Poema de agora: Controle remoto – Marcelo Abreu

Controle remoto

Formigas se alimentam
do sêmen exposto ao chão
enquanto o parasitário
emprenha pelos olhos e ouvidos
em frente à televisão.

Nesta gestação de risco
o diagnóstico de eclâmpsia
traz o eclipse e o olhar turvo
do escuro pós-parto.

Cresce o rebento filho da mídia
e bate no peito o telespectador
filho da besta
vociferando e maldizendo
no intervalo entre os reclames.

Todo um conteúdo de inutilidades
ingerido sem análise
causando diarreias mentais
vômitos de palavras
na torpeza de significados.

Acendam as luzes
e desliguem os monitores
a manipulação não é parte
de um remoto controle.

Marcelo Abreu

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