Poema de agora: O CORTE

O CORTE

A veia da poesia está rompida,
A palavra escorre em busca da morte,
O verbo, que outrora caminhou forte,
Estanca, coagulando-se sem vida.
Porque a palavra escrita não é lida,
Talvez o escrever já não importe.
Por isso, veia minha, dou-te um corte
E ofereço a teu sangue uma saída.


Em meu pulso, todo verso é uma algema
Capaz de acorrentar todo o universo,
Por isso luto por manter-me emerso.
Enfim, sinto fisgar a dor extrema,
Então, eu corto os pulsos do poema
E deixo sangrar um último verso.

Ori Fonseca

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