Poema de agora: Canção do Soluço…antes do sufocamento – Luiz Jorge Ferreira

Canção do Soluço…antes do sufocamento

Enquanto meu amigo Musico Persio manda mensagem que colocou frases de Cello em uma Musica que fizemos com Fernando Canto chamada Ferroada.
Eu ouço um acorde da Melodia de Burt Bacharach..
E muito distante os passos desequilibrados de um terremoto alucinado…
Que enterra e esmaga crânios e sonhos doutro lado da azulada Terra.
Sob meus pés sentimentos eclodem.
Não há grafites que resistam aos terremotos
….não há desespero que resista ao espalhamento do Ketchup em meio ao sangue coagulado.
…as bandeiras tremem…
…as aves de migração fazem meia volta e entram em rota de colisão com notas de Chopin…que sobrevoavam Atenas.


Não há espaço para que dancem Fados, Boleros, e Tangos…
Ravel de olhos fechados teme o som criado pelo Terremoto que se mantém agarrado ao seu próprio som.
…não peço a Deus que ordene um basta as placas tectônicas, pois o som de sua voz estimularia mais as tremulacões…
Então a mim resta soprar em direção ao tempo para que ele acelere seus dias e noites, e traga o verão para que suma a neve que eriça a pele dos bebês quase moribundos, e provoca calafrios durante o choro.
Resta-me a memória amiga do esquecimento…
Eu posso esconder-me e sumir com a visão disso que vejo…
Mas não posso cobrir os que estão sob quilos e quilos de paredes e fragmentos de teto e telhas…com a névoa do esquecimento…
…então lhes mando entre palavras e a linguagem desconhecida dos Dialetos…
Esse desespero em forma de poema.
…então lhes mando entre palavras latinas e a linguagem muda dos emudecidos…


Esse desespero em forma de poema.
…e caso não baste, que me arranquem a carne,
…que me sufoquem a voz, que em mim espalhem a sede…e soprem o calor dos sufocados pelo interior dos meus pulmões.
Mas libertem as almas desses aprisionados sob toneladas, para que elas possam antes de se elevaram em si, descortinarem noutros longínquos confins, ainda assim, qualquer uma das muitas existentes Primaveras.

Luiz Jorge Ferreira

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