Viver é uma aposta – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

Esses dias assisti um Reels de uma animação onde aparece um caminhão e o áudio do motorista, que fala: “Viver é muito fácil, é que nem andar de caminhão, só que sem volante e descendo uma ladeira, e a ladeira está em chamas e no final tem um precipício, iuhuuu!!!”. O gritinho no final é o tempero a mais! (https://www.instagram.com/reel/Cd3U31Ag00F/?igshid=YmMyMTA2M2Y=)

Achei o vídeo, simples, direto e sensacional, pois viver é exatamente isso. Não sabemos o que nos aguarda a cada dia que inicia. Possuímos um planejamento, achamos que temos o controle, mas no fim sequer podemos afirmar com segurança plena o que será de nós na hora que se segue. Só temos a certeza do agora. Ok! Mas aí vou viver uma vida louca por isso? Eis a questão!

Ouço desde que me entendo por gente, que o ciclo natural da vida é nascer, crescer, se multiplicar (ou não! Vai da vontade de cada um!) e morrer. Então nesse intervalo, sonhamos, projetamos, idealizamos nossos desejos, metas, seja lá a nomenclatura que se use, mas em resumo é o nosso futuro. Uns sonham em casar, ter filhos, outros em conhecer o mundo ou ficar milionário, o fato é que é da nossa natureza projetar o que vamos fazer ou ser, mesmo que ninguém saiba quando será o último dia.

Então, de acordo com o plano de cada um, se vive um dia de cada vez. Uns de forma mais modesta, outros com metas e sonhos grandiosos que demandam muito trabalho e outros vivem no piloto automático de uma dinâmica de acordar, trabalhar pra pagar boleto, dormir e repetir tudo de novo. Uns empreendem bastante energia na realização do que se quer, outros agem como se tivessem vindo ao mundo a passeio e se entregam ao fluir. Cada um (se) realiza como melhor lhe cabe. E o tempo passa. Uns colhem por ter plantado, outros aceitam o que vem, e há os que se rebelam, mas o tempo passa para todos e a dinâmica da vida acontece exatamente como deve ser, com suas recompensas e aprendizados.

A grande questão é que não existem fórmulas e nem receitas. Cada indivíduo escreve sua história de forma única, e cada história possui suas alegrias, tristezas, vitórias, lições, todas ímpares. Casar, formar, trabalhar, ter filhos, sair da casa dos pais, jovem ou maduro, cabe a unicamente a cada um. O que funciona pra mim, não necessariamente funcionará pro outro e por mais que amemos o outro e queiramos seu melhor, a escolha e vivência é pessoal, individual e intransferível. Bem como a consequência das escolhas feitas.

No fim das contas, quanto mais cedo nos apropriarmos de que não controlamos absolutamente nada na vida, mais cedo aprenderemos a valorizar as pequenas conquistas como se fossem enormes, o respirar do acordar se tornará um milagre diário e o tempo passará a ser degustado como uma especiaria rara, tornando absolutamente tudo mais delicioso. Delírio? Talvez! Mas sempre que posso, paro, agradeço antes de seguir e sorrio para dentro agradecendo absolutamente TUDO que me trouxe até aqui. Uns dias eu ganhei, em muitos perdi, mas não paro de apostar que vai dar certo. Experimenta aí!

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

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