BALANÇO ANUAL – Crônica de Lorena Queiroz – @LorenaadvLorena

Crônica de Lorena Queiroz

Ao fim de cada ano, geralmente na última semana, faço um balanço dos acontecimentos, de todas as efemérides vividas e passadas ao longo desses 365 dias. Este ano aprendi a aprender. Compreendi que é preciso analisar e aprender com cada sim e não dado pela vida. O resultado de meu aprendizado é que somos eternos aprendizes de nós mesmos, aqueles de poucas certezas e muitas dúvidas. A grande sorte é que uma de minhas poucas certezas é de que não é difícil viver, mas claro, se você tiver algumas armas em seu arsenal; coração leve, coragem e malandragem. Ah, a malandragem, essa característica tão incompreendida pelos que ainda não entenderam as necessidades da vida. A malandragem nos possibilita a arcar com as outras duas armas sem tomar no cu.

Certa vez assisti um vídeo que um velho malandro diz; ‘’ Malandro não é o vagabundo, o periculoso. Malandro é um artista”. E segundo Fernando Candido, o malandro é o indivíduo que vive fora das normas estabelecidas pela sociedade, situando-se entre a ordem e a desordem. E não é assim que todos nós vivemos? Entre a ordem e a desordem de tudo que não conseguimos compreender. Malandragem te faz repousar em águas tranquilas, tal qual o salmo 23. O tal Rei Davi sabia das coisas, ele nunca passaria pelo vale da sombra da morte sem coragem, coração leve e malandragem. Flexibilidade é tudo!

Compreendi ainda que o agradecimento precisa ser um costume diário. Que cada coisa que acontece, seja bom ou ruim, acontece pra que a gente se prepare para os próximos dias que estão por vir. É necessário entender que cada ser humano só entrega o que tem, e que, se alguém não te entrega aquilo que você espera ou acha que merece, não quer dizer que não entregou tudo o que podia. A liberdade de errar e acertar é uma dadiva divina e encontrar a felicidade nos erros fará parte do processo. Tudo que vem e que vai, te ensina alguma coisa e sempre agradeça pelo que veio e pelo o que se foi. Eu agradeço a tudo e a todos que se foram, pois abriram espaço para que semelhantes chegassem. Agradeço cada lágrima e cada risada que me brindaram esse ano. Pois sem elas eu não escutaria Gal cantando Vaca profana com o mesmo significado. Tampouco entenderia o que Belchior tinha razão quando dizia que a noite fria lhe ensinou a amar mais o seu dia, pois na dor se compreende o poder da alegria e que, sim, todos temos coisas novas pra dizer.

Caro leitor, espero que este ano você tenha vivido, mudado de ideia e de ideais inúmeras vezes. Espero que tenha chorado, caído e levantado. Intenciono que tenha acertado e errado por várias e incansáveis vezes. Pois disso é feita a boa vida. Torço para que compreendas que a única coisa que não muda é a eterna mudança, como diz Gilberto Gil em Tempo rei; Tempo rei, transformai as velhas formas do viver. Ensinai-me, ó pai, o que eu ainda não sei”. E por fim, se eu puder lhe dar um conselho, viva com leveza, coragem e malandragem. Divida seu amor e seu pão até com o cão.

*Lorena Queiroz é advogada, amante de literatura, devoradora compulsiva de livros e crítica literária oficial deste site, além disso é escritora, contista e cronista. E, ainda, mãe de duas meninas lindas, prima/irmã amada deste editor.

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