Poema de agora: Vou… – Luiz Jorge Ferreira

Vou…

Andei para Andrômeda
Não imagino porquê andei…
Talvez fugindo do Sol para exterminar minha sombra que um pouco engordou.
Fingi que fui Deus por milionésimos de segundos.
Acordei…levantei aos sobressaltos e derrubei o teu sapato tendo relações com a minha meia.
Os óculos a tudo viam….dependurados entre o espelho do quarto, e o terceiro peixe amarelo no Aquário.

Fingi fugir…embrulhei meus sonhos com um Ededron colorido , cheio de figuras de Duendes nús.

Recolhi o Sol , e em seu lugar plantei um vaso de Acácias magras…recém vindas de uma paixão com o Paticholin…

Olhei mais uma vez a mochila, dentro…chovia…
Fora a vida encardida, exausta do passar dos anos, assoava o nariz, e gemia.

Cantei o terceiro Cântico.
De uma Ária infame, em que as asas somem.

De mim apanho a mochila, arrumo a carcaça na qual dependuro o corpo, já torto, e sigo.

A alma abandono, sentada na calçada, defronte a uma rua sem saída, onde ela escolheu passar os últimos dias.
Aguarda pacientemente que sobrevoe um avião da Panair.

Luiz Jorge Ferreira

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