Das boas surpresas que o fluir traz – Crônica de Telma Miranda – @telmamiranda

Crônica de Telma Miranda

Não lutar contra a própria natureza e a dos outros é o melhor que podemos fazer. Não significa que devemos estacionar na zona de conforto. Jamais! Isso nem saudável é, mas fazer cobranças exacerbadas, querer ir além e além e além, competir consigo mesmo e ser seu próprio algoz não nos torna nem melhores e nem super-heróis, então o segredo é, em primeiro lugar, conhecer a si mesmo.

Quando nós nos conhecemos de verdade, sabemos nossos potenciais, limites, fraquezas, e assim podemos estabelecer metas factíveis e caminhar (ou correr!) até elas, e até mesmo nos superar a cada dia.

Quando mais nova, 84 anos atrás, eu achava que deveria fazer tudo logo, avocava responsabilidades alheias, achava que poderia dar conta de tudo e quando não dava me sentia o retrato do fracasso, a personificação da incompetência, uma total incapaz. Não que isso tenha mudado muito, pois continuo workaholic confessa, mas aprendi com o tempo a pegar mais leve comigo mesma e a me perdoar.

Ao contrário de querer morrer como antes, hoje eu paro, penso em toda cadeia de acontecimentos, verifico o que dependia de mim e o que não dependia, mas principalmente, o que a situação está querendo me ensinar. Claro que esse processo não foi do dia pra noite e sofri muito até aprender que não preciso dar conta de tudo, não sou infalível, que preciso saber esperar o tempo das pessoas e dos processos.

Essa forma de pensar me ajuda diariamente a levar uma vida mais leve. Continuo a maria-das-listas, anoto tudo, avalio minha produtividade, desempenho, mas mesmo que a minha linda cabeça não pare um minuto sequer e não esvazie, sigo me impondo momentos meus, de ócio, pra pensar e falar bobagem, relaxar e me permitir exercer o egoísmo.

O mais engraçado disso tudo é que agora, anciã e em processo de transformar as experiências em sabedoria para futuramente achar minha caverna e com meu cajado oferecer conselhos, consigo enxergar nitidamente que as coisas acontecem como tem que acontecer, que as pessoas são como são e que cabe unicamente a mim extrair o melhor das minhas vivências, e exercendo este “aceite” diário o viver flui e acredite, me surpreende todos os dias. Tente!

* Telma Miranda é advogada, fã de literatura, música e amiga deste editor.

  • Q legal Telminha, gosto de ler o seus textos, são legais e dão chego de realidade, parabéns pra Vc e continue nos mandando ok!

  • Muito bom, poxa sinto a mesma coisa, me jogo as vezes o certo outros errados, o egoísmo as vezes faz parte de algumas situações.
    Por isso muitas palavras faz parte mim também.

  • Parabéns mais uma vez amiga! Pelo Belo texto de um processo de reflexão que maioria se vê neste contexto.

  • Novamente, parabéns por mais um texto brilhante. Faço coro com os comentaristas que me aconteceram para me ver refletido em alguma dessas tuas constatações, como o trabalho em excesso, tentando atingir a perfeição (que nunca se atinge), sem conseguir dizer não. Mas, de outro modo, também tento me acalmar e não entrar mais em discussões para saber quem tá certo ou errado, poupando o meu tempo e minha saúde mental. Valeu Telma.

  • Nossa! Como me vi aí em todo processo de autoconhecimento, o que não é fácil, a maturidade nos fa parar, refletir e agir por nós.
    Obrigada pelo texto

  • Muito boa leitura o texto retrata muito sobre mim também, agente que abraço o mundo para resolver as coisas e tentar muda-las, parabéns Telma continue nos proporcionando essas coisas.

  • “Ao contrário de querer morrer como antes, hoje eu paro, penso em toda cadeia de acontecimentos, verifico o que dependia de mim e o que não dependia, mas principalmente, o que a situação está querendo me ensinar”.

    Lacrou😍

  • Adoro tuas crônicas são marcantes e reflexivas. Agora com os meus 82 posso entender esse processo de aprender diariamente.
    De viver cada dia. E que cada um tem o seu viver. As etapas da vida pertencem a cada ser. Todos passaremos pelo que devemos passar. Só partiremos quando nossa hora chegar, enquanto isso estamos diariamente vivendo e aprendendo. Saudades minha querida Telinha. Beijos no coração ❤️

  • No texto vejo um descrever de uma vida de fazes bem vividas, eu sempre defendo isso, aproveitar cada fazer da vida e viver e vivê-las intensamente.
    Quando mais jovens devemos nos cobrar, buscar, exagerar na dose, aproveitar o vigor físico, a capacidade de superação, o tempo que temos para recuperar; Porem quando chegamos a uma idade mais madura, medimos a força, nós cobramos menos, até porque a experiência nos proporciona avançado com qualidade e menos esforço físico e com mais calma.

  • Telma, escreve muito bem e sabe dar significado a cada frase e isso faz a gente mergulhar e se entregar nesses textos que ela escreve. Parabéns por mais está obra e espero de coração que tudo isso vire um livro, assim poderemos ter em mãos essas frases envolventes desta linda e incrível mulher.

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