Poema de agora: “Reahu em Parimã” – As lágrimas Yanomami – Jorge Herberth

“Reahu em Parimã” – As lágrimas Yanomami

Parimâ é verso
Verde
Montanhas de flechas
Inverso do tempo
Dos parentes
Sustentando o céu

Montanhas
De ferro
São Parimã
Abraço cósmico
Em corpos de sal e sol

Montanhas de pedra
Arco de amor
É Parimã
Fonte da sobrevivência
Morada dos fortes
Mutá de liquidar quebrantos
E assombrações

Macapaba sustentável
De espíritos e vidas
Do Brilho de Fogo
Das dores que passam
O amor que fica
É Parimã

Casa de sentimentos
Rupestres
Em flores de pedras
É Parimã
Feito bailarina
Perene
Prenha de danças
Selvagens
Odores de frutos
São Parimã

Serras de encantados
Flores de Sol
Montanhas benzidas
Na fumaça de tauaris
E Pajés
Em dias e noites
De Solstícios
Em Equinócios equatoriais
De saberes verdes
Wãiapi, Galibi, Palikur, Karipuna, Galibi Marworno
Sabedoria de parentes Tucujus
Rangôe e Samaracás

Parimã
É terra de parentes
De almas embrenhadas
Coloridas
Pela solidão chuvosa
Em proteção e
Liberdade
Para suas filhas e filhos

Parimã é
Mãe das folhas e pedras
Do caminho de Erês e Curumins
Em noites frias
Em dias de morte

Ah Parimã!
Como te proteger
De Rondons e colonizadores
Dessa gente que mata
A frio e ouro
Yanomamis e seus filhos
Fragilizados pela fome e ganância
Das feridas desse mercúrio do ódio

Será que daremos conta?
Quando o céu desabar?
A Lua
Apagar?
A pagar por quê?
Quando o Sol
Morrer
Nas mãos sujas de sangue dessa gente torpe?
Não!
Não morreremos por ódio
Mercúrio ou desumanidade
Como teus rios
Não!
Não deixaremos ninguém morrer mais!
Nem calaremos pelo silêncio do medo
Ou escravização
Nem deixaremos Parimã ser
A Urihi
Terra-floresta triste
De Araras e Mapinguaris

Parimã alegre do Amapá
É colo
Abraça Yanomami
Da Parimã parente

Xamãs e Xapiripês
Protejam a vida
Em Urihi
Do TumucUmac
Ao Pico da Neblina
Que o olhar lá de Xaripo
Seja consagrado

(Jorge Herberth / 01.02.2023)

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