Poema de agora: CARNAL – Ori Fonseca

O lavrador – Candido Portinari. 1935 – Óleo sobre tela (130x195cm) – Localização: Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

CARNAL

Alguém sangrando da cabeça aos pés
Não pode responder por sua palavra,
Nem pela enxada na terra que lavra,
Nem pela estaca no peito que crava.

Na luta, diante de uma fera brava,
Guerreando contra os monstros mais cruéis,
Alguém já cambaleando de viés
Já não tem leis, nem reis, nem coronéis.

É, o instinto pela vida, animal;
Alguém que sangra não o faz sem luta,
Transforma sua fraqueza em força bruta

E combate por sua vida carnal.
E por saber-se efêmero mortal,
Pra não ser executado, executa.

Ori Fonseca

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