Poema de agora: Wajãpi – Ricardo Iraguany

O cacique Seremeté, da Terra Indígena Waiãpi (em Pedra Branca do Amapari – AP), trata madeira para fazer fogo em uma margem do Rio Kerekuru. Os peixes são defumados durante horas na fogueira. O preparo é conhecido como peixe moqueado, uma especialidade dos povos ribeirinhos da Amazônia. Foto: Victor Moriyama.

Wajãpi

Todos os dias
Você me surpreende
Prende-me e liberta-me
Crio asas e voo
Com tua chegada
Chego em Vênus
Veneza, Versalhes
Vejo o Louvre
E a lua é Liverpool
Escuto Help
E danço contigo
A valsa vienense
De mãos dadas
Rolamos pela grama
Em gramado
E o fado nos silencia
Ao som de Lisboa
Atravessamos o Tejo, o tédio
Nas páginas de Camões e Pessoa
Nas viagens em volta do meu quarto
As três da madrugada ouvindo Torquato
Ou lendo Ilíada a odisseia
Saio vagando as estrelas
Na rota das constelações
Mergulhado nas profundezas
wajãpi

Ricardo Iraguany

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