Poema de agora: Expresso Postal – Luiz Jorge Ferreira

Expresso Postal

Todos os Natais da minha vida.
Estão nas Cartas que fiz para o Papai Noel.
Todas Cartas…abertas ou fechadas.
Estão sujas das minhas digitais.
Algumas tem lágrimas secas.
Outras têm xingos do avesso.
Muitas nada têm.

Todas as mães amam o Natal.
Guardam Cartas dentro d’alma…abertas ou fechadas.
Eternamente Cartas para o Papai Noel.

Todos os Papais Noel
ressuscitam no Natal.
São Mudos, São Surdos,
São Invisíveis a olhos nús.
São Analfabetos Poliglotas, não entram nas casas pobres, não leem cartas.
As minhas nunca leram.
Ou nunca as receberam.
Ou eu não sabia escrevê-las.
Ou um vento mau as escondeu sob o tempo do esquecimento.
E se não tinha endereço.

Porquê eu não desenhei minha cara.
Moleque…banguela.
Nariz escorrendo…fuligem no rosto…remela no olho…
Um muito de fome.
Inconsolável!
Chorando aos prantos por um carro de plástico, intensamente amado, guardado na alma tão profundamente…
Que nunca o ganhei.

Luiz Jorge Ferreira, em Natal um dia destes.
Osasco São Paulo Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *