Gerúndio – Um pequeno texto quase Crônica, de Luiz Jorge Ferreira

Gerúndio… Um pequeno texto quase Crônica, de Luiz Jorge Ferreira

Eu ando muito puto com a morte…

Ligo para Macapá ela ameaça um dos amigos que junto comigo atuaram nos Cordões de Junho, peças folclóricas, de lendas e crendices populares da Amazônia.
Assisto o jornalismo da TV…um astro das novelas ou filmes se foi.
Sempre ela.

Não se pode mais viver em paz.
Não se pode fazer planos para o futuro…ali na frente 20 anos.
Suspendi comemorar aniversários, e se de repente ela chega, vinha buscar o vizinho em frente, mas ele saiu para o Mercado, ela ouve aquela conversa alegre, aquele tilintar de copos, e resolve tomar um copo de vinho, coisa que eu sei que ela gosta…esteve rodeando a Santa Ceia, mas foi expulsa pelo Arcanjo São Gabriel…

De repente ela entra em casa…os cães, os pássaros, as tartarugas, ficam imóveis, o gato Janjão, é o único que eriça os pelos, atribuindo isso ao fio descascado na parede… ela me avista, e me chama pelo apelido que possuía na escola…eu faço de contas que não escuto…e abro a porta da geladeira e me ponho atrás…


Com o controle remoto da TV na mão aumento o som.
A notícia que chama a atenção é de que um curto circuito, interrompeu uma festa de Aniversário, e o anfitrião atrás de uma porta de geladeira, foi atingido pela explosão.
Olho para a porta, ela saí sorrateira, lhe atiro o copo de vinho que tenho a mão…
Devia ter bebido antes…
Tarde demais para dançar um Tango…
Os que choram em torno do que restou do meu corpo…tomam café em silêncio.

  • A morte nunca se atrasa ela chega na hora certa, por mais que pensemos ter poder sobre a vida. Ele te julgará antes do que você imagina. Lembrei do poema para a morte que o Raul Seixas escreveu. Lembrei-me da música de uma certa forma. E confesso tenho um medo danado de morrer, faço de tudo para passar mais um dia vivo nesse mundo ainda.

  • Muitos estão com você…mas a vida continua…
    A consciência da individualidade cósmica é eterna…dizia Josuah…sem nenhum atropelo.

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