Sobre o meu 47ª dia 14 de setembro (um pequeno balanço deste incrível milagre de eu estar vivo)

Pois é, “caras como eu estão ficando velhos”. Na verdade, já sou. Um pouco menos Gordão, rosto de 45 (apesar da barba e cabelos brancos) e corpitcho de 95, faço 47 anos hoje. Essa idade parecia tão distante e eu achava que estaria mais velho de espírito, mais maduro, mais coerente, mais sensato, muito mais responsável. Além disso, é impressionante chegar há mais de quatro décadas vividas diante das centenas de “bocas cercadas” e “fogueiras puladas”. Ainda bem que o fígado é um órgão que se regenera.

“Batidas na porta da frente… É o tempo. Eu bebo um pouquinho pra ter argumento…”. E não é que aquele moleque doido sobreviveu até aqui. Largura e não foi pouca não.

É, apesar do trabalho que dei ao meu anjo da guarda, deu tudo certo (acho eu). Aniversários são especiais para mim e estou muito feliz de rodar o calendário mais uma vez. São quatro décadas e sete anos com poucos arrependimentos, muitas bênçãos e amigos. Sobretudo, amor e suporte familiar.

Claro que fiz uma porrada de merdas, mas também acertei muito. Já toquei fogo em muitos circos, mas nem um palhaço morreu queimado (no máximo cego ou aleijado). Já provei poderosos venenos e doces antídotos. Costumo brincar ao dizer que graças a Deus, tenho uma sorte dos diabos.

Com a Maitê (sobrinha) e Bruna (namorada), amores da minha vida.

Não tenho do que me queixar. Muita gente me ama e também muita gente me odeia, mas estes últimos por serem quem são, prefiro assim. Sobre eles, deixo somente as palavras do amigo Fernando Canto: “não falo de inimigos, pois como os ex-amigos, eles não merecem a minha ira. Apenas desprezo o que não quero prezar”. Alguns me acham encrenqueiro, mas estouro para não implodir, somente ação e reação, simples assim. Confesso que às vezes exagero, mas sou assim e isso me faz feliz.

Com uma mistureba rock’n roll, MPB, MPA, marabaixo e Samba, ando por aí com um ar meio maldito, sempre de preto, meio Johnny Cash-sem-talento-musical-gordo-negão. Já fui tão doido que o fotógrafo Sal Lima disse que eu era o Tim Maia sem talento musical (risos). A verdade é que sou chato esquisitão bem humorado, mas antissocial que finge ser sociável e tranquilo. Menos inteligente do que muitos pensam e menos burro do que alguns poucos imaginam (“É um duplo prazer enganar a quem engana” – Nicolau Maquiavel).

Com minha mais que maravilhosa mãe e melhor amiga da vida toda, Maria Lúcia.

São 47 anos de muita batalha e de incontáveis vitórias. Profissionais e pessoais. Consegui sucesso, notoriedade e respeito em uma profissão competitiva, cheia de gente muito talentosa e boa. Sobre isso, nunca me reinventei, mas aprendi e aprimorei os métodos, melhorei o trato e fortaleci velhas parcerias. Há tempos, descobri que respeito é o segredo. Ah, arrisquei várias vezes. Claro, rolaram algumas pisadas de bola e frustrações. Faz parte.

Namorei um bocado; amei e desamei; viajei muito; vi shows de rock; sai na porrada várias vezes; comemorei mundiais da seleção brasileira; títulos do Flamengo; desfilei e fui campeão pelo Piratão; frequentei rodas chiquentas e os botecos mais vagabundos; decepcionei alguns; fiz muitos felizes, enfim, vivi uns 60 anos nestes intensos 47 setembros.

Com o Emerson, meu irmão e melhor amigo da vida toda.

Apesar de um monte de doidices, consegui me tornar o Elton Tavares que é escritor, jornalista e editor deste site. E gosto de quem sou. Amo as minhas pessoas e elas sabem quem são, pois sempre deixo isso bem claro, apesar de minhas esquisitices. E agradeço sempre pela minha vida e por todos que sempre me apoiam. Também por me aturarem, mesmo com a incoerência e insensatez de alguns momentos.

A vida profissional acabou com minha postura marginal, pois foi necessário. Afinal, como diz o ditado popular: “Papagaio que come pedra, sabe o cu que tem“. Mas isso não quer dizer que não sinto saudades disso, às vezes. Porém, quem me conhece sabe que aqui não existe falta de atitude. Hoje renovo minhas esperanças nas pessoas e em mim mesmo. A gente tá aqui para aprender e tentar evoluir. Só que uma piradinha vez ou outra faz com que esse processo seja menos tedioso.

O mais legal é que consegui o que muitos não alcançam: SER EU MESMO. Enfim, é realmente um milagre eu estar vivo.

Agradeço não somente hoje, mas todos os dias para Deus, Morgan Freeman, Universo ou seja lá o nome da Força que comanda tudo por aqui pelo amor da minha mãe, irmão, sobrinha, namorada, avó (in memoriam) tios, tias, primos, amigos e o carinho de uma porrada de gente. Sou grato mesmo. Muito obrigado!

“A vida passa muito depressa, se não paramos para curti-la, ela escapa por nossas mãos” – Ferris Bueller’s, no filme Curtindo a Vida Adoidado.

Elton Tavares – Jornalista, escritor e maluco da antiga.

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