Poema de agora: Esgrima – Luiz Jorge Ferreira

Esgrima

Outro dia tive que retirar o Sol grudado na minha roupa…preso nas minhas retinas…cicatrizado na minha pele negra de tanta brancura.

Vamos brincar de amar…
Eu lhe darei meus pensamentos
Você me dará um vaso molhado de sua saliva
E eu nele plantarei o seu olhar.
E ao silêncio nos mostraremos como nasce o barulho dos passos não dados em direção a fuga
Eu lhe darei a janela e lá longe a lua camuflada sob sua própria solidão.


E você me dará a noite
e eu nela colocarei apenas uma estrada.
Você me indicará o caminho.
E eu lhe darei duas pétalas de rosa, com as quais você fará… tamancos
para mostrar ao silêncio que nos cerca, que o barulho dos passos indo embora, é semelhante ao barulho dos passos voltando.
Dê-me um fio do seu cabelo para que com ele amarre o medo que o futuro nos dá.
Pode colocar seu sorriso nessa bandeja que lavamos juntos para retirar restos do luar de Ontem…
Eu sairei correndo com ele para espantar a
tristeza que teimosa…teima nos visitar.

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro…Diante da boca da noite…ficam os dias de Ontem .

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