Radiofone hoje no Liverpool

A banda Radiofone se apresentará hoje (10), no Liverpool Rock Bar localizado na Avenida Ernestino Borges, esquina com a Rua São José, centro de Macapá, ás 00hs. O ingresso custará R$5,00.

Com um repertório cover bastante diversificado, a banda agrada e quebrará o tédio deste sábado. Ouvi dizer que a casa também contará com shows de outras bandas convidadas (mas não sei quais).

Infelizmente, não poderei ir, mas indico a opção para aqueles que curtem rock and roll.

Rock e censura?!

                                                            Por Elton Tavares
Quero parabenizar o Coletivo Palafita pelo segundo dia do Festival O Grito do Rock, realizado ontem (6), na Praça da Bandeira, no centro de Macapá. Passei por lá, mas não fiquei muito tempo. Não sei o que causou a mudança do local do evento, que seria no Trapiche Eliezer Levi, como anunciado anteriormente, mas o importante é que tudo rolou direitinho. O palco, som, público, sucesso total.

Talvez o único ponto negativo, foi o fato de uma fotógrafa ter sido impedida de fazer fotos da banda Amaurose. Pelo que sei, várias pessoas subiram ao palco para congelar aqueles momentos do nosso rock, mas a profissional em questão foi barrada, literalmente. Admira-me muito, tomara que uma picuinha destas nunca role comigo, pois o papo é diferente.

Fiquei triste em saber do ocorrido, os nobres organizadores do evento não poderiam impedir um profissional de exercer seu ofício (que seria mais uma forma de divulgação do ótimo trabalho realizado pelo Coletivo). Eu gostaria, sinceramente, de escrever somente sobre os aplausos e não precisar dar puxões de orelha.

Volto a ressaltar o brilho do evento, tomara que fatos como este não se repitam nas próximas realizações do Coletivo Palafita ( grupo que admiro e colaboro como posso). Não sei se fotógrafa é sindicalizada, pois impedir um jornalista de trabalhar pode causar problemas para o próprio Coletivo Palafita, afinal, Rock e censura são termos opostos, ou estou enganado?










A história do rock amapaense – 4ª capítulo

                                        Por Elton Tavares, Igor Reale e Camila Karina

Coletivo Palafita, a galera que movimenta o rock do Amapá – Imagem: Blog do Coletivo Palafita

Não podemos contar a história do rock local sem falar do grupo cultural Coletivo Palafita. Fundado em 2006, os palafitas se lançaram na difícil missão de alavancar o rock local e, com muita competência e força de vontade, conseguiram. O Coletivo firmou uma parceria com o cantor compositor Naldo Maranhão (que na época tinha gravado um CD no estúdio Poliphonic Records, do Otto Ramos, um dos mentores do grupo cultural). O trabalho em equipe resultou, em julho do mesmo ano, na inauguração do Bar Tribal.O Coletivo Palafita por ele mesmo:

“O Coletivo Palafita tem o objetivo de atuar na cena cultural Independente no Amapá e facilitar, em sintonia com outros centros, a articulação de seus produtores e agentes. Nosso foco é a produção, divulgação e distribuição, entre outras atividades da arte e da cultura, mais especificamente aquelas de setores alternativos da música, do audiovisual, da literatura e etc.”

O Bar Tribal agitou as noites amapaenses durante algum tempo e depois fechou, pois a parceria com Naldo não rendeu muito. Mas o local ajudou o público rock a entender a proposta do coletivo. Muita coisa mudou de lá para cá, muitos integrantes saíram do grupo, que ganhou muitos novos colaboradores. O Coletivo Palafita é hoje um dos grupos mais ativos, organizados e respeitados do Circuito Fora do Eixo, que é formados por equipes do Brasil todo.

As bandas independentes sempre caminharam, e como já foi escrito aqui, várias delas ganharam seus louros (à quem de direito, claro), mas é fato que nunca a cena de música independente teve tanta amplitude como agora, que o Coletivo Palafita movimenta, e que movimentação!

O velho Liverpool Rock Bar, que o povo rock´n roll freqüenta, agora quase não tem atrações de bandas covers e sim de bandas com músicas autorais.Alguns órgãos do Estado começaram a olhar, timidamente é verdade, para os talentos musicais tucujús e dar aquela força. Os festivais de música independente de outros estados têm atrações macapaenses na lista e revistas de circulação nacional pintaram por aqui para fazer matéria e tudo mais.

E mais, já ouviu falar do Festival Quebramar e Grito Rock? Já foram cinco festivais, sendo três “O Gritos do Rock” e dois “Festivais Quebramar”. O último Festival Quebramar, que contou com a atração nacional Ratos de Porão, surpreendeu pela força de vontade dos seus organizadores. Sim, o Coletivo Palafita corre atrás mesmo, e isso é louvável. Macapá ainda é um bebezinho no quesito “entretenimento”, mas é impossível negar o impulso quase colossal que o Coletivo Palafita deu para a cena amapaense.

Além de festivais, o Coletivo Palafita promove oficinas de produção musical,circulação de bandas amapaenses, por meio do projeto Toque no Brasil (TNB), Calendário Palafita de Atividades de Formação. Com o incentivo do Programa Mais Educação, do Governo Federal, o grupo também tem membros dando aulas de reforço, caratê e esportes em geral, em escolas da rede pública.

As bandas do Coletivo Palafita que já saíram do Amapá, para fazer shows em outras cidades do Brasil foram: stereovitrola, que se apresentou em Belém(PA) em três oportunidades, no evento Agosto do Rock, em 2006, Festival Serasgum, em 2007 e no bar Café com Arte, no ano passado.

A banda Mattyrium foi a Belém em dois anos consecutivos (2008 e 2009), para o festival de bandas do chamado “white metal”. A Godzilla também foi tocar na capital paraense, no Serasgum 2009. A SPS12 tocou no Acre, em setembro passado, no Festival Varadouro.

Apresentaram-se na “cidade das palmeiras”, como Belém é chamada pelos vizinhos maios apaixonados, o cantor e compositor Roni Moraes (por sinal, muito foda!), banda Relles e Nova Ordem, todos no Fórum Social Mundial (FSM), realizado em janeiro do ano passado.

A Mini Box Lunar é, como eu já contei no capítulo anterior, a banda mais experiente do Coletivo no quesito “estrada”, por assim dizer. Também fez shows na capital paraense, no Serasgum 2008, em Rondônia, no Festival Casarão, O Grito do Rock em Cuiabá (MT), Festival Release Alertnativo e Goiânia Noise, em, é claro, Goiânia (GO), Fórum de Cultura Digital, em São Paulo (SP), São Carlos (SP) e São Caetano (SP) e Uberlandia (MG), tudo em 2009, ufa!

Não é a tôa que a Mini Box é chamada, por alguns insatisfeitos, como “A banda do Coletivo Palafita”, mas eu concordo, tem que sair daqui sim e eles correm atrás disso. Afinal, ninguém consegue reconhecimento sem trabalho, talento e correira.

Em 2010, dentre todos o Coletivos do Circuito Fora do Eixo, o Palafita é o que mais enviará bandas para fora, são elas : Amaurose, que tocará em Campo Grande (MS) em 12-02 e Cuiabá (MT) no dia 14-02; SPS12, Brasília (DF) em 28-02 e Cuiabá, no dia 20-02; Profétika, que se se apresentará em Rio Branco (AC), em 15-02; Nova Ordem, na cidade paraense Abaetetuba, em 12-02; E Fax Modem, que tocará em Belém, no dia 06-02 e Abaetetuba, em 12-02.

Algumas bandas de fora do Coletivo Palafita tembém começaram a se articular. O cantor e compositor amapaense, Alan Yared, lançou, em 2009, a música “Sai fora tio Sam”. A canção, homônima ao single, foi executada nas rádios Cultura de São Paulo (SP) e Cultura de Belém (PA). Em meados dos anos 80, foi um dos precursores do movimento de rock na capital (como já contei no primeiro capítulo). Outra galera que trabalha, ainda de forma desorganizada, é o “Liberdade Ao Rock”. Liberdade ao rock

O “Liberdade Ao Rock” é um movimento, originado em 2008, que visa a democratização de espaço para as bandas amapaenses possam mostrar o seu trabalho. O evento ocorre na Praça da Bandeira (famosa por manifestações políticas e estudantis), no centro de Macapá.

A entrada no movimento é livre. A banda precisa, apenas, freqüentar as reuniões (que ocorrem as quartas feiras, no mesmo local onde ocorre o evento), se inscrever e ajudar, quando puder, com a gasolina para o transporte dos equipamentos.

O evento ocorre no sábado, a partir das 19h. A livre participação de bandas, proporciona, ao público, bons e maus momentos de entretenimento (às vezes o som está uma merda), mas na maioria das vezes, a iniciativa garante bons momentos de diversão gratuita aos amapaenses.

Espaço Aberto

Um grupo de pessoas ligadas a cultural amapaense, como a vocalista e instrumentista Rebecca Braga, organizou, em 2009, o Espaço Aberto (EA). A idéia inicial do EA era de um “espaço livre”, onde todas as formas de arte convergissem para a melhora do (ainda) precário cenário cultural amapaense. A proposta era entretenimento e cultura por um custo mínimo (entrada R$ 1,00 e bebida mais barata que nos outros estabelecimentos).

A iniciativa atraiu outros grupos culturais, como o Coletivo Palafita e, apesar das diversas limitações estruturais do local, o Espaço Aberto se tornou mais uma opção nas noites amapaenses.Não se sabe como o grupo que organizava o EA se dispersou, mas a verdade é que, dos membros originais do projeto, restou somente o dono da residência que o Espaço funciona. O Coletivo Palafita, se tornou responsável pela organização da agenda cultural do Espaço.

Hoje, o Espaço Aberto está com uma proposta bastante diferente da idéia que o originou. No local, o Coletivo Palafita realiza as suas atividades e eventos. O Espaço ainda conta com a participação de outros grupos culturais (como o pessoal do Hip Hop), porém, menos freqüentes. Apesar da nova ideologia comercial do local, o espaço ainda sofre com a falta de estrutura e regularização do estabelecimento.

MTV Macapá

Todos nós, amapaenses, ainda estamos aguardando as ações da MTV Macapá. Alguns mais sedentos afirmam que a emissora não contribui como deveria, não sei, prefiro acreditar que eles estão se organizando e que ainda farão muito pela cena local (tomara).

O Grito do Rock 2010


E ainda virá mais por aí, na próxima sexta (5), o Coletivo Palafita abrirá, na Praça Civica de Santana, a 4ª edição do festival O Grito do Rock. O evento é um movimento simultâneo, onde diversas cidades brasileiras são as sedes, e o Amapá está dentre elas. A novidade desta edição é que o evento será realizado em três cidades do Estado, Macapá, Santana e Mazagão, nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro de 2010.

Outra boa nova é o apoio dado pelas prefeituras das cidades e governo (isso aqui não é jabá, só reconhecimento). É meus amigos, o velho chavão de que “A união faz a força” toma forma, onde todos unidos, no mesmo objetivo, um ideal coletivo movido pelo inconformismo, vontade de fortalecer o rock local e integrá-lo à cena alternativa nacional.


A verdade é que as verdadeiras bandas de rock do Estado se mantêm no underground, onde o equipamento de som pode não ser melhor, mas os músicos não precisam tocar O Rappa mais do que o próprio Rappa, Latino e outros fúteis então, nem pensar. O “problema”, para muitos, é que tais bandas não possuem um repertório só de “covers”, que tanto agrada o público amapaense, que é chegado em um “pop rock” (odeio estas duas palavras juntas). As bandas covers pouco diferem umas das outras, onde o público de tãntãns é o mesmo de todos os “pubs”, “lounges” ou outro nome para bar fresquinho da cidade.


Não esqueçam, o rock é um estilo de vida e não uma diversão burguesa e pretensiosa. Serviu e serve como protesto, o comportamento que não se comporta e a atitude que não se ata. Apesar dos pesares, calipsos e calcinhas, ainda tem gente que gosta de rock em Macapá. O importante é ressaltar que, aos poucos, estamos deixando o isolamento, e temos a oportunidade de mostrar a força amapaense pela célebre arte da música. Tomara que os produtores consigam impulsionar e alavancar o rock. Estilo com melodia, mensagem, idéias, pensamentos e opiniões. Estamos deixando de ser uma “sonífera ilha”.

Aquele papo de que roqueiro é marginal já era. É o mesmo que dizer que só bandido usa tatuagem, coisas de um passado equivocado. As coisas no Amapá mudaram, afinal, cultura é bem de consumo. Precisamos simplesmente de apoio para um estilo com identidade inovadora, livre, inventiva, criativa, anti-convencional e inteligente. E está acontecendo agora e convenhamos, um pouco de cultura e diversão nunca fez mal a ninguém… Viva o rock’n’roll !!!














Rock para a galera

Meus amigos da stereovitrola no Liverpool

Cantam por aí que: “todo mundo espera alguma coisa de um sábado á noite”. Para os que curtem um rock, tem Liverpool Rock Bar, a partir das 23h, com shows das bandas Domínio Elétrico, stereovitrola e Fax Modem. A entrada custará R$ 5 e rezemos para a cerva (latinha R$2,50) estar gelada.

A História do rock amapaense – 3ª capítulo

                                                                                                        Por Elton Tavares

Liverpool, o bar de rock com maior longevidade em Macapá – Foto: Elton Tavares
Chega o novo milênio e a esperança de a cena rock local expandir-se era mínima. É inaugurado o bar Cana café, a banda que tocava no local era a Baron Blue, muito boa, mas cover. Nós íamos, com poucas opções em Macapá, curtíamos o que tinha. No mesmo período, meados de 2001, um programa inovador surgiu na rádio amapaense, o Rock n’ Night do Darlan Costa na Rádio Antena 1. A programação, de 20h à meia-noite, tocava de tudo, até rock amapaense.

O programa, que durou até 2008, foi o responsável da única gravação das músicas autorais de Little Big (da qual falei no capítulo anterior), em 2002, pouco antes do fim da banda. Por lá também passaram as bandas locais Death Not, B-612, Amatribo, Charlotte e Gás 11.

Na primeira metade dos anos 2000, surgiram ótimas bandas covers como The Malk (minha preferida), com uma proposta anos 80. A Malk tocava no bar Botecno Café, no bairro do Trem, um lugarzinho muito legal. Lá também tocava a Mazikin, que revezava com a Malk. Nesta época surgiu a Madame Buttefly, do baterista Beah (figura folclórica do underground local) estilo Glam Rock, mas cadê a tal cena? Aquela iniciada com a Little Big?

O Mosaico reabre, mas não é mais o mesmo, pois está elitizado, diferente do antigo bar de grande representação do movimento na cidade. A banda Casa Nova grava, mas era uma coisa de resgate dos anos 70 e não o que queríamos ouvir e ver e, na mesma linha “pop-atual-mpa-disco”.

A coisa começou com força mesmo em 2004. Não estávamos a fim de curtir a micareta das férias de julho daquele ano. Eu, Lorena, Gabriela, Guga e Arley (batera da The Malk) e Rebecca (na época vocal da Yellon Box) inventamos, na Praça Floriano Peixoto, o Lago do Rock. Lá formou-se um point rock, iniciou com as bandas como The Malk, Pierrot e Yellon Box. O espaço era aberto, democrático para quem quisesse tocar.

Foi quando uma, então banda nova, após tocar ótimos covers, tocou uma música de sua autoria, que foi muito bem aceita. Tratava-se da stereovitrola, aí começa a trajetória da, para alguns (como eu), melhor banda do rock nativo.

stereovitrola

A formação original da stereo era Almir (AJ) no vocal e guitarra, Patrick (ex Little Big) na guitarra e composições, Marinho no baixo e Rubens na bateria. Depois entro o Matrix no Samplers, Loops e efeitos, apelidados carinhosamente de “ligas sonoras”. O AJ saiu (depois conto essa história) e entrou o Anderson na guitarra e o Patrick assumiu os vocais. Anderson saiu e entrou o tecladista Otto. No ano passado (2009), o Anderson retornou, formando o sexteto atual. Os caras são simplesmente fantásticos!

A banda lançou, em 2006, o seu primeiro CD, com cinco faixas próprias e intitulado “Cada molécula de um ser”. No mesmo ano, o disco foi eleito o 6° melhor single independente do Brasil pela Revista Senhor F, de Brasília (DF), e 6º colocado na categoria independente pela Revista Dynamite. A stereo, influenciada pelas bandas Pink Floyd, Mutantes, Interpol, Joy Division, Belle and e Sebastian e Júpter Maçã, lançou ano passado o CD “No Espaço Líquido”, com 10 músicas próprias, que caíram no gosto popular.

A banda conseguiu sintetizar talento, força de vontade, ótimos músicos, déias criativas e um toque de eletrônico. Conquistou o público Amapaense com composições intimistas, um trabalho espetacular devido às condições da realidade local. Já fizeram alguns shows em Belém (PA). Me atrevo a dizer que a única coisa que falta para a stereo é viajar mais, quando eles estiverem prontos para conquistar o país, bastará o Brasil parar para ouvi-los.

Conforme o vocalista e compositor da stereovitrola, Patrick Oliveira, a banda surgiu como resposta ao marasmo musical de Macapá e tem como característica rock alternativo, independente e experimental. Possui composições próprias, com letras que valorizam o cotidiano e comportamentos individuais e coletivos.

Voltando a 2004, bem no finalzinho, Inaugura o Liverpool Rock Bar, um dos celeiros do underground amapaense. O Liver, como o chamo, é o bar de rock mais duradouro da história de Macapá. Todas as grandes bandas tocaram neste lugar: The Malk, Stereovitrola, Pierrot, Tio Zé, Templários, Slot, etc… Um lugar alternativo, freqüentado por amigos, amantes de música, um verdadeiro reduto.

Existiram lugares importantes ao longo dos anos do Rock Tucujú: Mosaico, Bar Lokau (meu e do Edmar, onde a Little tocou algumas vezes), Bar Woodstock, Bar da Praça Floriano, Botechno Café, Galpão 213, mas nenhum tão duradouro quanto o Liverpool, que fechou várias vezes, mas sempre volta com força total.Só o fato de existir um lugar destes, em uma terra tomada pelo brega, já é um fato heróico.

Entre estas, destaco cinco bandas, Mini-Box Lunar, a banda mais ativa do Coletivo Palafita (grupo cultural, de quem falarei no próximo capítulo). A Mini Box já participou de alguns festivais dentro e fora do Amapá, é a mais experiente no quesito “estrada”. A Sangria, que infelizmente acabou, era uma referência do punk tucujú, faziam um som sujo, mas de muita qualidade. Eles faziam shows viscerais de punk politizado e com conteúdo.

Após o lançamento do CD autoral da stereo, várias bandas produziram material próprio no Estado, como Sangria, Sps12, Samsaramaya, Marttyrium, Templários, Bauzabouth, 12 Wolts, Arma de Fogo, Palheta Perdida (de longe, a pior de todas), Amatribo, Corleones, Amaurose, Godzilla,Dezoito/21,Novos e Usados, Mini-Box Lunar, Inadimplentes, Fax modem, AlterEgo e Nova Ordem. Algumas destas possuem muito mais atitude do que talento, porém, só o tempo dirá se esta atitude é o que nos faltou no passado.

Não gosto muito de Metal e Hardcore, mas as bandas Sps12, de HC, e Amaurose, de metal, tem o meu respeito. Já critiquei muito, mas aprendi que eles são muito bons no que propõem a fazer. A caçula das que se destacam é a Godzilla, uma banda visceral, com um público fiel, talvez a segunda em popularidade no Estado. A Godzilla é muito foda, em minha opinião, ela e stereovitrola são as melhores daqui.

Godzilla

A Godzilla foi formada em 2007, tem como integrantes Raoni Holanda vocal e composições, Wendril Araújo na guitarra, Sandra Borges no contrabaixo e Magrão na bateria. São influenciados por The Pixies, The Doors, David Bowie, Nirvana, R.E.M, The Beatles, PJ Harvey, Rolling Stones, Nick Cave, Donnie Darko, White Stripes, The Stooges, Black Sabbath, Los Hermanos, Nine Inch Nails, The Liars, The Strokes, Shellac, stereovitrola, Mick Ronson, Sepultura, The Libertines, Sonic Youth, Queens Of The Stone Age.

A banda é diferente de todas as outras do cenário independente da cidade de Macapá. As performances do vocalista e Raoní são, no mínimo, criativas. Os Godzillas lançaram, no ano passado, um single com cinco músicas. As canções fazem sucesso, a platéia canta junto com a banda, o que é muito firme!

Continua……



A História do rock amapaense – 2ª capítulo

                                                                                                  Por Elton Tavares

Antônio Malária, da Little Big, a banda mais popular dos anos 90
A segunda geração do rock Amapaense foi formada por músicos de garagem, no início dos anos 90, que faziam festinhas que denominamos, na época, “piseiros”. Bandas como Primos do Brau (Braulino), Little Big, Drop’s Heroína, Delta de Vênus, Pulso zero, Conexão Melão, Silver Boys, Agression (primeira banda de metal do Estado) e Slot, preferida de dez entre dez metaleiros da época. Tinha também a banda punk do Eron, mas era tão ruim que não vale a pena comentar.

As bandas tinham espaços específicos e só se encontravam em um evento anual: “O Dia Mundial do Rock”, no dia 13 de julho. O evento é produzido, até hoje, pelo Bio, famoso articulador do rock amapaense. Estes piseiros revelaram ótimas bandas como Charlotte, B-612 e Herdeiros, que tinham composições próprias.

Alguns eventos foram marcantes naquela época, verdadeiros divisores de águas, que mudaram a cena rock no Estado. Foram eles: O Festival de bandas de garagem, que aconteceu em Dezembro de 1996; O Projeto Escadaria, que revelou as bandas: Franzinos, Kids, Epitaph, Equinócio e o Festival Jovem da Canção (FEJOCA), que premiou a banda Dezoito/21.

Este último, onde foram trabalhadas composições próprias, coroou o roquinho simples e sincero, de boa qualidade. Após estes eventos, houve um retorno à cultura do “cover”, sempre voltando ao ponto de partida, como se tal musicalidade andasse em círculos. Claro que apareceu muita gente boa, como The End e Fire Of Guns.

Daí que surgiu o Mosaico, uma casa com muito bem estruturada com uma proposta pura e simples, o rock. Lá tocavam Primos do Brau (Braulino), Little Big e Drop’s Heroína. Era um espaço democrático, para quem quisesse tocar, mesmo a Pulso Zero, que fazia covers de bandas nacionais, embalando as sextas feiras do público chegado, com destque para o guitarrista Ito. Há o Mosaico, era um espaço alternativo onde banda e platéia interagiam em uma relação calorosa, peculiar e única. Quem foi nunca esquecerá aquelas noites.

A banda Primos do Brau era formada por Guido, que viajou para o Natal (RN) e foi substituído pelo Elder Melo, Adriano Joaci, Adroaldo Jr. e Túlio, e tocava basicamente indie rock e covers de qualidade. Não teve longa trajetória, durando pouco mais de um ano. O motivo foi a ida de Guido para o Nordeste, afinal, era uma banda de amigos.

Já a Drop’s Heroína surgiu do desejo das, então adolescentes, Rebecca Braga e Aline Castro em formar uma banda diferente, com uma proposta de agressividade teenage. Logo se juntaram a Lenilda e Sabrina. A formação mudou várias vezes, Sabrina deu lugar a Cristiane no contra-baixo, Suellen no teclado, e a ultima formação contou com Débora nos vocais e Dauci no baixo.

A Drop´s não resistiu a saída de Rebecca Braga, que por sua vez seguiu carreira solo. A Drop’s nunca trabalhou com composições próprias, mas foi um marco no rock amapaense, pois lutou contra o preconceito, já que era uma banda formada apenas por mulheres, nada convencional no Amapá. Fizeram música e história, inspiraram outras meninas e escreveram uma página do nosso rock.

Little Big
Da segunda metade idos dos anos 90 até meados de 2003, uma banda agitava o rock and roll em Macapá, a Little Big. Sua primeira formação foi Antônio Malária no vocal, Ronaldo Macarrão, Tibúrcio na guitarra e Zico na bateria. Todos skatistas. A banda quase acaba com a saída de Tibúrcio, Patrick Oliveira (hoje na stereovitrola) assumiu este posto de forma brilhante. Houve um rodízio na cozinha da Little, mas quem emplacou mesmo foi o Mário.

A Little foi a banda de garagem mais duradoura e badalada daquela época (onde a Little tocava, era casa cheia). Eles tocavam o punk, indie, hardcore e manguebeat. Chegaram a desenvolver um som próprio, com composições do Antônio Malária, um flerte com o Batuque e Marabaixo, misturado ao rock.

A banda ganhou força com a percussão nervosa de Guiga e Marlon Bulhosa. Inspirados, chegaram ao topo do underground amapaense com as canções “Baseados em si”, “São Jose”, “Beira mar” e “Lamento do Rio”. Música amapaense, um dos meus trechos preferidos era: “Eu sou do Norte, por isso camarada, não vem forte”. Seria a tão esperada explosão do rock tucujú? Que nada.

A banda embalou festas marcantes do nosso rock, teve seus anos de sucesso pelas quadras de escolas, praças, pista de skate, bares e residências de Macapá. Um rock em estado bruto, sem muitos recursos tecnológicos ou pedaleiras sofisticadas. Aqueles caras agitavam qualquer festa, quem foi ao Mosaico, African Bar, Expofeiras, Bar Lokau, festas no Trem Desportivo Clube e Sede dos Escoteiros sabe que do que falo.

Vários fatores deram fim a Little Big, como desentendimentos internos e intervenção familiar. Eu, apesar de ser amigo dos caras nunca soube o motivo real. Eles ão estouraram porque não tiraram os pés da garagem, ficou um gostinho de quero mais, deixando uma legião de órfãos que gostavam de seu talento, irreverência, performances de palco do Antônio, do carisma do Ronaldo e do talento de do instrumentista Patrick.

A Little Big tocava, como a maioria, por prazer e diversão em uma época que nós íamos para o “piseiro” e era só isso que importava naquele momento. Voltando ao antigo Mosaico, o bar fechou e o rock ficou cativo de festas particulares, feiras agropecuárias e Halloweens, sempre com aquela sensação de que tínhamos talentos na cidade. Nenhum freqüentador esquecerá.

A Little, Drop’s e Primos do Brau foram as principais bandas do circuito. Era uma geração ótima, porém, o que os caras faziam era por diversão e apesar do talento, não tinham iniciativa (nem apoio) para começar a compor e  agitar a cena autoral.

Continua….

A história do rock amapaense – 1ª Capítulo

                                                                                                                 Por Elton Tavares

Muitas bandas, dos anos 80, tocaram no bar Lennon, no centro de Macapá – Foto cedida por Camila Karina
Hoje podemos afirmar que o Amapá tem uma “cena rock”. Vou falar um pouco da trajetória e dos pioneiros deste estilo musical neste lado do Brasil.
Os Cometas foram a primeira banda a fazer rock no Amapá, tocando Beatles e outros covers nos anos 60. Mas a primeira onda da sonzeira local aconteceu nos anos 80. O movimento começou a ter mais adeptos em nosso Estado quando alguns jovens músicos resolveram fazer algo diferente.
Surgiram, nessa época, as bandas Misantropia e Prisioneiros do Lar, com alma e estilo próprios. Foram iniciativas que nasceram da necessidade de extravasar a arte que rola no sangue de todo músico, somada à vontade de expor suas idéias, sentimentos e pensamentos, seja por pura diversão ou protesto.
A Prisioneiros do Lar era formada por Black, Jony, Guri e Jessi. Eles tocavam apenas covers. Era uma banda de atitude e muita energia, canalizada através de seu vocalista Black (grande amigo meu, que hoje mora no Pará), performático e estiloso.
A Misantropia contava com Beto Oscar, Helder Cardoso, Emerson Melo e Josafá. Uma banda muito mais politizada e que chegou a fazer algumas músicas próprias, com letras tipo: “Morte aos negros, morte aos brancos, morte a todos os seres humanos/ queimem as armas e desarmem as bombas, morte para todos que nos assombram/ o próprio ser se odeia”. Os temas continuam atuais: era a essência rock, música de protesto, tudo seguindo a linha oitentista.
Nesta mesma época também surgiram as bandas Ura e Anonimato, ambas sem grande trajetória. Dois nomes seguiram em carreira solo, Alan Yared, da Ura e Black, do Prisioneiros do Lar. A Misantropia deu origem à banda de maior expressão daquela época, Raízes Aéreas, que chegou com músicas próprias, talento e atitude – todos os elementos para o sucesso!
Logo, a Raízes Aéreas caiu no gosto popular, pois tinham elementos da musica regional e do rock. Contava com nomes como compositor Naldo Maranhão e o percussionista Helder do Espírito Santo. Eles gravaram um disco que fez muito sucesso. Surgiu a banda Flor de Laranjeira, do antigo vocal da Ura, Alan Yared. Os outros componentes eram Aldo Gatinho, Karla Monteles, Alexandre e Nena.
Nesta época se tocava em todo lugar disponível, desde praças, escolas, bailes, barzinhos e festas particulares. O melhor lugar era o próximo. A galera só se queria tocar, não importava onde. Suas influências eram o forte rock nacional daqueles anos.
Tanto a Raízes quanto a Flor de Laranjeira deixaram de ser bandas de rock and roll e foram para o lado regional, para o movimento onde surgiram nomes como Osmar Jr, Amadeu Cavalcante e Zé Miguel. Suas composições fizeram uma cena de música regional muito forte, até os dias de hoje.
Continua…..

Músico amapaense realiza sonho na outra ponta do Brasil

                                                                                            Por Elton Tavares

Sandro Malk (com o detalhe na camiseta) e a Bardot em Coma – Foto: Jamy Gurjão.
A The Malk é uma banda amapaense que toca covers em seus shows, mas se quisesse, teria grandes possibilidades de fazer som próprio, mas não quer, as atividades profissionais e interesses de seus integrantes são outros.

Por conta disso, o compositor, músico e cantor Sandro Malk alçou vôos para o Sul do país, mais precisamente Curitiba (PR), onde formou, com três curitibanos, a banda “Bardot em Coma”. Sandro escreveu algumas canções na época que cantava na The Malk, mas elas só saíram do baú lá por aquelas bandas. Ele conta esta pequena história aqui.

Qual o seu nome completo?

Sandro Costa dos Santos ou seria nome artístico? Aí já sabes que é o tal de Sandro Malk (rs).

Onde e quando você nasceu?

Macapá, nascido em 28/02/1984. Queria ter nascido antes pra ter pego os anos 80, mas ok. Fica pra próxima.

Influências musicais e com quantos anos começou a tocar e cantar:

Minhas influências musicais mais presentes são: The Smiths, o culpado, ainda quando criança, vi um vinil com um soldado na capa (“Meat is murder”) e a partir dali eu começava uma busca que me fez entrar no mundo do rock e não sair até hoje, em suma, a história é essa. The Cure, Ride, My Bloody Valentine, Suede, Teenage Fanclub e U2. Gosto de ouvir bandas novas também, claro. Mas se tratando de influência, fico com a velharia mesmo.

Comecei a tocar com 14 anos na escolinha do Sesc. Eu tinha aulas de violão naquele tempo e a minha idéia era aprender pra tocar as músicas das bandas que haviam me influenciado e pra pleitear (pareço político) uma vaga na banda do Arley, pois quando eu era criança, eu ouvia por casa que ele tinha uma banda e aquilo me fascinava. Então durante muito tempo naquele período eu alimentava a idéia de formar uma banda com ele e com os amigos dele. Coisa que acabou acontecendo anos mais tarde.

O canto veio junto e espontaneamente. Simplesmente percebi que dava pra tocar e cantar ao mesmo tempo (rs). Mas o que é interessante é que desde o 1º momento em que consegui passar de um acorde para o outro, ainda que mediocremente fosse, eu já tentava compor. A coisa de fazer música era mais interessante pra mim desde sempre.

Quando você resolveu ir em busca do sonho no Sul do Brasil?

O Nilson Montoril escreveu algumas canções, mas o projeto de música autoral da The Malk não foi em frente, mas tínhamos ótimas linhas de músicas, o Arley é um baterista criativo e o Adriano (Bago) nem se fala. Não sei, ou não lembro, onde nos desviamos do caminho. Na verdade, acho que por ser uma banda de covers, e com isso, tínhamos de tirar novas músicas sempre, acabava sobrando pouco tempo para as nossas canções.

Resolvi tentar o Sul por saber que ter a música como uma coisa séria, como trabalho, já é complicado por si só. E trabalhar a música em Macapá, viver de música fazendo rock, é mais complicado ainda, pois são outros nichos musicais que dominam a cena local e regional. Podemos perceber isso com a StereoVitrola, os meninos têm um trabalho legal, tocam bem e td, mas chega uma hora (deve chegar) que você quer atingir um público maior com o seu trabalho mas não consegue porque estamos longe de onde o tipo de som que fazemos acontece.

É difícil até pra se deslocar, pois o país é imenso e por conta do destino (ou dos portos em épocas colonias e outras querelas) estamos no extremo oposto de onde essas coisas acontecem. Daí resolvi tentar o Sul que tem uma cena independente bem interessante. Mas foi uma decisão difícil e que foi tomada gradativamente. Eu gostaria muito que esse tipo de trabalho fosse possível hoje na minha cidade. As pessoas não deveriam ter de sair do lugar em que os seus estão. Mas acredito que daqui alguns anos as coisas mudarão.

Qual a proposta da “Bardot em coma”?

Bom, The Malk mais do que uma banda pra mim, foi uma escola. E mais do que uma escola, era uma reunião de amigos. O projeto foi idealizado pelo Alexandre Lima em 2001/2002 nos corredores da Faculdade Seama. Havia uma feira de informática na faculdade e ele surgiu com a idéia de tocarmos apenas no encerramento da feira. Acabou que a banda foi formada de um jeito bastante despretencioso, para uma única apresentação, e durou uns 5 anos.

Na verdade, ela continua ativa. Então a contagem continua também. Digo que The Malk foi uma escola porque tudo o que sou no palco (me refiro a confiança, postura e coisas que só se aprende no palco) eu aprendi nestes anos. E bom, bardot em coma tem uma história recente. Ela começa quando eu organizo algumas das minhas composições e começo a procurar integrantes para formar uma banda.

Após algum tempo, conheço Allan Grégor (baterista). Foi um cara que renovou as energias para continuar a busca. Não era nada fácil encontrar músicos dispostos a apostar num trabalho autoral. E os que eu encontrava já estavam envolvidos em outros projetos. Algum tempo depois, conhecemos Henrique Ribeiro, guitarrista que se emocionou ao conhecer a proposta do grupo. E em seguida aparece Aline Ribeiro, baixista de técnica apurada, hoje se formando em Produção Sonora, por sinal.

Surgia assim em outubro de 2008 a banda bardot em coma, com a proposta de fazer um som repleto de poesia, lindas melodias e o peso dos drives imortais!Após 6 meses dessa união, lançamos o EP “Deslocado”, contendo 5 faixas, entre elas a faixa título.

Hoje estamos tocando pela cidade e ao mesmo tempo estamos de olho nos festivais. E temos nosso MySpace: myspace.com/bardotemcoma, que está com mais de quatro mil acessos em menos de 2 meses de divulgação. A banda já se apresentou em programas de TV por aqui também.

Matéria publicada no blog da revista nacional de rock Dinamyte Online (http://dynamite.terra.com.br/blog/zapnroll/) no dia 23/12/2009.