RESTOS
Mendigo compaixão de porta em porta;
Esmoleiro de amor, estendo a mão
Com meu chapéu vazio, clamando pão
Pra uma fome que não pode ser morta.
Hoje, cada resto de amor me importa,
O pão dormido do carinho é são,
Cada sobra de afeto é a refeição
Que me mantém vivo e me reconforta.
O amor que ninguém quer eu não recuso,
Reviro latas e reciclo dores,
E reaproveito todos os sabores.
Paixões apodrecidas as reúso..
Os carinhos de que ninguém fez uso
Eu tiro das lixeiras dos amores.
Ori Fonseca