Discos que formaram meu caráter: Achtung Baby (1991) – U2 (30 anos do álbum) – Por Marcelo Guido

Por Marcelo Guido

Muito bem “sementinhas do mal”, lá vamos nós para mais uma etapa da nossa jornada musical. Vendo nada mais que belos discos, músicas inesquecíveis e momentos agradáveis. Iremos “descascar” mais uma bela bolacha do saudoso ano de “91”, não canso de lembrar vocês sobre a importância musical de 1991 (podem ler os outros textos), quando a natureza convergiu-se em inspiração e presenteou nós meros mortais com uma excelente safra de discos (mais fresco logo).

Sem mais delongas eu lhes apresento “Achtung Baby”. Sétimo disco (estúdio) do U2.

Antes de qualquer coisa, quero lembrar que não vou ficar naquele papinho deveras escroto de “Ah, o Bono vai salvar o mundo”, “Ele ama as criancinhas da África”, “Melhor banda do mundo”, esse papinho enche meu saco. Até porque todos sabem que a melhor banda são os Ramones (ahahaah). Vamos lá.

Os anos 80 tinham terminado e o U2 já estava consagrado mundialmente, discos como “Boy” (1980), “War” (1983) e principalmente “The Joshua Tree” (1987) já tinham feito isso pelos caras. Então oque fazer, quais forças para continuar, já se tem tudo o que se pode ter. No meio de tudo isso Bono magistralmente dá um susto em toda sua horda de fãs “Temos que partir – e voltar a sonhar tudo outra vez.” (1989). De quanto tempo seria a espera?

Aí chega “1991” e eles não iriam ficar de fora da festa. Com um título realmente simples, acredito que chega até ser tolo, retirado de filme. Os caras conseguem se reinventar e marcar um verdadeiro golaço.

Se antes eles eram os caras que representavam toda a fúria, agora vieram com uma proposta totalmente diferente. Deixando de lado toda aquela “Sisudez”, mudaram toda sua direção musical, incorporando elementos do Rock Alternativo, Música Industrial e porque não da famigerada Dance Music. Sim caros amigos eles voltaram mais obscuros, porém bem mais introspectivos, sim amigos era o U2 para as massas.

Eram tempos novos, “The Fly” (alter ego de Bono), estava de óculos escuros andando de limousine com fome ele queria conquistar o mundo.

A nova proposta chegou a chocar muitos puristas, que se acostumaram com a imagem revolucionária da banda. Mas logo ao ouvir os primeiros acordes de “Zoo Station” chegaram a conclusão que realmente aquilo valia muito a pena. Vamos deixar de onda e ir para faixas.

O disco começa a todo vapor com “Zoo Station” que teve o título inspirada em uma estação de metrô de Berlin, alguns acreditam que existem referências a “The Kids from The Zoo Station” (livro de Cristiane F, os fodas sabem quem é), vai para “Even Better Than The Real Thing” uma singela brincadeira com um slogan da “Coca-Cola”, extasia todos com “One”, uma das mais belas canções já executadas, fala de relacionamentos, fala de amor (uma de minhas músicas preferidas no vinil).

Depois chega em “Until The End Of The World”, simplesmente Judas conversando com Jesus, deixando aberta a qualquer um sua interpretação. Em “Who`s  Gonna Ride Your Wild Horses” uma força do Bono para o The Edge que passava por divórcio naqueles tempos. Já “So Cruel” fala como não a crença no amor verdadeiro, ou o desespero do parceiro para que o relacionamento não acabe. Tem também “The Fly”, magnífica parodia do rock star que eles queriam ser. A marcante “Mysterious Ways” o lado feminino de envolver um homem. Segue com “Tryn`To Throw Your Arms Around The World”, uma homenagem a um bar frequentado pela banda, quando os caras estavam nos EUA (nada mais justo, bar é bar). Por sua vez, “Ultra Violet (Light My Way) traz muitas metáforas românticas. Em “Acrobat” rola uma temática extremamente religiosa, como se você pudesse resolver todo caos que existe em sua vida. E termina tudo em “Love is Blindness” depressiva , algo como uma visão incorreta do amor. Na boa é ou não um PUTA DE UM DISCO FODA ??.

Fica redundante falar que esse verdadeiro míssil de emoções bombásticas vendeu mais de 18 milhões de cópias e foi premiado pra caralho. Clássico de primeira ordem.

Sim os caras, não perderam tempo e entraram relevantes nos anos 90, horas com uma bela bolacha dessas não seria diferente.

Hoje, há 30 anos e alguns meses após o lançamento dessa obra prima, ela  ainda consegue arrancar suspiros desse coração tosco e gorduroso que vós escreve.

Esse disco é grande, belo e foda, se você se mete a entender de Rock tenha esse em sua coleção. E não ligue para os papos furados do Paul Hewson. Se reinventar e continuar relevante é para poucos. Bem vindo aos anos 90.

*Marcelo Guido é jornalista, pai da Lanna Guido e do Bento Guido e maridão da Bia.

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