RETROVISOR
Agora que estás só, alquebrantado e exangue,
Que a vida se te vira a face transtornada,
Responde ao precipício que te espera ao Nada:
Que solo de batalha devorou teu sangue?
Tua cara apavorada em rugas de desgosto
Escondes entre as mãos ossudas e sem tato,
E tentas encontrar no mofo do retrato
Se lembras a cor da água que banhou teu rosto.
Mas tua imagem de vigor ficou perdida
Na sopa densa a amalgamar tempos e espaços,
Na esmola de teus dias que te são escassos,
No tempo que te espera à porta de saída,
No ocaso, olhando o Sol, retrovisor da vida…
Que areia eternizou tua vil lembrança em passos?
Ori Fonseca
2 Comentários para "Poema de agora: Retrovisor – Ori Fonseca"
Dizer o quê?
É bonito demais…mas dói!
Excelente