Um universo para Rita Lee Jones – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Na verdade, há que se mudar este título, pois Rita Lee Jones jamais caberia em um só universo. Mas vou mantê-lo, imaginando que a Rainha opinaria desta forma: – Ôrra, meu! Deixa o bichinho aí! Muda não! Tá fofo!

Não há muito mais o que falar de Rita Lee Jones, sua vida sempre esteve às claras, na luminosidade de sua figura no palco, sem se furtar a mostrar o fundo do poço. Encarou com as armas da verdade os desafios do mundo dos machos escrotos do rock, meteu o peito (mesmo que se achasse sem peito), quebrou barreiras e sobrevoou serena sobre a caretice reinante no planeta na cintilante cauda de um disco voador.

Ecologista de primeira hora e de verdade, defensora dos animais, crítica contumaz da farra do boi, rodeios e demais barbaridades que muitos chamam de esporte e diversão, Rita Lee Jones sempre esteve na vanguarda, desacatando autoridades quando estas não tinham a menor autoridade para coisa alguma. Não livrou a cara dos milicos, saudou a Democracia Corinthiana chamando para o palco Sócrates, Wladimir e Casagrande, defendeu seus fãs de baculejos violentos num show em Sergipe em 2012, episódio em que foi levada à delegacia para prestar esclarecimentos, já na era da nossa frágil democracia. Num caso de prisão anterior, em 1976, bem mais barra pesada, Rita Lee Jones recebeu a solidariedade e a visita de outra estrela maior, Elis Regina.

Beatlemaníaca, se sentiu traída quando os garotos de Liverpool se casaram com outras mulheres e rompeu com eles, só se reconciliando quando o beatle John teve seu trágico fim. Perguntada, num programa de televisão sobre qual beatle era o seu preferido, não hesitou: – Ah, os quatro! Dei pros quatro! Quem veio ao mundo com a marca da iconoclastia não deixava de cultuar seus ídolos. E do maior deles, James Dean, Rita chegou a fazer parte de um fã-clube de viúvas do rebelde astro hollywoodiano.

Da Vila Mariana para o mundo, a mais completa tradução de São Paulo (segundo Caetano Veloso e quem conhece a cidade), a Joana Dark do Lexotan lançou seu perfume inebriante e, de braço dado com esse tal de Roque Enrow, arrombou a festa da Música Popular Brasileira e deixou sua marca da zorra nos nossos corações.

A mim, só me resta admitir: a nossa ovelha negra é mesmo do balacobaco! Santa Rita de Sampa, milagrosa seja vossa festa!

  • Uma porreta crônica, se Rita Rock Lee, a lesse ia vibrar, e em grande euforia, ia se mudar para Macapá e procurar Cabralzinho para futuras parcerias com letras em Patuá !

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