O SORRISO DA LUA
o dia
bateu a porta
na minha cara
e a noite
rosnou para mim…
quando pensei
que não me restava
mais nada,
veio a lua
e me sorriu
na madrugada
Pat Andrade
O SORRISO DA LUA
o dia
bateu a porta
na minha cara
e a noite
rosnou para mim…
quando pensei
que não me restava
mais nada,
veio a lua
e me sorriu
na madrugada
Pat Andrade
Soneto da ilusão
Cortejo as linhas fúteis do teu corpo
Que outrora foram minhas por direito
Fuligens de um orvalho tortuoso
Migalhas desse amor que tens no peito.
Servi-me das descrenças que são tuas
Fui frio entre sóis de primavera
Deixei minhas verdades todas nuas
Tombei-me ante a dor que degenera.
E hoje lembro inócuo e reticente
O dia em que jurei não mais querer-te
O dia em que entreguei-me à solidão.
Não pude te esquecer eternamente
Por mais que eu jurei não pertencer-te
O fiz sem perguntar meu coração.
Bruno Muniz
NOME DE MÃE
Nome sublime que irradia o viver.
Da prole que tende lhe enaltecer.
Por toda a vida, ao reconhecer.
A grande missão que tem este ser.
Nome que é canção de alívio
Como música suave ao ouvido.
Propaga-se além do infinito.
Consolo dos filhos aflitos.
Nome que protege e consola,
Que disciplina, que ensina.
Procura mediar a formação,
Nos trilhos da educação.
Nome que retata noites mal dormidas
Pensando sempre em proteção.
Embora em todo momento da vida
Tenha mostrado boa direção .
Nome que assume as madrugadas
À Deus suplicando com fervor.
Suas bênçãos àos seus queridos
Criados com tanto amor.
Seja rica ou pobre
É mulher! É humana! É nobre!
Independente de religião ou cor.
Seu nome tem excelso valor.
Nome de mãe, rainha do lar
Nome que traduz a arte de amar.
Flores, corações e lindas mensagens!
Recebam mamães esta homenagem.
Maria Aurea Santos
ECLIPSE MATERNAL
Entro em você, mãe, não para que seu calor me
Aqueça, para que eu lhe aqueça.
Não para que você me proteja com seu abraço,
Mas para que a lembrança dos seus braços,
Receba os meus abraços
Entro em você, mãe, não para que eu volte
Ao lugar onde muitas vezes estive,
Mas para que sua consciência cósmica receba
Minhas vibrações íntimas, como um beijo.
Entro em você, mãe para que entre nós se
Fortaleça a criação que se iniciou quando você de
De mim engravidou, e estará consigo quando eu, mãe,
For também.
Entro em você, mãe, para que mesmo dormindo
Nunca perca de vista esta distância que só se faz
Crescer entre nós
Mas dentro do seu desenho, no interior do seu
Interior, recomeço.
Recomeço sempre, embebida nas suas lembranças,
Carrego comigo todos os algos de você que nunca
Saíram de mim, dentro da sua figura desenhada.
(Para quem nos olha)
A figura é a minha, aninhada, terna,
Cicatrizada nas pupilas do tempo.
Louvo a distância que me fez reconhecê-la
Aqui na superfície fria deste chão.
Luiz Jorge Ferreira
(*) MÃE EM UMA FOTO
Recebi de um amigo a foto (uma garotinha, órfã de guerra, desenhou um corpo de mulher representando sua mãe, a giz, no chão do pátio do lugar onde se abrigava. E nele entrou e se deitou, tendo o cuidado de deixar de fora do esboço traçado no chão, os chinelos, como fazem os asiáticos, em forma de respeito, ao adentrar o solo sagrado do lar). Daí o poema.
O grupo AGIR Produções Artísticas, idealizado por Allan Gomes e Ingrid Ranna vem apresentando desde o começo do ano o Sarau de “Janeiro a Dezembro” em diferentes bairros da cidade com o intuito de difundir, despertar e valorizar a arte local, vivenciando “um ano” repleto de poesias, histórias, encontros e celebração. O IBES-Instituto do Bem Estar Social foi criado por Sandra Maria com o intuito de atender crianças da região com arte e educação. A programação do sarau contará com a participação especial dos artistas locais: David, com voz e violão; Ori e Oscar com poesias e Vinícius com artes visuais.
Artistas que queiram mostrar sua arte, aqueles quer só querem prestigiar, pessoas que nunca viram uma apresentação artística, são todos bem vindos!
Serviço:
Data: 11 de maio (sábado)
Horário: 11h
Local: Avenida Maria Cavalcante de Azevedo Picanço, Nº 1630 – Infraero II
Colaboração: Pague quanto puder
Informações: 99101-7831 (AGIR Produções Artísticas)
@agirproducoesartisticas
No Tribunal
meus crimes:
amar amores,
chorar dores
ignorar tristeza
elogiar beleza
gritar alegria
respeitar ironia
sonhar de noite
dormir de dia
meu júri:
a indiferença,
a ignorância,
a hipocrisia.
minha pena:
a da poesia.
Pat Andrade
Infinitamente aqui ao lado
Não quero mais os campos molhados das lagrimas do orvalho.
Quero os meus pirralhos fazendo algazarra, e colhendo no horizonte os amanhãs.
Não quero a mesma cantilena dos Quero Queros, quero compor uma melodia com Beethoven, e chama-lá de infinita, e por uma letra do Ferreira Gullar, e para arrematar um codinome Beija-flor.
Ninguém compreende a essência do mar, só os cães.
Eles conseguem ficar uma vida inteira deitados olhando o mar.
Mesmo que neles vivam várias gerações de pulgas, eles docemente com seus olhares distantes percorrem cada onda como uma prece.
Os cães pretos são os que mais perambulam, de horizonte a horizonte, desde feto a ancião, se arrastando, seguidos por seus latidos, caçando o mar em cada gota de lágrima, destas que o orvalho derruba sobre os campos.
Onde estou,sou um enterrado anônimo, olhando espelhos, telas de TV, ouvindo sinônimos, antônimos, e verbos intransitivos diretos, arrastando comigo uma folha de papel, e duas canetas Bic Porosas, , criando prosas e versos,nesse instante tenho a alma absolutamente calada.
Por Deus!
Nem latir, eu sei!
Luiz Jorge Ferreira
* Do livro de Poemas “Nunca mais vou sair de mim sem levar as Asas” – Rumo Editorial – São Paulo.
TECER AMOR
para tecer
esse amor
quero linha
transparente
como a alegria,
indomável
como paixão,
de uma cor
não existente
e que cintile
na escuridão.
quero uma agulha
brilhante
como a estrela
Vega distante,
como teu olhar
na manhã;
feita de um
aço forjado
pelas mãos
de Iansã.
Pat Andrade
Cura
para curar
algumas dores,
sugiro flores.
mas, se o caso
é de melancolia,
experimente
poesia…
Pat Andrade
BLUB BLUES
ele faz peixes incríveis.
olhei bem para vê-los melhor.
linhas cuidadosas, finas, sinuosas…
traços e riscados,
infinitos, refinados…
liquefeitas formas e cores…
desconstrução, grafismo.
bela aquarela
fina harmonia
penso nos peixes dançando.
penso em acordes.
penso em melodias.
é isso…
seus peixes
são como música
para os meus olhos.
Pat Andrade
ZEPELINS IMAGINÁRIOS
I
O meu sonho?
Ah! Ele segue o trilho
de coloridos zepelins imaginários
que zanzam capengas rumo ao fim do mundo
(ele é embarcadiço
em naus portuguesas
que navegam desnorteadas
em busca de aleatórias índias acidentais)
II
O meu sonho?
Ah! Ele espreita
janelas adormecidas
a tatear ilusões em covas-rasas de anfibologias
(ele é delicado
como frágeis lepidópteros
a esvoaçar em meu quintal de sombras)
III
Ah, o meu sonho?
É rio que corre aperiódico
sobre enfadonhos mares fenecidos
(engole vidas e anseios
aparta alfobres de girassóis
e cobreja em calvários e vales da morte
até soçobrar entorpecido
na plataforma de embarque
de minhas incertezas)
Marven Junius Franklin.
O TEMPO
O tempo ainda chega
e traz com ele a descrença
própria dos detestáveis fins de tarde
(estampa de marasmo a face distorcida da velha dançarina).
O tempo quando atua
muda a paisagem das matas e vielas
desgasta a carcaça de automóveis nas oficinas mecânicas
(assenta suas garras de ciclope e transforma
em tardes gris a primavera).
Ah, o tempo quando se instala!
Distorce as fotografias dos casarões da Cidade Velha
e morre bocejando em frente ao Solar da Beira
(…) Oh, o tempo!
É testemunha ocular de meu rumo incerto em busca do céu!
Marven Junius Franklin.
ANOTADO COM GIZ DE CERA
Eu amo os dogs
Os percevejos
Os fundos das gavetas
As crises de espirros
Os muros derrubados
Os Janeiros com decorações de Natal.
O resto de Brigadeiro na colher de pau.
O vento batendo portas, sem visitas noturnas.
Uma colher com resto de água refletindo a lua.
A foto de amigos, reunidos, sem o peso dos anos das décadas.
Uma camisa velha.
Um chinelo puído.
O rádio sem ruído.
E a rua em silêncio as altas horas.
Eu mesmo satisfeito comigo.
O que é raro.
Eu mesmo sonolento na missa…o que faço.
E o luar vazando pela fresta espaçosa da terceira telha.
E a vida ali na cabeceira.
Eternamente começando…por
‘ amanhã ‘.
Luiz Jorge Ferreira
*Poema do livro “Nunca mais vou sair de mim, sem levar as Asas”.Rumo Editorial – São Paulo – 2019
EM NOITE DE LUA CHEIA
Vamos namorar na praça, meu bem,
aproveitando este luar que se derrama sobre a cidade.
Abraçados contaremos histórias do espaço sideral
e embarcaremos numa nave brilhante
que nos espera no centro da praça.
Trocaremos juras de amor entre as estrelas
E lá do alto veremos a Terra
como um imenso bolo confeitado com anelina azul-ternura.
Vamos namorar na praça, meu bem,
e embarcar na nave brilhante
que pousará na Lua
onde com um lápis mágico faremos um desenho.
Já pensou, meu bem, na surpresa dos astronautas
quando virem na lua um coração com nossos nomes dentro?
(Alcinéa Cavalcante)