Cadê vocês? – Crônica de Ronaldo Rodrigues

Crônica de Ronaldo Rodrigues

Lembro de um moleque que estudava comigo na terceira série do primário (o que hoje é ensino fundamental). Jogava muita bola, mas não vi seu nome entre os craques que ocuparam os gramados profissionais de futebol.

E a menina que estudou comigo no terceiro ano do segundo grau (o que hoje se chama ensino médio)? Ela dizia que ao ficar adulta seria uma estrela das passarelas. Também não ouvi falar nela, mas isso não quer dizer que não tenha atingido seu intento. Talvez eu estivesse desatento, já que os nomes das estrelas das passarelas nunca me interessaram.

Nunca vi alguém que se destacasse em algum ofício e tivesse sido meu colega na escola. Assim como ninguém da galera da minha rua atingiu o estrelato ou destaque em alguma área. Eles também não apareceram nas páginas policiais como bandidos. Menos mal.

Será que eles têm essa curiosidade sobre mim? Supondo que se lembrem daquele moleque tímido e franzino, de quem faziam zombarias e mesmo partiam para agressões físicas (o que hoje se chama bullying).

Tenho muita curiosidade sobre como estão as pessoas que passaram pela minha vida. Para algumas dessas, que chegaram a ter uma breve convivência comigo, eu gostaria de perguntar por que me descartaram, não quiseram seguir sendo minhas amigas pela adolescência e vida adulta.

Quem sabe seja só saudade do que poderia ter sido, as aventuras que poderíamos ter vivido. Como disse um desses que não quiseram continuar meu amigo, quando me viu depois de o tempo ter passado para nós dois:

– E aí, Ronaldo! O que o destino te reservou?

Pois é! Essa é a pergunta que faço a respeito de todos os que hoje não constam das minhas relações. Talvez o passar dos anos nos leve a pensar nisso: o que aconteceu com cada um? Quais suas profissões? Quem sobreviveu à lida diária? Como a vida se desenrolou depois daquele tempo em que havia um futuro gigantesco e que agora, para o bem ou para o mal, esse futuro é o nosso presente?

Procurei no Facebook e nessas modernas redes onde se pode encontrar de tudo, mas esses personagens da minha existência permanecem na sombra, incógnitos. Talvez não queiram me dar a chance de saber sobre eles. Será que alguém dessa galera que conheci em tempos remotos lembra de mim e tem a mesma curiosidade sobre o que nos tornamos? Será que um dia vou satisfazer essa curiosidade?

Quem sabe encontro alguém um dia. Enquanto isso, vou torcendo para que essas pessoas, mesmo aquelas que demonstravam uma certa violência juvenil, tenham se tornado gente legal, os vários heróis anônimos que estão por aí, educando, salvando vidas e formando cidadãos respeitosos. Tomara!

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