilhava um novo movimento que viria resgatar o sentimento punk, que andava meio esquecido e que mais uma vez daria a volta por cima e salvaria o Rock and Roll. Bandas como o Sublime, The Offspring e o próprio Green Day, dentre outras, estavam prestes a escrever uma nova história.

Formada no lendário clube 924 Gilman Street, o Green Day já tinha mostrado seu poder com os seminais “1,039/ Smoothed Out Slappy Hours (1990)” e “Kerplunk (1991)” e conquistado uma verdadeira horda de fãs. O underground começou a ficar pequeno para Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tré Cool e algo muito bom estava prestes a acontecer para os caras.

Com letras de temáticas variadas como depressão, indignação, sexo, drogas além do combate aos velhos demônios pessoais, a volta medonha que a vida na transição quase sempre que problemática da adolescência para a vida adulta. Quem nunca passou por isso? Tudo alinhado em primeira ordem, com guitarras magistralmente distorcidas, um baixo deveras muito bem trabalhado e uma cozinha onde o batera ditava o ritmo.

A porradaria iria de encontro a toda choradeira que existia na época e aos poucos estava dominando o rock – que me perdoe a turma grunge mas já tinha dado a hora de algo novo acontecer.

E, com esse sentimento renovador e com energias a mil, os caras entraram em estúdio em setembro de 1993 e no dia 1 de fevereiro de 1994 mostraram ao mundo este senhor disco.

Vamos deixar de “lenga-lenga” e esmiuçar logo essa preciosidade sonora:

O disco começa logo arrebentando com a estridente “Burnout”, a vitória sobre o tédio, e a apatia constante. “Having a Blast”, a explosão de felicidade que se tem quando se consegue deixar para trás tudo o que realmente incomoda. “Chump”, uma ode à raiva operante, as vezes o próprio inimigo está dentro de você. “Longview”, uma linha de baixo composta na base do ácido, fala de tédio, masturbação e fumar maconha. “Welcome To Paradise”, original do álbum anterior, veio para este com uma versão mais crua. “Pulling Teeth”, sobre a depressão. “Basket Case”, umas das músicas que mais ouvi na vida, ataques de ansiedade. “She”, composta para a agora esposa, Adrienne Armstrong, foi a resposta de Billy para um poema feminista escrito pela amada. “Sassafras Roots”, também composta para a amada, que na época tinha se mudado para o Equador. “When I Come Around”, fala sobre separação. “Coming Clean”, as confissões para consigo mesmo, a trajetória vivida para se tornar um adulto. “Emenius Sleepus”, as mudanças pessoais, que podem ser boas ou ruins. “In The End”, sobre a mãe do Frontman. “F.O.D/ All Bay Myself”, baladinha para encerrar – engano: uma das mais porradas do disco.

Meu irmão que puta disco bom. Não menos que “Du caralho”.

Com este disco, o Green Day rompeu todas as linhas que o seguravam no Underground e foi comandar o Mainstrean. Colocou o Punk Rock em voga novamente, devolvendo-o ao seu Patamar (palavra da moda) único.

Vendeu como água, na época: mais de trinta milhões de copias no mundo. Hoje, quase 26 anos depois de seu lançamento, esse número ultrapassa os 80.

É o numero 193 na lista dos 500 maiores álbuns de todos os tempos da Rolling Stone; figura entre Os 1001 Álbuns que você precisa ouvir antes de morrer, e é o numero 50 na lista do Rock and Roll Of Fame.

Se tu não conheces, tu és muito Júnior para sonhar com uma medalha de foda.

Parece que foi ontem que peguei uma grana com meu pai e fui até a Lobrás, onde comprei o “Dookie”, “Nevermind” e o “Smash”, junto de um garrafão de vinho e uma carteira de Free… Neste dia fiz barulho. Já vai longe, 1995.

No mais, é essencial em qualquer discografia, além de ser um disco que abre portas.

Vida Longa ao Punk Rock.

*Marcelo Guido é Jornalista. Pai da Lanna Guido e do Bento Guido e maridão da Bia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *