Poema de agora: Valete de Espada – Luiz Jorge Ferreira

Valete de Espada

Tudo escuro e eu com medo do gato preto de porcelana
…temendo o assovio da Matinta Perera.
E o Merengue da Guiana Francesa, e assim mesmo eu calço com algodão uma unha encrava que me impede de dançar fazendo todos os remelexos, de Oriximiná..
E tu com um par de olhos tipo jabuticabas maduras, tens mais fome que eu agora.
Faltou luz, e eu sem celular estou exangue.
Estou fanhoso, não declamo audível, nenhuma letra inteira do Samba de Noel.
Nem cito diálogos de Romeu e Julieta…em Portunhol.
Nem narro a artimanha do vaqueiro do bumba-meu-boi…
revendendo ao dono o boi morto.
Nem o riso sensual de Gioconda olhando de longe o lustrador de móveis nú no Museu fechado.
Estou a prova de encantos… a escuridão me esconde o pranto.
Choro por luz!


Chove …lama artificial no rosto da atriz…na foto que dela fiz de um Posters no Hotel.
Eu repasso a chave da porta tanto que fica torta.
Ninguém vive em uma gaveta.
Mas nela me escondo.
Sou parte de um livro terrível, de histórias incríveis…
Chamado Pequena História de um pequeno homem que se prometeu ser feliz…mas falhou.
Agora tudo escuro…
Como achar luz.


…se a chuva precisasse de luz elétrica para chover.
Eu amarraria os punhos no fio descascado dependurado na escada.
E cairia chuva… proparoxítonas, virgulas, tremas, hifens e compassos dodecafônicos em um Bolero Latino Americano. …Perfídia ou Resposta ao Tempo…e que fariam os cães vendo brilharem meus cabelos.
Sexo…Entre eles…
Sim…
Que é muito mais simples e não dói…

Luiz Jorge Ferreira

*Do livro Defronte a Boca da Noite ficam os dias de Ontem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *