Cirandeio….
Eu vou apagar a dor que pintei brincando de se esconder em mim.
E vou denuncia-la perfumando-a com a essência das flores de Maio.
Eu não me perdôo.
Eu desenho um fim.
Eu dentro de mim.
Eu fujo.
Eu nego.
Eu rodopio em meu redor…
Como um pássaro cego.
E que depois faço com a dança dos pirilampos namorando a lua.
Que faço com a solidão dos desertos.
Que faço com a sede do mar.
Que faço com o frio do Sol.
Com o anil do arco íris fingindo de ser blue.
Onde escondo o som em meus tímpanos fingindo não ouvir o silêncio.
Que faço com a fé de Deus.
O que faço com os sorrisos, com o balé dos Anjos, com o adeus dos amigos.
Comigo, em mim, até quando?
O que faço?
Eu apanho as sombras
dos lugares onde passei a pé ou no ventre materno.
Apanho as brisas que me assanharam os cabelos.
E liberto os sonhos do peso dos travesseiros.
Circulando em vielas escuras sem Sol, sem Lua.
Subo e desço escadas , carregando eu comigo.
Posso desenhar-me na areia, que um dia a chuva apaga, a terra traga, ou o tempo cicatriza.
Nem minha silhueta tatuada a minha camisa, escapa.
Minh’alma toda peralta , acredita que a mim sobreviverá, se embriaga de amanhãs, e desmaia em Agôsto.
Eu que guardarei para os amanhãs, maçãs para um recomeço?
…Ou hojes.
Secos, e sem sal.
Luiz Jorge Ferreira
*Osasco – São Paulo – Brasil, em 09.10.2020.