Em defesa de “Mama Guga” e de vários outros escritos daqui – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Surpreso com a notícia que as obras “Mama Guga” e “O centauro e as Amazonas” teriam sido retirados de prateleiras de uma certa livraria da cidade, com a alegação que eram, pasmem, “não recomendável para leitura de jovens”. Em primeiro lugar eu ri, depois pensei com meus botões:

“Nossa nossos jovens amapaenses tão ricos culturalmente, com extensa e ampla programação cultural voltada para seu deleite e conhecimento, para que os mesmos se tornem cidadãos exemplares e continuem a espalhar conhecimento por gerações e assim mostrar a todos o nosso riquíssimo conhecimento intelectual”, nem preciso dizer que contem sarcasmo.

Mama Guga” é uma obra genial de autoria do grande Fernando Canto, digo grande por que uma figura dessas circulando por aqui é realmente um privilegio, Canto é um ser que inspira e transpira conhecimento, seja como excepcional sociólogo ou como artista que consegue transitar como poucos pela musica, literatura e pintura. O cara é realmente um exemplo que sem mais firulas não posso deixar de dizer que se estivesse no sul ou sudeste deste imenso país já teria seu reconhecimento. Sem exageros o cara pode ser comparado ao João Ubaldo e o imenso Darcy , os dois Ribeiros.

Fernando Canto, o maior escritor vivo do Amapá.

Na já citada obra, na qual eu me refiro neste texto o autor consegue com destreza impar reunir vários textos e contos com temática amazônica e que nada de pornográfico ou chulo que assustaria os nossos mais puros e incautos leitores jovens.

Quando soube do ocorrido, me lembrei dos saudosos “Catecismos” do Zéfiro ou as “Piadas do Costinha”, porra. Até pensei essa alegação sim foi a mais pura sacanagem.

O grande cabedal de obras do autor falam por si só, “O Balsamo”, “Quando o Pau Quebrar”, “Equino Cio” , “Os Tempos Insanos” e “Adoradores do Sol”, cito esses que já li e posso falar, uma leitura franca, que envolve o leitor por ser fácil e prazerosa para quem se aventura em escritos.

Gostaria de saber as graduações literárias de quem do alto de sua expertise ou salto alto conseguiu proferir tal desculpa esfarrapada para que os livros fossem devolvidos, será que apenas J.K. Rowling e George R.R. Martin estão autorizados a chegar nas cabeceiras e mentes dos nossos jovens .

No mais espero mais espaços para que a produção local possa ser apreciada, onde autores como o próprio Fernando Canto assim como o Júlio Miraguaia, Mary Paz e o Elton Tavares dentre os muitos outros possam ser apreciados e respeitados. Onde o conhecimento local chegue a os jovens e a cultura local seja repassada.

Espero que a programação cultural voltada para o publico jovem seja mais que a praça, boate e show do Gustavo Lima e que pessoas mais conceituadas se entreguem ao mercado literário local para que afirmações descabidas, preconceituosas e por que não burras sejam parte do passado.

Em tempo a internet já esta ai para desvirtuar os nossos jovens não joguem a culpa nos livros.

Como diria Paulo Freire “ A leitura é um ato de amor”.

*Marcelo Guido é Jornalista, pai da Lanna e do Bento e maridão da Bia. Ainda não leu “O centauro e as Amazonas”.

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